Se eu pudesse mudar alguma coisa em mim hoje em dia seria arrancar da testa o meu outdoor de sentimentos. Se eu tô triste, pela minha cara, qualquer mané descobre. Se eu tô feliz, apaixonada, cansada, insegura, ansiosa… tudo. Qualquer oscilação e as emoções atravessam a minha pele. E é o do borogodó isso… Nem mentindo tão bem como eu aprendi, dá pra esconder. Nem depois de trinta e dois anos… No último mês tudo o que eu senti foi parar na minha testa. Foi um mês punk. O inferno astral mais infernal que já sobrevivi. Mas sobrevivi… E troquei a cara de garota anfetamina que me perseguiu nos lançamentos por um sorriso de baseado que ninguém consegue tirar de mim. Nem eu mesma, nem meu cérebro paranóico. Tô em paz, tô satisfeita e continuo insististindo que parece química, mas é só felicidade. Mais cedo ou mais tarde esse sorriso babaca sairá da minha boca, mas por enquanto me deixem curtir.
Vinte e nove de novembro, meia noite e seis minutos… Um silêncio danado na casa. Acho que só me dei conta porque acabei de desligar o telefone e a ausência de som ficou evidente. Duas horas no telefone… Só mesmo o meu xuxu-gaúcho pra me agüentar tagarelando tanto tempo. Se bem que no final da ligação eu descobri por quê. O filha da mãe me diz que vai dormir, que liga depois pra dar parabéns e desliga o telefone na minha cara alguns minutos antes da virada do dia vinte e oito para vinte e nove. É um puto… Parecia americano desligando telefone. Desses personagens de seriados que desligam sem dar tchau, sabe? A sorte dele é que, por ele, minha testa vai sempre escrever amor eterno. Sorte, muita sorte ele me dar a paciência dele de aniversário. Além do mais, eu precisava contar pra alguém que em menos de um mês que começamos os lançamentos do livros, eles vão para a segunda edição. Logo depois de eu ter dito lá na mesa de debates em Porto Alegre que isso estava longe de acontecer com os novos escritores que estão sendo publicados, logo depois de eu constatar que nenhum dos já publicados haviam conseguido sair da primeira edição…
E aí acontece do nosso Blog de Papel e do Malvados conseguirem isso por um mérito que é só nosso (leitores, blogs e autores). Sem padrinhos, sem grandes esquemas editoriais, sem cacife e vocação pra aderir a máfia, sem termos nascido celebridades, sem polêmica e com muito, muito tesão pelo que fazemos. Talvez, eu esteja me gabando disso porque era só isso que tinhamos… Mas, talvez, seja porque a paixão ainda fale mais alto do que todas essas bobagens comerciais que ditam regras no mundo de hoje… Ando me perguntando o que mais eu posso querer?
Cheguei do Rio e, por hora, acabaram os lançamentos… Aquela cidade maldita nunca me deixa fazer visita de médico. Mesmo quando eu passo voando por ela, basta fechar os olhos para que eu tenha uma recaída. Acho que vamos ter um caso de amor mal resolvido pra sempre… Parece que minha vida sempre é remexida quando eu passo por alí… Minha memória é da boa. Eu sei do que estou falando. A vida inteira foi assim. O Rio, assim como as águas de março do Tom, sempre foram promessa de vida no meu coração. Dessa vez não foi diferente… Se um dia eu conseguir deixar de ser covarde, mudo pra lá, viro garota de Ipanema e vou aprender a falar palavrão sem ofender ninguém como as cariocas fazem. Também vou aprender todas as gírias absolutas que eles inventam e vou dormir mais cedo só pra ver o sol de lá nascer…
Apaixonei por esse negócio de flat. Que vida boa… Eu achava que meu sonho maior de consumo era envelhecer em um hotel. Acabo de adaptá-lo: quero o flat desse fim de semana para o presente e não mais para o futuro. O flat e um pouco daquela leveza de espírito, mesmo que minha carne não resista aquele calor. Eu quero tantas coisas… E tenho tantas coisas, e ganho tantas coisas. Eu reclamo de mimada… Acabo de fazer trinta e dois anos e nunca imaginei que, mesmo com toda a minha absurda insatisfação, a vida ainda pudesse me presentear tanto. Preciso dizer como foi o lançamento dos livros no Rio? Não, acho que não.
Que ano bom esse que eu tive… Comecei achando que estava morrendo e realmente morri. Aliás, suicidei-me. Matei um téco que há muito tempo enchia o meu saco, me incomodava, entristecia… Foi. Passou. Tô bem, tô em paz, tô abrindo meus presentes. Desembrulhando cada pessoa que chegou esse ano e que eu desejo sinceramente que fique por muitos e muitos anos.
Ainda tô em estado de graça… Aliás, gracias, gracias, gracias a Patricia (pelo carinho assinado nos últimos anos), ao Pedro, André, Tina, Arquimimo, Sérgio, Ina, Fernanda, Maira, Cris, Claudia, Marina, Maria Helena, Delfin, Viva, João, Christiana, Fabio, Claudio, Gravatá, Adelaide, aos meus lindos Marcos e Thania, maridon (por não desistir de mim) e…. e eu espero não ter esquecido ninguém, mas se esqueci puxem a minha orelha porque será merecido. Obrigada a todos vocês pela estadia mais rápida e prazerosa que eu poderia ter.
Acho que vou comemorar meu aniversário esse ano… Enfim.
Karaokê é muito brega? Dane-se. Como se eu não fosse.
O nosso Marco (Blog de Papel e Balde de Gelo) saiu lindo e formoso no Diário de São Paulo de ontem e também será notícia na cidade de Bauru junto com o Dahmer nos próximos dias.
Os Malvadinhos estão sendo notícia por todos os cantos do país. Estou fazendo o possível para colher tudo que tem saído, mas está difícil. Se acharem os nossos livros em algum jornal, revista, etc, me avisem (please!). Esse tipo de material me ajuda a chantagear os compradores das livrarias e distribuidoras. 😉
Abaixo, uma entrevista feita pela Ira Sydronio da PUC-Rio, sobre blogs e a migração da literatura (blog/livro – livro/blog).
Nome, idade, profissão e quanto tempo de blog?
Alessandra Félix, 31 anos, empresária, editora, 4 anos de blog (três de Amarula com Sucrilhos e um ano tentando escrever contos eróticos em um outro blog que acabou morrendo no ano retrasado).
Como começou a escrever?
Comecei a escrever aos treze anos em uma fase meio nebulosa que me fez ficar em casa (sem vida social) durante alguns meses. Comecei a escrever e a ler porque, até então, também não tinha esse hábito. Na época, escrever me salvou de várias crises adolescentes. Também fez com que eu rapidamente parasse de me isolar. As meninas da escola me viam escrevendo durante a hora do intervalo e insistiam para ler os meus rascunhos. Em um primeiro momento, isso fez com que eu voltasse a querer conversar, me sociabilizar. Depois, de tanto suspirarem em volta da minha mesa, meus cadernos começaram a circular pela escola e alunos de várias séries vinham me procurar para que eu escrevesse bilhetes de paquera, cartões, cartas de reconciliação, amor, etc. Fazia montinho em volta da minha cadeira. Elas me procuravam, eu pedia que me dessem alguns detalhes sobre suas vidas para ter um ponto de partida e, algumas horas depois, eu entregava uma folha de caderno com a história delas escrita. A procura era tanta que comecei a cobrar. Era pouca coisa, mas para alguém de treze anos virou um negocião.
Quais são suas influências e o que espera do seu blog?
Ainda hoje eu leio menos do que gostaria. Sou compulsiva por trabalho e quase não me sobra tempo para outras coisas. Quando tenho um tempo livre, invento projetos que acabam me consumindo a ponto de me sobrarem três, no máximo, quatro horas para dormir. Foi o caso da idéia de publicar novos autores. Por conta disso passei a me sentir obrigada a ler as pilhas de originais que passamos a receber. E chega muita coisa que eu não gosto, o que me faz perder um pouco o tesão pelo tempo que eu gasto lendo. Hoje, o que eu espero é em breve ter tempo livre para ler Giovanni Boccaccio, H.L.Mencken, Nelson Rodrigues e os dois últimos da J.K Rowling (não, eu nunca consegui sair da adolescência).
Mas eu acho engraçadas essas perguntas sobre influências. Por que ter um ou outro escritor predileto é uma coisa, mas se deixar influenciar por ele é outra. As influências devem vir de todos os lados: da experiência de vida, da capacidade de observação, dos detalhes que nos cercam e não exclusivamente do que já foi escrito. Senão o cara vira aqueles escritores clones, sabe? Passa páginas e páginas tentando fazer algo espelhado em gente que ele admira. As influências literárias precisam acontecer inconscientemente, caso contrário o sujeito vira um imitador. É fundamental achar o próprio caminho.
Do blog, eu só espero que no meio de tudo isso haja um pouco de tempo pra ele também. Escrever tornou-se remédio. Mesmo sendo uma pessoa saudável, eu sempre convivi com dores existenciais que fervilhavam dentro de mim e que nunca me deixaram em paz. E isso só passou em dois momentos da minha vida: na adolescência na época que eu vendia histórias na hora do recreio e nos últimos anos com o blog. Sendo assim, espero só que eu tenha tempo…
Você teve problemas com o antigo nome do blog “Amarula com Sucrilhos”. O que houve, exatamente?
O que aconteceu foi que, apesar dos meus trinta e um anos e me achar muito sabidona, eu sou uma pessoa ingênua. A gente vive em uma época onde o poder maior está nas mãos das empresas. E era óbvio que ao registrar um domínio na internet, com duas marcas registradas, isso me causaria problemas. Infelizmente eu não pensei sobre isso antes. O nome era uma referência a um dia importante da minha vida. Dessas coisas que, depois de anos, a gente comenta com os amigos: “E aí? Lembra daquele café da manhã que misturamos amarula com sucrilhos?”. Foi assim que a expressão virou o nome do blog e, posteriormente, um domínio próprio. Isso, até que um belo dia os advogados brasileiros da Southern Liquer (empresa africana que produz a bebida Amarula feita da fruta que se chama Marula) me enviaram uma intimação solicitando que eu cancelasse o domínio e também o endereço antigo que eu tinha no Blogger. Eu cancelei as URLs que era o que eles podiam exigir, mas continuei com o blog em um endereço genérico: www.licordemarulacomflocosdemilhoacucarados.net
Como surgiu o convite para integrar o elenco blogueiro do Livro Blog de Papel? Qual a proposta do livro? Vocês planejam outros projetos juntos, outros livros?
O Nelson Natalino teve a idéia e começou a convidar as pessoas. E era algo que eu queria fazer há bastante tempo… Tanto que, no começo dos blogs, chegamos a abrir o site Clube da Lulu que tinha uma proposta semelhante, mas que acabou não virando livro por falta de um bom coordenador.
Quando o Nelson me fez o convite eu recusei participar como escritora porque não me sentia confortável com a idéia de escrever em outro lugar que não fosse em um blog. Mas aceitei publicá-lo porque já conhecia todos os autores, com a vantagem de ter o Nelson ao meu lado coordenando o projeto.
A idéia era que houvesse Blog de Papel 1, 2, 3… Mas eu conversei com o Natalino essa semana e chegamos a conclusão de que não temos como fazer isso. O Blog de Papel era pra ser um encontro de pessoas que escrevem e tem blogs. No meio do caminho incluímos os ilustradores que deram um charme todo especial para os contos narrados. E foi tão prazeroso e gratificante fazê-lo que seria muito estranho transformá-lo em um projeto puramente comercial depois disso. Ele não nasceu com esse propósito. Outros livros com vários autores poderão ser escritos, mas não com o nome Blog de Papel.
Além do mais, por uma questão prática de contabilidade, os direitos desta edição foram doados para a APAE de Lagoa Vermelha que também é administrada por uma blogueira e que vem passando por grandes dificuldades nos últimos anos. Pode parecer nobre da nossa parte, mas foi a praticidade que nos levou a essa decisão. E não vamos, de forma alguma, usar esta doação para tentar vender mais livros. Não seria correto nem mesmo com a APAE.
O blog começou como um espaço para falar o que quiser de uma forma criativa, debandou para diarinhos rosas e hoje caminha para um grande revelador de talentos literários. E, como uma das blogueiras mais lidas, como você define o blog? Como vê o futuro dessa ferramenta?
Acho que estamos no meio do processo. Os blogs estão revelando talentos literários há alguns anos. Daniela Abade, Marco Aurélio dos Santos e Daniela Macedo são provas disso.
Hoje em dia todo mundo que quer escrever está abrindo blogs e é este o caminho certo. Não acredito que o aumento da quantidade de blogs com pretensões literárias vá banalizar o mercado. Quem diz isso está com medo da concorrência e não existe concorrência em literatura. Quanto mais blogs, maiores as chances de boas revelações, mais livros, mais leitores. Não há nada de ruim nisso. Muito pelo contrário.
É verdade que todo bom blogueiro gostaria de ir para os papéis, lançar um livro, mas acontece um movimento oposto dos leitores. Não é de hoje que a crise da literatura assaltou a juventude que, só voltou a ler, com a internet e seus blogs. Qual a magia que o blog tem para atrair um público tão difícil de conquistar?
A magia é a primeira pessoa. Se você contar uma história na primeira pessoa a atenção do leitor será maior porque estamos mais abertos aos bons causos, as fofocas. A curiosidade é inerente ao ser humano e os textos escritos na primeira pessoas estimulam muito mais a nossa curiosidade por nos fazer acreditar que são histórias verídicas.
O grande mérito dos blogs é que ninguém precisa escrever na primeira pessoa, mas a ferramenta é tão propicia a isto que acabou gerando uma série de histórias que nos pegam pelo colarinho. O que não siginifica que tudo tem que ser autobiográfico. Quem quiser fazer diário, faça. Não a nada de mau nisso. E quem quiser ser escritor pode se aproveitar disso. Tem que aprender a surpreender o leitor, a enganá-lo (no melhor sentido). Se as pessoas gostam de histórias narradas dessa forma, dê a elas o que elas querem e tente conquistá-las. Um leitor conquistado estará sempre aberto para o que mais o autor puder lhe oferecer. E quem sabe o interesse dos leitores não seja o começo para o fim da nossa velha crise literária?
Na sua opinião, ao que se deve a maior parte da nova geração de escritores surgirem dos blogs?
Acho que tem a ver com aquele pedaço da canção do Milton “todo artista tem que ir aonde o povo está”. Os blogs surgiram, conquistaram um número expressivo de pessoas e com eles vários escritores que escondiam o talento em gavetas e cadernos velhos estão podendo se expôr e ser lidos sem o filtro absurdo que existe no mercado editorial. A mídia, as editoras e livrarias são grandes responsáveis pelo fato dos livros não serem acessíveis. A editoras filtram o que será lido, a mídia dita o que será vendido e as livrarias acham que merecem ganhar metade do valor de cada livro. Os blogs vieram para quebrar completamente essa regra. Na internet os escritores têm o seu próprio veículo de comunicação, não precisam de intermediários e de nenhuma aprovação que não seja a do seu próprio leitor.
Você se vê postando em blogs daqui há 10 anos? Qual a longevidade do Licor de Marula com Flocos de Milho Açucarados (se é que já pensou nisso)?
Eu mudo de idéia o tempo todo então é difícil dizer qualquer coisa. Já pensei várias vezes em parar de escrever no blog, mas as pessoas que circulam por este universo me impressionam e emocionam de tal forma que nunca consegui abrir mão dele. Sem contar que escrever posts é uma delícia… Não sei, não. Eu posso até deletar o meu Amarula com Sucrilhos com URL genérica um dia, mas certamente estarei presa a algum blog secreto.
Voltei a fazer massagem com a mulher do pires… Continua tudo assustador e cheio de poodles, mas ela é melhor massagista que já conheci e hoje eu estava dando a vida por uma drenagem linfática misturada com uma relaxante.
Na volta, lembrei que hoje era dia do lançamento do Blonicas e fui dar um beijo na Rosana, Ailin, Aran, Marcelino e desejar boa sorte para todos. O livro parece ótimo, a festa estava charmosa, mas eu voltei logo pra casa. Queria deitar na cama, aproveitar a relaxada e dormir mais do que as três, quatro horas das últimas semanas. Antes, porém, lembrei também de comprar a Folha de São Paulo…
É que na semana passada eles entraram em contato para uma entrevista sobre o Blog de Papel. O Eduardo (jornalista da Folha e uma simpatia de menino), me mandou as perguntas por e-mail e pediu que eu as respondesse o mais breve possível. Dei graças a deus porque eu ando gostando muito desse negócio de entrevistas por e-mail, sabe? Por e-mail podemos ter gratas surpresas. Como, por exemplo, a matéria completíssima feita pelo outro Eduardo, o da Tribuna do Planalto. Já quando elas são feitas por telefone fica uma coisa meio sinistra porque depois que a gente vê a matéria publicada, nunca sabe direito o que realmente saiu da nossa boca.
No caso da Ilustrada, tudo foi muito rápido. Acho que nem não deu pra ele aproveitar muito do que foi dito por alguns autores, mas ficou bacana unir na mesma matéria o lançamento polêmico da vez, o lançamento da casa e o nosso Blog de Papel. Na primeira lida eu achei que aquelas coisas não tinham sido ditas por mim, mas depois eu vi que ele pegou algumas frases do prefácio (escrito pelo Idelber) e da quarta-capa do livro. Eu gaguejo, tenho lapsos, normalmente não preciso de ajuda pra queimar meu filme, mas achei que a coisa estava piorando… Realmente eu não tinha dito aquilo, mas enfim… Está no livro pelo menos. Ficou bem legal. Tirando, claro, o fato de errarem meu nome “Alê Féliz”, a URL desse blog “alexfelix.com.br”, e não terem publicado muito do que os outros autores e ilustradores conseguiram enviar. Detalhes insignificantes perto do reconhecimento que o livro tem ganhado dos leitores. Bobagem…
Abaixo, pra quem se interessar, um copy fiel da entrevista feita pela Folha (vou pedir para o Nelson e para a Isabelle colocarem as respostas deles nos blogs também):
No dia 18/11/05, às 17:55, Eduardo Simoes escreveu:
oi alessandra, aqui vão as perguntas… algumas delas também podem ser repassadas pros autores/ilustradores que vc sugerir.
OK
-de inicio, queria saber como surgiu o blog e o livro… como foi feita a compilação? quais os critérios de seleção de textos?
Há quatro anos nos dedicamos a publicar novos escritores revelados através de blogs e sites. A idéia de publicar um livro com vários autores é antiga (desde a criação do blog Clube da Lulu), mas faltava um organizador. O Nelson Natalino, um dos autores, teve a mesma idéia e me convidou para participar do projeto. Em um primeiro momento eu recusei participar como autora, mas me interessei em publicar o livro porque já conhecia todos os escritores convidados através de seus blogs.
-qual o sentido de levar para o papel uma produção feita para a rede? vc diria que há um pequeno fenômeno de migração internet/papel? conhece outros exemplos fora o blog de papel? o que têm em comum?
É impossível ler alguns blogs e não imaginá-los no papel. Escrever tem sido uma novidade para muitos desses cyber-escritores, um exercício que, ao acompanhá-los, fica visível a evolução, a qualidade. Eu nunca tive dúvidas de que, no futuro, grandes nomes da literatura serão de autores que nunca seriam publicados se os seus posts não tivessem caído nas graças dos leitores de blogs. Quando começamos a publicar nossos livros, lembro que muitos escritores que não usavam a internet torciam o nariz para os blogs. Hoje boa parte deles usa a ferramenta nem que seja somente para divulgarem seus trabalhos. A migração da internet para o papel não só existe como está fazendo o contrário, está provando que a resistência e até mesmo um possível preconceito contra a ferramenta blog é tão estúpida quanto a resistência que os escritores da época das máquinas de escrever tinham contra escrever em computadores. Um blog pode revelar ou contribuir significativamente para o trabalho de um escritor e é uma bobagem ignorar isso. Tanto é que se nunca tivéssemos ouvido falar em blogs, essa entrevista não estaria sendo feita e o assunto literatura continuaria girando somente em torno dos poucos, famosos, repetitivos e velhos nomes do mercado nacional.
-um estudo publicado pela cbl fala de 40 milhões de leitores potenciais, entre 14 e 29 anos. o paulo werneck, da cosac, fala numa matéria que as novas tecnologias estão trazendo um retorno com relação à palavra escrita… vc acredita que os blogs estimulam a leitura tb de livros? servem para “esquentar” este mercado adormecido? de que forma?
Sim, eu digo isso há anos. Qualquer um que passar alguns dias lendo blogs chega a esta conclusão. Afinal, quem escrevia antes dos blogs? E, se escreviam, quantos nomes de jovens escritores eram revelados e quantos conquistavam leitores de forma tão expressiva? Antes dos blogs, publicar um livro era uma tarefa insana porque o autor precisava conquistar as editoras antes dos leitores. Agora a situação é inversa. Em breve serão as editoras que irão correr atrás desses autores (isso se o autor fizer questão de uma editora. Porque com um blog e leitores, as editoras podem ser dispensáveis).
E o retorno da escrita não acontece somente com quem tem pretensões literárias. Esse retorno é muito claro entre os adolescentes. Os blogs mostraram que o português estava morrendo, que os adolescentes se comunicavam através de abreviações e formas de escrever que eram ininteligíveis. Escrever bem requer o hábito e, como vivemos algumas décadas de descaso com a qualidade da educação, ficou muito claro que a língua portuguesa estava atrofiando. É uma conseqüência natural que os blogs contribuam com uma mudança neste sentido. As pessoas escrevem porque querem se comunicar, se relacionar… Quando perceberem que não conseguirão fazer isso destruindo sua língua-pátria, haverá uma necessidade natural de escrever corretamente, de ler com atenção o que as outras pessoas escrevem e abrir espaço para os livros daqueles que escrevem por algum tipo de prazer e necessidade maior.
-necessariamente eles têm que ser blogs literários ou podem ser diários?
É tão fácil criar um blog que ele pode ser o que o autor quiser.
vamos começar por aí? se eu tiver mais alguma pergunta, volto a você, ok?
OK.
abs
brigado!
eduardo
Eduardo Simões
Ilustrada
Folha de S. Paulo
Alameda Barão de Limeira, 425
Campos Elíseos, São Paulo, SP
Brasil
CEP: 01202-900
tel.: 55 11 XXXX XXXX
Ah! Esqueci de contar. O site do Blog de Papel foi hackeado pela segunda vez. Para o nosso azar, a coisa foi feia. Estamos tentando salvar posts mortos e feridos, mas está complicado. Acho que vamos aproveitar a fama que os hackers estão nos creditando e migrá-lo para a UOL. Acho… Vamos ver se dá certo.
Eu que sempre tive um pouco de pavor de fotologs, acabei me rendendo a eles. Deve ser felicidade… Tem mais fotos, mas ainda não deu tempo para colocar todas.
Não deve durar, mas enfim… Aproveitem enquanto estou curtindo essa fase de lançamentos. Mais cedo ou mais tarde acabarei deletando o bichinho. Eu sei, eu sei… Felicidade é vendaval.
Depois eu volto. Montes de coisas pra contar. 😉
Imagética, o fotolog.
Tudo dói, tudo meio que gira. E eu não bebo, não fumo, não respiro nada que não venha junto com o ar. Ando tão zen que tenho pensado novamente em virar vegetariana. Voltei pra yoga… Mesmo assim, todo lançamento de livro eu pareço uma drogada antes, durante e depois. Que vergonha… Só dei vexame, disse um monte de bobagem. Pior! Um deles durou quase uma hora e foi filmado. E eu tropecei nas palavras, engoli as que deviam ter saído, soltei outras tantas mal pensadas, tive lapsos, na tentativa de ser política acabei sendo injusta com os escritores prediletos e não citei nenhum deles. Não disse coisa com coisa, acho que gritei no ouvido das pessoas, tô com medo de ter cuspido em algumas e fiquei pensando na morte da bezerra enquanto tudo acontecia. Uma droga completa. Isso sem contar o olhar e o sorriso de idiota que me perseguem nessas horas. Baixa o Coringa em mim, sabe? Mesmo se eu quiser mudar aquele arregalo de olhos ou diminuir o tom de voz, não vira. Deve ser algum tipo de maldição: “Seu cérebro te sabotará e lhe dará uma boa fama de maluca retardada”. É sempre assim… Quando eu mais preciso dele ele fecha a porta e mete uma placa de não perturbe na minha cara.
Que merda, eu quero um buraco bem fundo… Isso sem contar o mico do coque. Quarenta e cinco minutos de escova na droga do cabelo pra, no final das contas, eu passar o dia desfilando com um tufo espetado em um palito no alto da cabeça. E cheio de câmeras digitais por todos os lados… Não gosto nem de lembrar.
Bom, se algum infeliz postar alguma foto minha naquele estado, vai ter morte. Da entrevista eu não vou ter como fugir, mas, das fotos, ai de vocês! E tenham medo, eu falo sério. Droga… ninguém costuma me levar a sério. Nem eu me levo a sério. Droga. Não vai adiantar ameaçá-los de morte… Eu vou até a farmácia ver se existe algum remédio homeopático para o meu caso. É o jeito. Fui. Depois eu volto pra contar sobre as coisas boas que aconteceram. Ou seja, sobre todo o resto que se manteve bem longe (e rindo provavelmente) de mim. Tá achando que é exagero meu? Então veja isso…
Conversa com maridon logo depois de eu ver essa foto:
– Olha isso que horror! Parece que eu fumei quilos de maconha!
– Na verdade parece que eu te bato.
–
Eu tentei fazer um resumo de tudo que foi publicado até agora sobre o Blog de Papel e Malvados, mas as matérias estão saindo pelo ladrão, esse telefone não pára, eu preciso ir pra feira e blá, blá, blá. Por isso, aconselho vocês a visitarem o blog da Ane e acompanharem os links, fotos e matérias que ela selecionou.
Soube que ontem saiu alguma coisa sobre os lançamentos no Diário Catarinense e no Guia de Florianópolis, mas ainda não consegui os links e nem uma cópia do jornal. Falei com o Dahmer por telefone e ele me contou que em Florianópolis o lançamento foi outro sucesso.
Hoje teremos o Dahmer em Curitiba (Livrarias Curitiba – Shopping Curitiba – 19hs) e, amanhã, o Nelson e o Milton em Goiânia (Livraria Siciliano – Shopping Flamboyant – 19hs).
Aliás, falando em Goiânia, essa matéria da Tribuna do Planalto saiu no fim de semana e ficou muito boa. Só o meu cabelo que não é mais daquele… OK, OK, eu paro de reclamar da droga do cabelo enferrujado que me possui. Ah! Outra coisa sobre Goiânia: liberamos as bebidas para o lançamento. Vinho e gente da melhor qualidade. Mais um motivo pra vocês deixarem de ser bundões e irem até lá dar um beijo nos meninos.
Eu estou em São Paulo. Já contei, né? Então, acabei de chegar da Primavera dos Livros e prefiro não comentar nada sobre o evento por enquanto. Vou esperar até segunda e manter a energia boa que eu trouxe lá do sul. É muito difícil segurar a minha língua depois de ter visto, com meus próprios olhos, que é possível fazer eventos culturais para o povo e não para as próprias empresas. Eu digo isso há seis anos, mas Porto Alegre me provou que minhas idéias nem sempre são viajandonas. É só mudar o foco, é só mudar o foco.
Mas, enfim, eu vou me segurar… Prometo. Pelo menos até a semana que vem.
Beijo na bochecha e até. E se você estiver em São Paulo tire a poupança da cadeira e vá me fazer companhia lá na feira. Eu ando tagarelíssima, sorrindo pelos cotovelos, nem tô mordendo e vou ficar na OCA amanhã o dia todo, sábado o dia todo e domingo o dia todo. É só me procurar no estande da Editora Gênese, logo ali na entrada. Não tem como errar.
Fui.
Opa, opa! Esqueci. Roubei lá do blog da Ane a imagem do jornal. Aquele jornal que me fez pisar em mim mesma, sabe? Já contei. Tá escrito no post gigantão aí embaixo. Agora sim: fui.