Um dos grandes amores da minha vida acabou quando minha intuição me contou, baixinho, que o movimento estudantil dava um bom lucro para aquela garotada que dizia querer mudar o mundo.
Um dos grandes amores da minha vida acabou quando eu percebi que o movimento estudantil não passava de uma escolinha de retórica que educava companheiros e, nem sempre, amigos.
Um dos grandes amores da minha vida acabou quando eu descobri que prestar serviços para órgãos governamentais e partidos políticos acabava sempre em calote, chá de cadeira de até seis meses para receber, ou cadeia.
Um dos grandes amores da minha vida acabou quando eu descobri que o nosso processo eleitoral é uma grande piada (Eu queria linkar a piada a um post que eu escrevi no dia que eu descobri que não votar e não justificar, não significa nada, não dá em nada, não pega nada. Mas, não sei porque diabos, o post desapareceu. A verdade é que, a não ser que você queira um cargo público, você não é obrigado a votar. A obrigatoriedade do voto é uma ameaça besta disfarçada de bicho papão.)
Um dos grandes amores da minha vida acabou quando parei de ouvir as vozes que me faziam jurar não crescer de forma alienada.
Um dos grandes amores da minha vida acabou quando eu fechei os jornais, ignorei o noticiário e parei de levar a vida tão a sério.
Um dos grandes amores da minha vida acabou quando eu percebi que é da natureza humana se dar bem as custas dos outros e que é necessário dizer não todo santo dia para não se corromper, se vender por miséria.
Um dos grandes amores da minha vida acabou quando as flores que mais encheram meus olhos de esperança, se desmancharam em dinheiro público.
Um dos grandes amores da minha vida acabou quando eu deixei de acreditar nas palavras e passei a prestar atenção nos olhares.
Um dos grandes amores da minha vida acabou quando me recusei a pintar meu rosto de verde e amarelo.
Um dos grandes amores da minha vida, talvez um dos primeiros, aconteceu quando eu era garotinha… Aconteceu enquanto eu observava meu avô e pai discutindo energicamente sobre os efeitos que aquele amor causava na vida dos Homens.
Um dos grandes amores da minha vida começou a morrer há uns doze, treze anos. Mas eu achava que ele tinha morrido, definitivamente, quando deixei de comparecer às urnas, dei uma banana para as justificativas e fui dormir para sonhar com os discursos simples do meu avô que achava que era anarquista.
Uma das minhas grandes paixões era política e foi ela que me ensinou, quando morreu dentro de mim, a rir dos caminhos que escolhemos para nos distrair da vida, enquanto esperamos pela morte.
Mujer Que Camina
Alejandro Filio
Composição: Desconhecido
No conforme con tus ojos
Te propongo menos cielo, más abrazo
Hace tiempo que te sueño
Y ya no se como explicárselo a estas manos
Que se rompe en el espacio
Cuando pasas simplemente caminando
Cuánta estrella llevas puesta en la silueta
Que me sigue deslumbrando
No es la noche ni el café
lo que me obliga a caminar por esta casa
Esta maldita incomprensión
Que no despega de tu cuerpo la mirada
Sigues siendo irremediable
Imprescindible para todo lo que estalla
Como luna irrepetible
Como viento entre las ramas
Mujer para el sol de mañana
Mujer hasta el borde del alba
Mujer que te pierdo y encuentro
Mujer para afuera, mujer para adentro
Mujer desafiando a los astros
Mujer que camina sin rastro
Mujer que me abrazas el alma
Mujer que me robas…
Mujer que me robas la calma
De tu boca tengo el sueño
Cada noche, cada luna solitaria
De tu pecho el medio sol al horizonte
Que se pierde, que se escapa
Sigo siendo para el fuego y el dolor
Para el miedo y el olvido
No me pidas que defina un corazón
Desatándote el vestido
Medo da Chuva
Raul Seixas
Composição: Raul Seixas
É pena
Que você pense que eu sou
seu escravo
Dizendo que eu sou seu marido
E não posso partir
Como as pedras imóveis na praia
Eu fico ao teu lado sem saber
Dos amores que a vida me trouxe
E não pude viver
Eu perdi o meu medo
Meu medo, meu medo da chuva
Pois a chuva voltando pra terra
Traz coisas do ar
Aprendi o segredo
O segredo, o segredo da vida
Vendo as pedras que choram
sozinhas no mesmo lugar
E não posso entender
Tanta gente aceitando a mentira
De que os sonhos desfazem
Aquilo que o padre falou
Porque quando eu jurei
Meu amor eu traí a mim mesmo
Hoje eu sei que ninguém nesse mundo
É feliz tendo amado uma vez
Uma vez
Eu perdi o meu medo
Meu medo, meu medo da chuva
Pois a chuva voltando pra terra
Traz coisas do ar
Aprendi o segredo
O segredo, o segredo da vida
Vendo as pedras que choram
sozinhas no mesmo lugar
Vendo as pedras que choram
sozinhas no mesmo lugar
Vendo as pedras que sonham
sozinhas no mesmo lugar
Tai, o homem sábio devia declarar o seu amor como o Djavan e pedir desculpa como o Nando Reis.
Por Onde Andei
Nando Reis
Composição: Nando Reis
Desculpe estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei errado e eu entendo
As suas queixas tão justificáveis
E a falta que eu fiz nessa semana
Coisas que pareceriam óbvias até pr’uma criança
Por onde andei enquanto você me procurava
Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava
Amor eu sinto a sua falta
E a falta é a morte da esperança
Como um dia que roubaram seu carro
Deixou uma lembrança
Que a vida é mesmo coisa muito frágil
Uma bobagem uma irrelevância
Diante da eternidade do amor de quem se ama
Por onde andei enquanto você me procurava
E o que eu te dei foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei algumas roupas penduradas
Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava
Amor eu sinto a sua falta
E a falta é a morte da esperança
Como um dia que roubaram seu carro
Deixou uma lembrança
Que a vida é mesmo coisa muito frágil
Uma bobagem uma irrelevância
Diante da eternidade do amor de quem se ama
Por onde andei enquanto você me procurava
E o que eu te dei foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei algumas roupas penduradas
Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava
Por onde andei enquanto você me procurava
E o que eu te dei foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei algumas roupas penduradas
Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava
Vez em quando eu me afundo ouvindo tudo de uma figura só. Encanei com Djavan há alguns meses e ando cantarolando encantada com as letras que sairam daquele menino.
Todo homem devia ouvir Djavan, todo homem devia gostar do jogo da sedução, homem nenhum devia deixar de ser insistente. Porque faz parte da natureza do homem conquistar, porque faz parte da natureza da mulher estender a conquista e porque do jeito que estamos jogando perdemos o que há de mais sensual nos romances.
Se
Djavan
Composição: Djavan
Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você diz que vive pensando em mim
Pode ser
Se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se…
Eu levo a sério mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá, não quer meu calor
São Jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não.
Se não fosse o maridon me puxando a orelha pra eu andar na linha, acho que eu já teria entrado para o mundo do crime. Desculpem o mau exemplo crianças, mas tenho que confessar que acho essas histórias incríveis.
– Você o quê??
– O nariz da “Milagrosa” é o seu nariz, oras! Qual o problema?
– Eu não acredito que você usou uma parte do meu rosto nesse desenho pornográfico feito para rótulo de bebida levanta defunto!
– Não é um desenho pornográfico.
– Não, não é não! Olha a boca de chupar ovo dessa, dessa…
– Critica, mas não esculhamba a “Milagrosa”! A boca nem foi inspirada em você. Se quiser reclamar de alguma coisa reclama do nariz. A boca não! A boca é da Lurdinha.
– Anh??
– É… Boca da Lurdinha, seu nariz, olhos da Juju, cabelo da Yara, pernas da…
– Ex-namoradas… Todas ex-namoradas! Peraê… Você namorou a Yara??
– Ergh… Mais ou menos… A gente só ficou.
– Espera aí, espera aí… Eu te apresentei a Yara! Não vai me dizer que…?
– Juro que não foi naquela época!
– Foi quando então??
– Depois, bem depois…
– E por que ela nunca me disse nada?
– Eu sei lá! Vocês mulheres são muito esquisitas. Ela pediu pra não contar, achou que estragaria a amizade entre vocês, e…
– Chega! Eu não quero ouvir. Você é doente. Não tinha nada que meter meu nariz nessa história! O que você tem na cabeça? A base de catuaba ainda por cima… Eu devia te processar, sabia? Uso indevido de imagem.
– Mas foi só o nariz!
– Aí de você se fosse outra coisa! Se bem que nos últimos anos eu engordei tanto que viver da glória do passado não seria nada mau… Só o nariz mesmo… Não que eu nunca tenha tido um corpo parecido com este, mas… Deus do céu eu preciso voltar com algum tipo de regime. Só sobrou o nariz e… Mesmo assim isso é uma ofensa! Olha essa senhora… Você é biruta! Ai! Ai de você se tivesse desenhado mais de mim nesse esboço de boneca inflável para bebum fracassado!
– …
– Que foi? Que cara é essa? Não me diga que tem mais de mim nisso daqui?
– No desenho da Milagrosa não, mas sabe como é, né? Eu tenho que buscar inspiração em algum lugar e…
– E o quê? Fala logo!
– E uma das meninas do “Poderoso” tem alguns traços que podem parecer familiares e…
– Deixa eu ver essa garrafa!
– …
– Eu não acredito! Você desenhou o seu rosto no cara do desenho!
– Só um pouco mais magro e com um pouquinho mais de cabelo…
– Pouquinho!? Toma vergonha! Ok, pra mim chega. Vejo você no tribunal.
– Deixa de frescura. Você não é disso. Além do mais, com que argumento?
– Com o argumento de que você está fazendo propaganda enganosa desenhando suas ex-namoradas com a cara e… A cara e sabe lá deus o quê, que elas tinham quinze anos atrás. Isso que dá ficar amiga de ex! Ex bom é, realmente, ex morto. Quando não colocam os defeitos da gente na banca para os amigos, colocam nas prateleiras dos supermercados!
– O que você está fazendo? Para de apontar este celular pra mim…
– Celular e câmera fotográfica, seu bestalhão. Prepare-se para ver o seu retrato na internet junto com uma recomendação de todas as suas ex-namoradas!

– Chorou?? Como assim?
– Ué, chorou! Chorou, chorando.
– Do nada?
– Do nada.
– Uma choradeira ou um chorinho?
– Qual deles?
– Como assim “qual deles”?
– Esse é o segundo que chora.
– Dois caras? Mentira!
– Tô falando pra você… O negócio tá feio. O cara do mês passado chorou só um pouquinho. Uma ou duas lágrimas. Eu vi uma delas, mas acho que a segunda lágrima rolou antes de eu perceber que havia algo errado. Já o cara de ontem não teve como esconder, foi uma choradeira que Deus me livre!
– E o que você fez?
– Fingi que não vi a segunda lágrima do primeiro e inventei uma dor de barriga para o segundo. Fui embora.
– Ah, pára!
– Sério.
– Sem dizer nada? Não perguntou porque eles choraram?
– Eu, não! Vou perguntar o quê? “Ei, acabamos de transar! Tá chorando por que, queridinho?” Eu não! Deus me livre.
– Mas foi logo depois do cutuco?
– Logo depois do auge do cutuco!
– Credo!
– Nem me fala.
– Mas que diabos será que você anda fazendo com esses caras pra eles chorarem no final?
– Eu?? Eu não tenho nada com isso! Só tive o azar de sair com dois caras esquisitos. Só isso.
– Será que foram casos isolados ou tem uma porção de caras chorando depois que transam? Sim, porque pode ser um problema de geração. Já pensou nisso? Qual a idade deles?
– Um tem vinte nove e o outro trinta e dois. Por que?
– Tô falando! Batata! Caso típico de insegurança oitentiana.
– Anh?
– É… Esses caras de trinta anos são muito frágeis. Culpa das mães da década de oitenta. Elas protegeram demais os garotos e, hoje em dia, ou eles se acham a última bolacha do pacote, ou são meio inseguros, dependentes. Basta ver a quantidade deles que anda perdido por aí sem nunca ter saído da barra da saia da mãe… Eles não conseguem casar, ter filhos, não conseguem se comprometer. E aí o que acontece? Acabam chorando depois do cutuco e depois de todo tipo de situação que fica fora do controle deles. É o que dá crescer sendo o filhinho da mamãe. Não é regra, mas…
– Deus do céu, Alê! Você tá cada dia pior. Eu aqui pensando em me benzer e você querendo fazer um estudo comportamental de uma geração com a minha situação! Era o que me faltava…
– Que mané estudo comportamental! Não fala bobagem. O que eu faço é só observar, julgar e condenar. Só isso.
– Esqueceu de dizer que você executa no final.
– Não faço isso.
– Sei que não faz. Mas, pensando bem sobre esse lance de observar, você podia perguntar isso pra mulherada que lê seu blog, né? Podia perguntar se é só comigo que acontece essas paradas ou se os caras andam chorando por aí e a gente não sabe por falta de comunicação.
– E desde quando meu blog virou prestação de serviço?
– Custa!?
– Tá bom, tá bom…
– Aproveita e pede para os meninos dizerem se já choraram também.
– Você acha que eles são bestas de dizer que já choraram?
– Diz pra responderem com outro nome, criatura!
– Enquete anônima?
– É, ué.
– Hum… E eu posso dizer que foi você que pediu pra perguntar?
– Claro que não, né!
– Hum… sei. Então tá.