Incríveis estas engenhocas que inventam para incrementar os sites pessoais. Adorei a idéia do Guestmap! Coloquei o meu aí do lado.



Escrito pela Alê Félix
21, abril, 2003
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– Tem gasolina no carro?
– Tem.
– Isto parece falta de gasolina…
– Acho que tem.
– Acha ou tem?
– Eu abasteci antes de ontem…
– Mas o combustível está na reserva! Quanto você colocou?
– Dez reais.
– Você tem idéia de quantos quilômetros nós andamos com este carro desde antes de ontem?
– Eu sei lá! Você que está dirigindo, você que deveria saber.
– Eu estou dirigindo há um minuto, não há dois dias. Dez reais não dá pra nada!
– No dia deu.
– Ótimo! Agora, graças à sua pão-durice, estamos sem gasolina.
– Ah! Agora a culpa é minha?
– Eu não entendo porque você não enche o tanque. Não é a primeira vez e não será a última que esquecemos de conferir o ponteiro do combustível. Nós
somos assim, você sabe disso.
– Ok. Então, vamos fazer o de sempre: chamamos um táxi e resolvemos tudo em dez minutos.
– Dez reais, dez minutos…
– Também não sei porque esses caras que fazem carros, não fazem um painel que apita quando o combustível está na reserva.
– Alessandra este carro saiu da fábrica dez anos depois de você. Naquela época nem o alerta da luz de reserva eles colocavam. E se alguma coisa
apitasse neste carro enquanto a gente dirige, era bem capaz de haver um acidente por apitada.
– Tá me chamando de velha?
– Ahn?
– Você disse que o carro é velho por isto não tem nem luz de reserva. Sendo assim, eu que tenho dez anos a mais que o carro, tenho vários defeitos de
fábrica e sou uma velha.
– Não. Só disse que você nasceu em 73 e o carro em 83… Você não pode estar falando sério.
– Não. – dei um sorriso de Coringa. Estava de gozação. – Mas que podia ter um barulhinho leve, isso podia. Igual ao som que acusava fim de
combustível no aviãozinho do River Raid.
– River o quê?
– Atari. Era um cartucho do Atari. Dun, dun, dun…
O carro parou de vez.
– Chamo o táxi?
– Não. Tem um posto na Heitor, vou a pé. Você vem comigo?
– Ah, não! Me cansa só de olhar pra esta ladeira. Ainda estou com moleza de comida baiana… espero aqui.
– Talvez já esteja na hora de trocá-la por uma de vinte.
– Rá, rá, rá. Sem graça…
– Nada mal, hein? Uma dez anos mais nova, que não se importe de gastar mais de dez reais para encher o tanque e que não tenha preguiça de perder dez
minutos em uma caminhada de dez metros.
– Dez metros sem moqueca, com moqueca eles se tornaram dez quilometros. Tchau!
Continua



Escrito pela Alê Félix
20, abril, 2003
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Normalmente, não viajo na Páscoa. Tenho alguns amigos que, há anos, cismaram de se encontrar as sextas-feiras santa para comer carne. Tornou-se o
famoso churrasco Wicca (ou churrasquinho pagão para os menos religiosos). No final, alguns comem carne, outros não. O que vale é a diversão de passar
o dia jogando WAR e falando bobagem.
Este ano, por pura falta de memória, maridon e eu marcamos de almoçar com a minha sogra. Não havia como desmarcar em cima da hora com ela, estava
tudo preparado para o almoço. Decidimos almoçar com ela e transferir o churrasco para o fim do dia. Nada complexo.
Conforme combinado, chegado o dia, almoçamos em família. Um desbunde de refeição! Moqueca de peixe, casquinhas de siri, vinho, torta de limão…
Minha sogra é a melhor cozinheira que a Bahia já produziu, daquelas que conseguem preparar ovo mexido com um toque especial. Acabamos comendo o
suficiente para engatar uma cochilada no sofá da sala.
Entre um ronco e uma babada nas almofadas, acordamos de sobressalto às sete da noite. Acordamos não. Maridon acordou e eu acordei com o pulo dele. Se
dependesse de mim, estaria jogada no sofá até agora.
Saímos correndo. Ainda precisávamos passar em um mercado 24 horas para comprar o raio da carne e ligar para os amigos que já deviam estar enfurecidos
com o atraso.
No alto de uma ladeira típica nesta região do Sumaré o carro começou a engasgar.



Escrito pela Alê Félix
20, abril, 2003
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Às vezes eu falo e tenho a impressão de que o som das minhas palavras se perde pelo ar. Me pergunto se realmente nos damos ao trabalho de ouvir ou se
só estamos preocupados em argumentar.
Às vezes eu escrevo e sinto as minhas palavras se metamorfosearem na interpretação de cada um. Me pergunto se realmente lemos ou se só estamos
preocupados em argumentar.
Às vezes paro para observar as pessoas conversando e acho que a comunicação é uma grande farsa. Nestas horas, procuro ficar quieta no meu canto,
longe do verbo e do verbal. Mas nem mesmo no silêncio dos meus pensamentos, sou capaz de encontrar instantes de clareza e compreensão.



Escrito pela Alê Félix
17, abril, 2003
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Dia de clube da Lulu
Vixe! Ficou horrível.
A vítima
Os exames estavam no laboratório há dias. Ela tinha várias certezas, uma delas era a de que havia algo muito errado com o seu corpo. Fez os exames,
crente de que o resultado apontaria os culpados pela infelicidade a que ela se submeteu. Inconscientemente, ansiava esfregar na cara do marido um
resultado que lhe acusasse do mal que ela sofria. Mesmo assim estava ciente de que o diagnóstico a obrigaria a tomar decisões sobre sua vida,
decisões que ela se recusava a tomar por medo, covardia e falta de amor próprio.
clique aqui se quiser ler o resto do texto..



Escrito pela Alê Félix
16, abril, 2003
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Já que elas disseram que o Adriano gostava de mim, não seria um problema convencê-lo a espalhar o boato de que estávamos namorando. Namorando de
mentirinha, claro, porque eu não seria doida de contar pra ele que eu nunca tinha beijado. Não seria doida de contar pra ninguém! Era só uma questão
de vingança.
– Oi, Adri!
– Oi…
– Preciso de um favor seu.
– O que você quiser.
– Você se importaria se eu dissesse para algumas pessoas que estamos namorando?
Ele arregalou os olhos
– Não, não um namoro de verdade. É que tem umas meninas me torrando a paciência e eu queria dar uma lição nelas… A gente finge que já se beijou,
só isso. É por pouco tempo! Uma semana já está bom.
Ele fechou a cara. Os olhos arregalados foram diminuindo e me fitando como se quisessem me fuzilar.
– Você quer me usar? Quer me usar para provocar suas amigas ou pra tirar um sarro da minha cara?
– Não, de jeito nenhum! Olha, não é nada disso que você está pensando. Eu jamais faria isso com você, ainda mais sabendo que você gosta de
mim…
Ops! Falei demais. Ele arregalou os olhos novamente. A pele branquinha estava vermelha como uma pimenta malagueta.
– Quem disse que eu gosto de você? Você é muito convencida! Mesmo se eu gostasse, você acha que eu toparia ser usado desse jeito? Vê se cresce,
menina!
Não adiantou explicar. Ele nunca mais falou comigo. Mudou de escola dois anos depois sem aceitar minhas desculpas, rasgou na minha frente a carta que
eu escrevi explicando toda a história.
Depois deste dia, nos encontramos três vezes por acaso. A primeira vez, um ano depois da sua mudança de colégio, no Dancing, uma danceteria dos anos
oitenta. Ele dançava alucinadamente Surfing Bird do Ramones; o garoto arrumadinho e introspectivo havia se tornado um punk de cabelos
arrepiados e roupas cheias de metais pontiagudos. Estourou uma briga na pista de dança, ele saiu todo machucado. Aproximei-me do gerente da
danceteria e ofereci ajuda, disse que conhecia o Adriano… Deitado no chão, ele me reconheceu e começou a esbravejar para que eu me afastasse dele.
Não pude fazer nada. O segundo encontro foi em uma loja do shopping. Eu tinha uns dezoito anos. Fui cumprimentá-lo inocentemente e ele mal olhou na
minha cara. No ano seguinte nos encontramos em um restaurante. Ele discutia com uma moça, provavelmente a namorada. Nossas mesas cruzavam nosso
campo de visão. A moça saiu do restaurante chorando e ele ficou um tempo fumando um cigarro e tomando café. Eu desviava o rosto, fingia não notar,
mas ele levantou da cadeira, caminhou em minha direção, pediu licença para as pessoas que estavam comigo, abaixou para falar olhando nos meus olhos e
soltou sua última baforada de cigarro contra o meu rosto.
– Oi Alessandra. Desculpe interromper seu almoço, mas já que a gente se viu nesses últimos anos mais do que eu gostaria, tomei a liberdade de vir
aqui para esclarecer algumas coisas. Todo garoto tem na adolescência uma garota para estragar seus sonhos românticos e os seus relacionamentos
futuros. Por isso, se a gente continuar se esbarrando por ai, finge que não conhece.
Ergueu o corpo, puxou do fundo do peito um suspiro que lhe estufou o peito e completou:
– Uma boa digestão para todos vocês.
Não consegui dizer uma só palavra. Também não havia o que dizer. Cada um de nós entende o que quer das experiências vividas; as minhas explicações
não serviriam para absolutamente nada. Fiquei muito triste mas não me senti culpada. Dele eu guardei o cheiro das histórias mal resolvidas. Histórias
que povoam a minha mente sempre que eu sinto no hálito de alguém o cheiro da mistura do café expresso com a nicotina. Foi graças às lembranças vindas
deste cheiro que eu me livrei da culpa que eu sentia em relação ao Murilo. Quem é Murilo? O Murilo foi meu primeiro beijo e o meu maior remorso.



Escrito pela Alê Félix
14, abril, 2003
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Ainda estou dormindo mas gostaria de esclarecer aos navegantes que o livro em questão (Depois que
acabou
) FOI ESCRITO PELA NOSSA QUERIDA DANIELA ABADE.

Minha pequena e humilde colaboração na publicação deste livro, que arrebentou no dia do
lançamento, foi a de editora. Só isso, ok?
E, se você não pôde ir na Siciliano no dia 11, não esqueça que a Dani estará dia 11 de Maio em Santos, e dia 16 de Maio em Ipanema no Rio de Janeiro. Se tudo der certo, ela também estará em Curitiba, Florianópolis, Joinville, Porto Alegre e na Bienal do
Livro
. Mas lembre-se que ainda não é certeza, hein? Aliás, não era nem pra eu abrir a minha boca grande. Devo estar sonhando…
Beijo e boa noite de novo.



Escrito pela Alê Félix
13, abril, 2003
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Hoje – Siciliano – Shopping Higienópolis – a partir das 19 horas



Escrito pela Alê Félix
11, abril, 2003
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