Da janela aqui de casa… Sempre um pote de ouro numa ponta e uma nuvem carregada na outra. As vezes a vista é tranquila, as vezes é de uma varrida alegria, na maior parte do tempo é silêncio. Da janela aqui de casa… Eu tenho te lembrado, nos chorado, me arrependido de tanta, tanta merda que fiz que não dá pra acreditar que tenho sobrevivido.
Pra piorar, também não consigo mais acreditar no invisível, sabe? Faz tempo que não dá mais… Mesmo quando fecho os olhos, não dá. Lá no céu, pode até parecer passe de mágica, posso até lembrar da época que eu sentia existir algum tipo de salvação nessa mistura de colorido, mas agora… Agora não dá mais. Quando é que isso vai passar? Quando é que vai parar de chover pra valer? Quando você voltar… Quando você voltar… E quem é que realmente volta? Faz muito frio, mesmo quando há sol. Os ventos estão cada vez mais fortes, mesmo quando não me sinto frágil. Tem luz, tem horizonte, tem até um pouco de magia de vez em quando… Mas meu olhar esta preso do lado de dentro da janela… Meu olhar, minha alma e vinte e um álbuns de fotografias…
Perdi o medo de dirigir a noite… Descobri que silêncio de estrada e estrela na calçada me carregam sempre de mãos dadas. Um assopra meus machucados e a outra me vela feito vela no meio da minha escuridão. E me ensinam novos caminhos, acalmam esse meu coração, me arrastam delicadamente pra mais um dia de boa sorte… Contanto que eu não invente de ficar parada pra sempre no acostamento. Não há nada pra temermos nessa vida não… Pode ser um caminho bonito, mesmo quando a gente acredita que é possível enxergar…
Vele feito velas no meu céu, me leva feito vela quando escuro, vela pra me guiar até o sol. Não faço mais questão de saber, ver, nem quero mais enlouquecer… Prometo não mais sentir tanto medo de sentir.
Chegou ontem aos cinemas brasileiros o filme “Não tenha medo do escuro”. Estrelado por Katie Holmes, Guy Pearce e pela atriz-mirim Bailee Madison, é dirigido por Troy Nixey e produzido pelo grande Guillermo Del Toro, que traz para as telas uma história de muito suspense, que vai te manter colado na poltrona.
A garota Sally Hurst (Bailee Madison) é levada para morar com seu pai Alex (Guy Pearce) e sua nova namorada Kim (Katie Holmes). Nesta nova residência, um casarão do século XIX, a menina encontra criaturas que a perseguem na escuridão. O trailer dá uma amostrinha do que vem por aí. Programa imperdível para os fãs de filmes de terror.
E você ainda pode comprar seu ingresso online e escapar das filas: http://www.ingresso.com.br
Pode parecer sonho, pode parecer fácil, mas toda essa liberdade também dói. Dói demais o primeiro salto. Mesmo quando a natureza fala mais alto e a sua voz atravessa o peito dizendo que asas foram feitas para descobrir o céu e não para rastejar sobre a terra, mesmo assim, dói. Pode parecer leve, pode parecer que a vista sempre valerá a pena, mas você não faz ideia do quanto é difícil acreditar na força do corpo, na proteção do tempo, na sorte do vento, no futuro quando se vive de desprendimentos…
De onde você está, pode parecer bonito me ver de braços abertos, saltando e sobrevoando, respirando do azul que a maioria de nós mal enxerga. Mas você não faz ideia da vontade que às vezes eu sinto de voltar, permanecer e parar de ver o mundo somente daqui.
A imensidão engole tanto quanto qualquer outro tipo de pressão, a solidão bate em qualquer coração… Seja ele humano com suas oitenta batidas por minuto ou entre as duas mil de um beija-flor. No final das contas, o céu é só mais uma casa sem paredes e a liberdade é só mais uma dose. E dói… Dói pra valer ter que aprender a sobreviver no tempo que o tempo quiser fazer. Não tem lareira sobre as nuvens nos dias frios, nunca mais terá o seu abraço. Dói a certeza de que mesmo ao lado de um bom bando, voar não é possível de mãos dadas. Dói saber que eu sou daqui, você é dai e o máximo que experimentaremos juntos é saudade e um ou outro instante de janela aberta pra eu te dar um beijo e partir…
Do dia que nascemos até um pouco depois da primeira década das nossas vidas, aprendemos que a felicidade costuma acontecer dentro das nossas casas, junto com nossos brinquedos e fantasias sobre o mundo que se descortina.
Um pouco depois dessa fase, acreditamos que ela tende a aparecer quando estamos com nossos amigos, nos intervalos dos nossos poucos compromissos e isso tende a durar bons e bons anos, se tivermos sorte.
Mais alguns anos e a caça por instantes de felicidade segue pelas ruas, pelos mares, entre os lençóis a procura de alguém que seja tão legal quanto nossos amigos e tão importante quanto nossa família.
O tempo vai passando e continuamos buscando aqui e ali sempre pela metade, como se não bastasse, como se nada durasse. Até que nos sentimos prontos! Preparados para encontrá-la entre as crianças que serão nossas e certamente trarão algum sentido, afinal.
Mas o tempo vai passando e percebemos que trocamos o playground pelas festas, as festas pela cama, a cama pelos contratos, os contratos pelo vazio. E o que era brinquedo vira utilidade pra casinha, a família deixa de ser fantasia, os amigos vem e vão, os amores nos confundem tanto quanto nos completam e descobrimos que os filhos não são nossos, mas do mundo… assim como nós, desatando nós, sempre sós, movidos a ilusão, paixão, finais em vão e uma vaga lembrança de que espalhamos alguns sorrisos entre os vãos. E só.
Ontem ouvi essa música em três lugares diferentes e me senti completamente dentro da letra. Agora vi um pedaço do clipe, feito em 1975, e é como se eu estivesse dentro desse avião o tempo todo, como se a Rita fosse a minha própria voz. Só não entendo qual foi a dela de enfiar a frase “agora só falta você” numa letra como essa, sabe?
Quando a gente diz e sente de verdade coisas como “No ar que respiro… Eu sinto prazer… De ser quem eu sou, de estar onde estou” pode até nos faltar alguns bons amigos, uma ou outra paixão, o próximo avião, mas não cabe dizer que falta alguém que já passou e te fazia se sentir numa vida vulgar. Não cabe…
Sabe? Um belo dia resolvi mudar e fazer tudo o que eu realmente queria fzer. E me libertei de muitas escolhas vulgares. Escolhas que a gente escolhe por reflexo, condicionamento, por padrão, convenção, medo, acomodação ou qualquer outra desculpa que nos liberte da responsabilidade sobre a nossa própria felicidade. E eu juro… Quando a gente sente o nosso peito e a nossa vida cheios desse tipo de liberdade, não falta.
Desde 2006 o toco “Vai ver se eu tô no Google!” é um dos meus preferidos em festinha sem graça ou pra encerrar papo de paquera ruim, com rapazes que conseguiam extrair do meu caráter o máximo da minha arrogância. Os amigos riam, minhas amigas já estavam achando a piada velha, até que o conceito foi transformado em cartão de visitas por um rapaz que se divertia com as minhas velhas histórias e sabia como potencializar o que ainda me restava de bom caratismo.
Eu, que nunca tinha usado cartão de visita na vida, estreei o presente naquela palestra que dei no Ibmec e vi o cartão fazer o maior sucesso. Foi divertido ver uma brincadeira virar uma arriscada apresentação profissional e pessoal. Sim, arriscada, pois se eu fizer besteira na vida, sabemos que o feitiço vai virar forte contra o feiticeiro.
Quase fiz aviãozinho de tanto que exibi meu cartão por aí! Na palestra, nos festivais, nas festas de trabalho, ontem no… Ops! Quer dizer, só pra coisas de trabalho mesmo. É legal! Já tô até achando ele a minha cara, rezando pra eu continuar dando sorte de fazer bons trabalhos e vendo os resultados profissionais positivos serem melhor indexados do que as minhas presepadas.
E, como sei que daqui a pouco ele vai ser copiado por deus e o mundo, vou publicá-lo já e depois pensar em algumas variações pra fingir que sou criativa e não somente mais uma dessas pentelhas tentando ser ou parecer interessante.
Ó só meu cartão lindo! Paga um pau e me diz se não dá vontade de morder a bochecha dessa criatura querida que me deu ele de presente?
A difícil arte de ser uma mulher sem deixar de ser a menina, feminina ou ter qualquer outra faceta de personalidade que o mundo exige de nós. A difícil arte de cuidar de si por prazer e não para aparecer. Abrir as portas para os novos amigos, zelar pelos antigos. A difícil arte de estar só e manter a mesma alegria dos dias de companhia. Cuidar da família, estando ela ao lado ou do outro lado. Sem descuidar, sem apressar, sem controlar, sem estar por estar. A difícil arte de gostar do que se faz, tentar algo mais, experimentar, arriscar, se molhar. E manter o sorriso, o brilho no olhar e essa nossa capacidade-necessidade-vontade de amar e se sentir protegida por todo o afeto que rege essa nossa vida. Não é fácil, mas é quando a gente sente um pouquinho de sintonia entre todos esses instantes, que nos sentimos artistas desses nossos dias e tudo finalmente passa a ter algum sentido…