Passei pela catraca, apresentei meu ingresso e entrei na fila. Uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito vezes e, por mais que eu me esforçasse, não conseguia abrir os olhos em nenhum dos loops. Não, definitivamente, nascer de novo não seria uma solução. Abatida, desisti da nona fila e fui embora.
Alguns passos depois de atravessar o portão de saída, olhei para trás e me dei conta de que ainda era cedo e que, obcecada por enfrentar os meus medos, esqueci de brincar, esqueci dos brinquedos.



Escrito pela Alê Félix
20, junho, 2005
Compartilhe

Estou de repouso há alguns dias. Nada de trabalhar, nada de sólidos, nada de sair saracoteando por aí, nada de dirigir, nada de nada. Tenho que ficar quieta no meu canto até a semana que vem. Um tédio que mais se parece com uma amostra grátis do fim da terceira idade e está me fazendo pensar seriamente na idéia de passar a velhice em um convento (de preferência um sem jumenta), mas essa é outra história que outra hora eu conto. Por enquanto, vou dividir com vocês o que esta “fase de nada” me trouxe de bom. Olhem que belezura de letra. Eu já estava me sentindo uma morta-viva, até que o Kazaa me trouxe um pouco de alegria. Depois eu coloco as outras maravilhas.
As Moças do Calendário
Mastruz com Leite
Composição: Mastruz com Leite
Eu ficava imaginando
Me balançando na rede
E olhando na parede as moças do calendário
Eu tinha uns 14 anos
Nos calendários da Shell
E todo dia eu me casava
Na mão era a lua-de-mel
(Refrão)
Eu era feliz e já sabia
Eu só não sabia que passava
A felicidade com os dias
Das folhas do calendário que eu arrancava
Me trancava no banheiro
Era uns banhos demorados
Minha cara só de espinhas, saía desconfiado
E a filha da vizinha que eu traçava em pensamento
Na verdade era as galinhas
E a jumenta do convento
(Refrão)
“E todo dia eu me casava. Na mão era a lua-de-mel” não é lindo? Amor platônico da pior qualidade. Eles deviam ter botado o nome da bichinha de “Melô do cinco contra um”. Grande erro. Teria estourado de fazer sucesso.



Escrito pela Alê Félix
14, junho, 2005
Compartilhe

Hoje, domingo, dia de 12 de Junho, às 15h00, o Rubens (autor do jogo Prazer em Conhecer – Editora Gênese) e o Marco Aurélio (co-autor do livro Balde de Gelo – Editora Gênese) participarão do programa Entre Amigos na AllTV. Assista e ligue aqui na editora para comprar os títulos – (11) 3875-2662.



Escrito pela Alê Félix
12, junho, 2005
Compartilhe

Encontrei isso em um caderno velho (1992 ou 1993, acho.). Fiz de tudo pra lembrar o momento que eu estava vivendo porque essas frases me pareceram tristes e eu achei que devia estar muito triste para escrevê-las. Mas não lembrei, não lembrei de jeito nenhum. E fiquei me perguntando se algum dia eu vou sentir as coisas diferentes do que sempre senti.
Eu sou a velha no portão esperando o tempo acabar…
Sou o catador de lixo agradecendo as migalhas e recolhendo os restos.
Eu sou a louca cansada de se debater.
E fecho os olhos para a loucura, para as sobras e para o tempo.
E não acaba.
E não quero.
E não sou.
Sou a criança que esqueceu a infância no banco da praça e nunca mais voltou para procurar.
Sou a adolescente que rasga as roupas para pedir um abraço.
E parece que não existe nada depois da adolescência.
E o pedido do abraço nunca saiu da minha boca.
E o tempo terminou de rasgar minhas roupas.
Eu sou a inconseqüente da história.
Sou a esposa que prepara todos os dias o jantar para o marido que morreu.
Sou a esposa que o espera no portão quando bate as dezenove horas.
Sou a esposa em frente à televisão.
Eu sou a esposa.
Me sinto como a namorada se aprontando para a festa que foi cancelada.
Me sinto como a namorada traída pela melhor amiga.
Me sinto como a namorada bêbada confessando seus pecados para o namorado perfeito.
Eu nunca fui uma boa namorada.
E às vezes acaba.
E às vezes eu quero.
E às vezes eu sou.
Eu sou a vilã da história.
Me vejo como vejo um homem chorando.
Me vejo como vejo uma mulher mentindo para Deus no confessionário.
Me vejo como vejo as crianças gritando quando se machucam.
E sinto as dores dos homens, das mulheres, das crianças.
E nunca pára de doer.
E misturo todas essas minhas dores no silêncio do meu peito.
E me contaram que existe um jeito de transformá-las em girassóis-da-rússia, castelos de areia ou em céu pintado de outono.
Mas que jeito pode ser esse, se eu sou coadjuvante na minha própria história?
Eu sou a velha no portão olhando para o vazio do mundo que lhe restou.
Eu sou a velha no portão lacrimejando a saudade da vida que passou.
Eu sou a velha no portão…
E não acaba.
E não quero que acabe.
E os meus dedos parecem sempre entrelaçar os fins.
E eu ainda nem desembrulhei a vida do pacote que me deram.
E me contaram que ela veio sem rima, sem ritmo e que toda hora desafina.
Tantos pedaços dentro de uma história tão curta que eu talvez esqueça que ainda sou só uma menina.



Escrito pela Alê Félix
11, junho, 2005
Compartilhe

A Daniela Macedo, co-autora do livro Balde de Gelo, está procurando personagens para uma matéria sobre mulheres que namoram homens mais velhos. Ela precisa entrevistar a mulher, o namorado e o pai dela. O pai e o namorado devem ter mais de 50 anos. Quem conhecer um trio com essas características, deixe um comentário aqui ou mande um email para danielamacedo@hotmail.com
Vai sair na Revista Veja e tem que topar sair na foto. A matéria é bacana, astral bom. Não precisa ter medo.



Escrito pela Alê Félix
31, maio, 2005
Compartilhe

– Uau! Que noite…
– Dormiu mal?
– Hum? Não… imagina. Tive um sonho erótico da melhor qualidade… E com o Casagrande… Dá pra acreditar?
– O jogador??
– É! O corintiano… Que coisa que é aquele menino. Nunca tinha reparado… Quem diria?
– Eeei, acorda! Foi um sonho. Eu estou aqui!
– Bobagem mozinho… Vai ter ciúme de sonho?
– …
– E que sonho! E que noite! Salve o corinthians…
– É… deve ter sido uma noite e tanto mesmo. Uma noite “Ripa na chulipa e pimba na gorduchinha”!
– Estraga prazeres…



Escrito pela Alê Félix
31, maio, 2005
Compartilhe

Voltei. Ou acho que voltei. Voltando devagarzinho porque pra ser sincera não ando com vontade nem de falar. De qualquer forma, voltando bem, isso é que importa. Quieta, sem muitas vontades, mas fisicamente bem. Às vezes a gente acha que pode não voltar. Acha, assim, meio sem querer achar. Eu tinha fé que voltaria, mas as primeiras vezes são sempre mais intensas então… Sabe como é, né? Não, não sabe porque eu não contei e nem sei se tô disposta a papear sobre isso. Enfim, se não vou contar, vou parar de embaçar com esse papo porque isso parece coisa de quem quer contar, mas tá com viadagem. Creiam, é o caso. Voltei viada e covarde. Mais covarde do que já era e um pouco viada porque eu andava precisando ser, um tiquinho que fosse, qualquer outra coisa além do bicho esquisito que eu estava me tornando.
Onde eu estava não dava pra ler os comentários do post abaixo, mas maridon leu todos por telefone e eu queria dizer que: eu morri de rir com o comentário deixado pela Gabi e fiquei me perguntando como diabos ninguém nunca tinha feito um comentário tão sensato sobre as bobagens sem pé nem cabeça que eu escrevo por aqui, que eu adivinhei que o comentário do Bicu era dele antes que maridon dissesse e que isso me deu aquela sensação gostosa de conhecer bem o amigo-embratel que esse peste virou na minha vida (amo você de paixão!), que, se a semana não tivesse sido tão maluca, eu agora estaria de passeio com essa Menina (meus pais estão adorando Manaus, voltam semana que vem). E diria para a Fabi não se iludir porque eu arrasto o tempo para decidir qualquer coisa e quando decido me arrependo e quando não me arrependo deixo sempre um pedaço de mim no que podia ter sido, diria para o Raael que saber que há alguém para se descobrir é sempre um bom motivo pra voltar (por mais previsíveis que sejam as pessoas, por mais que eu tenha me tornado tão arrogante e intolerante a elas. Eu quero mudar isso. Quem sabe daqui pra frente fique mais fácil. Eu não era assim, não vou morrer assim.), para “a” ou “o” Sfafast que eu estou sarando e desejo o mesmo para “ela” ou “ele”, para a Virgínia que, às vezes, a gente dá graças a deus de não ter como voltar a trás, para a Izza que é uma delícia ouvir alguém ser tão clara, para a Maitê que ela também me fez segurar a barriga pra risada não doer tanto, para o Romenique que o convite já foi, para a Catia que os vícios são sempre amores não correspondidos, para o Fellipe que o nome do blog é de lascar (adorei!), para o João que esse tipo de comentário (mesmo que eu não saiba de onde ele vem) me faz sentir uma farsa (espero que isso passe, esse tipo de sentimento não faz bem às mulheres), para a minha querida Flá Onaga que assim que eu voltar a sentir vontade de conversar ligo pra ela, para a Cami que, o que deu, eu ainda não sei direito como contar, mas que agradeço a força, o carinho e a passagem por aqui de pessoas como você, a Alexandra, a LadyCat, a Mariana, o Bruno, a Deh, a Sidélia e a Maldita Honey. Agradeço a visita de médico de vocês e daqueles que, mesmo sem comentar, pensaram positivamente sobre o que eu deixaria ou tinha que fazer dessa minha vida. Gracias.



Escrito pela Alê Félix
25, maio, 2005
Compartilhe

Eu volto. Vou ali tomar uma decisão difícil e já volto.



Escrito pela Alê Félix
18, maio, 2005
Compartilhe