Vocês não esqueceram do lançamento desta sexta-feira não, né? Em Santos eu vou
com certeza. No Rio, por conta de uns probleminhas de última hora, ainda não sei. Mas estou fazendo das tripas o coração pra ir nos dois.
Dia 09 de Maio – Sexta-feira
Livraria Martins Fontes
Av. Ana Costa, 530
Tel.: (13) 3289-5657
a partir das 19h
Um dia desses numa conversa de boteco, a mesa toda chegou a conclusão de que mulheres são chatas. Até as mulheres presentes concordaram. Inclusive,
eu! Que só consegui lembrar de um ou dois nomes de mulheres “aparentemente” engraçadas. Desde então, ando me sentindo um porre. Fui drasticamente
atingida pelas estatísticas. Me sinto com uma etiqueta colada na testa: não tem graça!
Preciso de sol,
preciso de mar,
preciso de dias regados a água de coco,
preciso de uma rede com vista para qualquer horizonte,
um tango pra servir de inspiração e…
um notebook! Um notebook com internet banda larga.
“Afilhados”
A mãe dele diz que eles são meus afilhados, mas eu ainda acho que a minha presença pagã neste casamento não foi uma boa escolha.
Quando soube que o casal tinha um blog achei que estaria repleto de pornografia e bizarrice, mas foi uma decepção. Blog e casal coxinha… nada de
pornografia. O máximo que vocês vão encontrar lá é um selo sobre masturbação. Vindo do equilibrista nenhuma novidade… No mais, o blog é bem escrito
e cheio de gracinhas. Exibicionistas, claro! Quem sabe um dia eles não colocam uma webcam na cama e a coisa fica mais divertida.
Não vão lá ver, não?
Não me encaixo em alguns dos meus retratos passados. Lembro das datas, dos dias, das pessoas, lembro do cheiro e da cor. Lembro do estalo do clique.
Mas, às vezes, esqueço quem eu fui. Lembro das emoções, mas não lembro daquele meu olhar e nem do horizonte que ele vislumbrava.
Conheci o Murilo na sala de espera do dentista. Ele era insuportável, o garoto mais insuportável e metido a besta da face da terra. Bonitinho, é
verdade. Bonito e atentado. Tinha prazer em me infernizar e, como eu sempre careci de paciência, toda quarta-feira era um “Deus nos acuda”. Quando
acabou meu tratamento, foi um alívio. Morávamos no mesmo bairro, mas não encontrá-lo, obrigatoriamente, era uma benção. Passou um mês, dois, três,
seis meses e nada de reencontrar o Murilo.
Na véspera de completar treze anos, ganhei uma Monark BMX dos meus pais. Viciada em bicicleta do jeito que eu era, passava a maior parte do dia na
rua: eu, a Lu, a Tieta, o Pulga, o Ferrugem, o Pescoço e o Voadora. Dia e noite apostando corridas, incrementando as bikes, aprendendo acrobacias,
rindo… até o dia que o Pulga trouxe para a turma dois novos garotos; o Ivo e o Murilo. Logo que eu vi o Murilo, pensei: “Pronto, vai começar tudo
de novo!”
Minha primeira reação foi tentar ignorá-lo. Já a dele foi embasbacar. O olhar, o jeito, a expressão do rosto, tudo nele estava diferente. Não zombou
de mim, não fez piadas de mau gosto, não me atormentou nem por um segundo. Abobou tanto que eu achei que ele tinha caído e batido a cabeça. Na
dúvida, mantive minha tática de defesa. Ele puxava conversa, eu desconversava, ele empinava a bike, eu virava os olhos, ele fazia graça, eu respirava
fundo e prendia a gargalhada na garganta. Ele pediu para o Ivo me contar que ele estava gostando de mim e eu… eu? Eu não acreditei. Não podia
acreditar!
Bem ou mau, o Murilo era um menino lindo. Lindo, lindo, lindo. Uns olhos azuis brilhantes que persuadiam qualquer coração infanto-juvenil. Suas
brincadeiras, sua energia inesgotável, tudo nele era fascinante. É certo que ele me irritava, mas não é que eu gostava? Diante dos fatos, como dizer
não para um garoto daqueles? Fácil! Havia dois motivos para manter o meu nariz apontando para o céu: o cretino namorava três meninas ao mesmo tempo e
as tontas nem desconfiavam. O outro motivo era que, mesmo tendo superado o caso do banheiro feminino, se eu aceitasse namorá-lo estaria prestes a dar
o meu primeiro beijo e nada seria pior do que ser desmascarada pelo Murilo, a pior peste do universo.
Na alegria, na doença…
O casamento estava na fase do “já deu o que tinha que dar”. Quase não conversavam mais. Também… conversar sobre o que? Depois de tantos anos, nem
mesmo uma grande novidade, por mais nova que fosse, era boa de ouvir…
Para continuar lendo esta triste estória clique aqui.