Encontrei um jeito fácil de atualizar o “Escambo”, então daqui para a frente não tem mais desculpa! Quem me linkou e eu não linkei, envie-me
novamente o endereço pelos comentários que eu vou arrumar a bagunça! E se alguém descobrir algum link quebrado e puder me avisar, eu agradeço.
Talvez arrumar pequenos detalhes do cotidiano faça todo o resto entrar em ordem.
Bom, beijo na bochecha e obrigada por existirem. Tem sido muito bom ler os comentários que vocês deixam por aqui. Olho com muito carinho para cada
segundo que vocês desperdiçam comigo e, aos poucos, espero conseguir retribuir um pouquinho do que tenho recebido nesses últimos meses. De verdade,
gracias.
Inté!



Escrito pela Alê Félix
23, julho, 2003
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Ando estranha, muito estranha. Ouço as mesmas músicas todos os dias, há dias. Tenho odiado cada frase postada por aqui. Um ódio que me faz ter a
clareza do quão ridícula tenho sido, mas que não me deixa parar de escrever e muito menos ter coragem para deletar tudo. Um ódio cheio de lucidez e
covardia mas, por enquanto, saudável.
Tenho pensado em emagrecer para sempre, mas ainda é só uma possibilidade. Não quero emagrecer só porque estou consfusa. Até porque sou honestamente
feliz com a minha aparência. É claro que passo pelas minhas crises, mas estou longe de me sentir uma mulher feia só porque extrapolei os limites do
peso ideal. Mesmo assim, senti medo um dia desses e não sou tão burra e fraca ao ponto de esperar pelo bis das leis de causa e efeito.
Ando extremamente calma e com uma vontade louca de virar a vida do avesso. Mas não como estou acostumada. Chega de traumas e histórias mal
resolvidas. Não suporto mais arrastar nomes, mágoas e pedidos de desculpa.
Tenho olhado para a frente e já havia esquecido de como eu era quando sonhava com o futuro. Tem sido assustador, porque nunca fui de fazer muitos
planos; quando vejo estou vivendo outra história e, desta vez, não sei se quero que seja assim.
Sei que meu corpo tem conspirado para que eu tome decisões e minha mente as tem adiado porque não aguenta mais esse meu jeito desordeiro de viver.
Até meu útero tem se rebelado. Anda me fazendo olhar para os bêbes com dúvidas sobre procriação e carinho excessivo, anda me assombrando com as
minhas próprias idéias e assoprando nos meus ouvidos minha idade, meu passado e o meu presente.
Não, não estou sentindo o peso dos anos e muito menos querendo ser mãe, mas estou diferente… Muito diferente e estranhamente em paz, apesar da
guerra travada dentro de mim.



Escrito pela Alê Félix
22, julho, 2003
Comentários desativados em Alguma coisa acontece…
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Dá uma olhada no contador aí embaixo, na barra de links… achou? Então, se você for o número 99.999 me manda um e-mail, tá?
Inté!



Escrito pela Alê Félix
22, julho, 2003
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Entre hoje e amanhã este blog deve bater os cem mil acessos… Há alguns meses, na virada de um desses números bonitinhos, eu prometi uma miniatura
de amarula e uma de sucrilhos e não entreguei o negócio até hoje. Eu sou uma tratante, eu sei.
Bom, vou procurar as miniaturas e entregá-las antes que a brincadeira vire carma. Mas e sobre o transeunte número cem mil? O que eu faço com ele(a)?
Sugestões?



Escrito pela Alê Félix
21, julho, 2003
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Não fosse tão umbilical, eu abaixaria meu tom de voz, filtraria meus discursos e não ostentaria tantas opiniões. Seria menos agressiva, menos
arrogante e mais carinhosa. Tiraria menos conclusões e seria mais atenciosa. Destruiria minhas verdades absolutas e teria mais fé, mais amor e mais
silêncio. Passaria mais tempo olhando pra mim e menos para os outros. Não toleraria meus preconceitos, dos confessáveis aos inconfessáveis. Seria
mais tolerante, menos implicante, menos maçante. Leria mais, escreveria menos. Pensaria menos, falaria menos, meditaria mais, ouviria mais.
Regularia os decibéis das minhas gargalhadas e não choraria de soluçar. Ignoraria sentimentos de inveja, pena e ódio. Respeitaria mais, muito mais. E
focaria meu olhar para os meus e os seus predicados e não seria tão severa com as nossas imperfeições, porque nunca fomos e nunca seremos melhores ou
piores nas nossas comparações.
Se não fosse tão umbilical, eu perdoaria menos e me desculparia menos porque brigaria menos. Se não fosse tão umbilical não precisaríamos sofrer
tanto com as nossas discussões, mas se não fosse tão umbilical não sei se eu gostaria e me importaria tanto com você.
Nós não pedimos pra nascer, muito menos pra crescer embaixo do mesmo teto. Mas já que a vida fez questão de diminuir nossas distâncias, acho que
podemos fazer melhor.



Escrito pela Alê Félix
21, julho, 2003
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Durante muitos anos, o único remédio capaz de curar minhas dores de amor foi o salão de beleza. Minhas amigas me indicavam a esteira elétrica, minhas
tias, tortas de chocolate e minha mãe, as comédias românticas, mas nada foi tão eficiente como os pacotes de “Dia da Noiva”.
No começo, quando as paixões e os rompimentos eram mais freqüentes e menos intensos, bastava um dia de manicure-pedicure e uma escova básica para que
eu ficasse bem. Até o dia que eu presenciei um recém ex-namorado beijando uma perua-Koleston-Blonde…

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Escrito pela Alê Félix
19, julho, 2003
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Eu e a Marilu, escoltadas pela senhora do mal, caminhamos em silêncio até a porta da sala da diretora. Diante do velho banco de madeira, Esther
foi categórica:
– Sentem aí e esperem a dona Olga chamar vocês. Se levantarem por um segundo, eu expulso as duas!
Virou as costas, empinou a bunda como de costume e atravessou a passos longos o grande corredor que levava ao pátio.
– Putz, desculpa. Você foi me avisar e acabou encrencada.
Marilu levantou-se num salto e estendeu o dedo do meio em direção à inspetora. Meu coração gelou. Se a Esther visse, seria a nossa morte, mas antes
que eu a puxasse de volta para o banco, Marilu sentou-se e se acalmou.
– Não foi culpa sua. A vaca está de olho em mim desde o dia em que eu pisei nesta merda de escola.
– Ela trata todo mundo assim, Marilu.
– O quê? Você é cega? Com os meninos ela não faz nada. Já viu as calças que esta mulher usa? Acha mesmo que ela traria algum garoto bonito pra cá?
Só se fosse para traçá-lo no banheiro dos professores. Ela quer dar, isso sim!
– …
– Que cara é essa?
– Dar o quê?
– Hahhahaahahahahha! Tá de brincadeira comigo, né? Dar, transar, trepar, fazer sexo… vai dizer que não sabe o que é isso?
– …
– Não?
– Claro! Claro que sei. É que hoje estou meio devagar.
Um desastre atrás do outro. Como eu poderia imaginar o que significava “dar” se eu nem entendia direito porque alguém transava sem a intenção de ter
filhos? Eu lá, tentando descobrir como é que se beijava na boca sem dar vexame e ser desmascarada, e aquela galinha vinha me esfregar na cara que eu
não sabia o que era sexo. Eu havia aprendido na aula de ciências que era através do ato sexual que os bebês nasciam e estava aprendendo com os alunos
mais espertinhos que aquilo se fazia não só para gerar bebês, como também por diversão. E agora aquilo! Todo mundo inventando apelidos para o ato
sexual. E ainda por cima zombavam de desavisadas como eu, que nunca tinham ouvido falar de “dar”, “bimbada”, “crau”, “cutuco”… Que graça tinha
inventar tantos nomes pra mesma coisa?
– Vem comigo!
– Marilu, não! A Esther disse que…
– A Esther manda nos seus passos?
Grandessíssima manipuladora. Ela parecia saber exatamente o que dizer para convencer as pessoas a fazerem o que ela queria. Na ponta dos pés,
caminhamos entre as salas da área proibida aos alunos.
– Que limpo! Como foi que você descobriu este lugar?
– Vindo levar advertências da diretora, oras. Acha o quê? Que eu ficaria ali plantada esperando a bonitona? Eu não!
– Tem até espelhos de corpo inteiro! Bem, que podiam colocar um desses no nosso banheiro.
– Claro, bobinha! Podiam deixar um cabeleireiro à nossa disposição também…
– Se nos pegarem aqui, estaremos fritas.
– Estamos fritas de qualquer jeito.
– Tudo por causa daquela droga de hino. Vou fazer xixi, segura a porta pra mim?
– Não precisa, aqui tem trinco! E a culpa não é do hino, mas sua, que não sabe fingir que está cantando enquanto pensa na morte da bezerra.
– Ando muito preocupada ultimamente. Pensa que é fácil pensar em tudo?
– Técnica – você precisa desenvolver a técnica da atenção. Só assim, pra você pensar no que quiser enquanto os outros tagarelam no seu ouvido ou
exigem que você faça o que eles querem. Eu posso passar horas conversando com você e não ouvir uma só palavra do que você diz, basta pegar no ar uma
ou outra palavra, resmungar uns “ahãs”, uns “é verdade”, “é mesmo”, “nem me diga”… Aulas de Educação Moral e Cívica, por exemplo, eu mal sei como é
a voz daquela professora.
– Não posso acreditar que você consegue não ouvir aquele monte de bobagens.
– Se não fossem bobagens, eu ouviria, darling.
– Eu odeio aquela aula. Acredita que esta privada é tão limpa que dá até pra sentar?
– E eu não sei? É por isto que eu só uso este banheiro. Eu também odeio. Aula pra imbecís.
– E aquela cartilha, então? É uma ofensa! Nunca te pegaram aqui?
– Nunca. E nunca li aquela droga. Joguei a minha no lixo, arranquei a capa e encadernei com ela um livro de quadrinhos eróticos que a minha prima
mandou da França.
– Mentira!
– Veja com seus próprios olhos. – Abriu a mochila e mostrou-me o livro adulto adulterado.
– Tudo em francês!
– Claaaaaaro, Alê.
– Mas você entende?
– Não, mas basta ter imaginação pra saber o que eles estão falando.
– Eu adoraria saber o que está escrito… Uau, que desenhos bem feitos. E quanta língua…
– Nosso poder está na língua, darling.
– O quê?
– Na língua! Nosso poder está na língua. No verbo e no beijo. Minha prima me contou que nunca beijou tanto de língua como tem beijado lá na França.
– Ela não é brasileira?
– É, mas a mãe dela é francesa e se separou do meu tio. Foram as duas morar em Paris. Minha prima é uma sortuda virada pra lua.
– Nunca conheci ninguém que tivesse pais separados.
– Se Deus quiser, em breve você conhecerá. Não vejo a hora dos meus pais pararem de brigar e irem cada um para o seu canto.
– Deve ser bom mesmo… duas casas, dois presentes, maiores chances de argumentar pra conseguir sair com os amigos. Lá em casa eu não posso nem
piscar, que já estão todos me dizendo o que fazer, que horas ir, que horas voltar. Nem sei o que fazer pra me livrar dos sermões na semana que vem.
– Por que na semana que vem?
– Vou aceitar um pedido de namoro…
– Pedido de namoro? Hahahhahahahhaa!
– Pode rir à vontade… Eu prefiro assim, não sei namorar como você.
– Pedir em namoro é muito careta… Hahahahah! Desculpa, mas é engraçado. A caretice e o militarismo dessa escola vão me transformar em uma carola,
qualquer dia desses.
– Ah, eu não acho careta pedir em namoro. Acho que é um sinal legal, um sinal de que o garoto está a fim de verdade. Do jeito que você faz, não dá
pra ter certeza.
– E eu lá quero alguma certeza? Eu só quero é beijar na boca e ser feliz!
– Mas onde está a graça de beijar e não namorar? Bom mesmo é namorar.
– Ah, é? Então me diz o que você faz quando aceita namorar um menino e depois descobre que ele não beija bem?
Eu não havia contado a ninguém sobre o fato de nunca ter beijado, ela não seria a primeira, mesmo que naquele momento ela parecesse a melhor pessoa
pra confiar o meu segredo.
– Termino, ué!
– Ah, muito trabalho. Meu jeito é melhor. Beijo, experimento e depois decido se quero namorar ou não.
– Mas aí você corre o risco do menino não querer mais namorar você.
– Em que planeta? Neste? Aqui, Alêzinha, quem manda somos nós. Por mais inteligente que um homem seja, sempre vai comer na mão de alguma mulher.
Escolha suas vítimas e prepare-se para convencê-los do que você quiser.
– Pára! Tudo bem que você é bonita, engraçada, inteligente… mas daí pra fazer o que bem entende com os meninos é outra história.
– Outra história nada! É só você aplicar um bom beijo de língua neles. Minha prima me ensinou uma técnica imbatível! Dá pra treinar na mão.
– Anh? Como assim? Hahahahahahahaha… – Ri o sorriso mais nervoso do mundo. Se ela me dissesse como, todos os meus problemas estariam resolvidos.
– É fácil, vou te mostrar. Faz assim: pegue a sua mão e ponha, próxima da boca, a curva que existe entre o indicador e dedão. Agora fecha os olhos e
imagina que esta é a boca do menino. Imaginou?
– Imaginei. Tô me sentindo uma otária, mas imaginei.
– Xô, xô, xô! Tire os pensamentos “estraga prazeres” da mente, antes que eles arruínem o treinamento e seus futuros beijos! Beijo bom é corpo
arrepiado e mente cheia de desejos. Vamos lá! Imagina que a sua mão é a boca do menino, imagine a língua… começe com beijos leves, beijos suaves…
agora deslize com tranquilidade a sua língua pelas curvas da mão e deixe a língua ir pra onde quiser… Relaxa o corpo, mulher! Dura desse jeito,
você nunca será uma expert! Quem você andou beijando nos últimos anos, heim? Se faz isto com a sua mão, pobre dos garotos que você namorou!
– Eiiii! Dá pra parar de me achincalhar? Já perdi toda a concentração.
– Certo, parei. Voltando… pegue de novo o “L” da mão e comece tudo de novo. Devagar, descobrindo e aumentando a intensidade do beijo… Isso, isso
mesmo. Minha prima diz que beijo bom é aquele que um saboreia os lábios do outro até que a gente perde o fôlego e entra boca adentro como se a língua
fosse um bandeirante desbravando uma mata virgem…
– Punnfff…
Segurei o riso no nariz, na tentativa de segurar a gargalhada, mas acabei dando uma babada no meu Murilo imaginário.
– Hahhahahahhahaha…
– Posso saber o que vocês duas estão fazendo no banheiro dos professores?
– Aaaaaaaaaaaaaaa!
– Aaaaaaaaaaaaaaa, caralho que susto Dona Olga! Quer matar a gente do coração?
– Humm, fodeu! – num sopro de voz e de riso, tentei avisá-la – Palavrão não, palavrão não, Marilu…
– Palavrão não? Punfff! Você acabou de falar “fodeu”! Por que eu não posso falar “caralho”?
———-> Continua
Clique aqui para ler o Post I – A saga do primeiro beijo.



Escrito pela Alê Félix
18, julho, 2003
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Marilu era uma das garotas mais faladas do colégio. Enquanto o charme do momento era pedir um tempo pra pensar antes de namorar, Marilu ignorava
a etiqueta e “ficava”. Para garotas como ela, aqueles foram anos injustos. Bastaram duas tardes de beijos na boca (uma tarde com um, outra tarde com
outro), para que sua fama de galinha desavergonhada espalhasse como o cheiro do sopão oferecido às terças-feiras. Cheiro horrível, aquele! Só
morrendo de fome pra comer aquela gororoba. E era assim mesmo que se referiam à Marilu. “Dia de canjão! Cozinharam a Marilu!”.
A danada era linda. E, como se não bastasse ser bonita, tinha um humor e uma desenvoltura social invejáveis. Seu primeiro dia de aula gerou um grande
bochicho entre os rapazes e fez torcer o nariz da maior parte das meninas. Em menos de um mês já tinha ficado com pelo menos meia dúzia dos garotos
da lista dos “Top 10 Vespertino”, recebeu duas advertências da diretoria por cabular aulas e deixou muita gente com medo da sua língua ferina e do
seu soco certeiro. Deu uma surra de dar dó em uma engomadinha metida a besta que não parava de falar dela pelos corredores e deixou claro com todas
as letras e com um português muito bem resolvido, que sentaria a mão em qualquer um que lhe ofendesse. E eles continuaram ofendendo mas baixo e
longe, bem longe da palma de sua mão.
Por essas e outras, nunca me aproximei muito dela, mesmo nossas carteiras sendo tão próximas. O maldito medo do julgamento alheio me fazia ficar
quietinha no meu canto. Achava, covardemente, que falar com ela me transformaria na Dona Galinha número dois. Mas, mesmo sem proximidade alguma, suas
atitudes faziam com que eu torcesse a seu favor. Num universo onde todos queriam ser aceitos e a moda era ser igual ao outro pra não ser motivo de
chacota, ela ignorava as leis e circulava com o dedo em riste. As meninas a odiavam, os garotos a desejavam e, tanto eles quanto elas, falavam mais
do que deviam e a conheciam menos do que gostariam.
De saco cheio do falatório e com a cabeça estourando de preocupação com a proximidade do dia que eu teria que dar a resposta para o Murilo, decidi me
afastar um pouco das rodinhas e das panelinhas de sempre.
O primeiro sinal tocou e logo as filas se formaram para que cantássemos o Hino Nacional. Todo santo dia a mesma coisa. Vivenciávamos o fim de um
longo período de ditadura no Brasil, mas muitas escolas públicas ainda tinham essa rotina: hino nacional, fila pra entrar, filas e mais filas em
silêncio absoluto, aulas hipócritas de educação moral e cívica e um centro cívico, formado por um bando de alunos babacas, que incentivavam aquela
patacoada toda. Eu odiava aquilo tudo. Não tinha condições de compreender o que acontecia no Brasil e muito menos porque éramos obrigados a engolir
imposições como aquelas, mas eu era muito nova pra sacar o mundo à minha volta, principalmente quando minha maior preocupação tornou-se aprender a
beijar. E, de tão preocupada com este detalhe, esqueci de cantarolar o raio do hino. Até que levei um cutucão da Marilu:
– A Esther vem vindo, fica esperta!
– Tá louca?

Entretida com meus pensamentos, levei um susto e acabei falando mais alto do que devia. Alto suficiente pra inspetora cruela, que já estava de olho
em mim, achar que eu e a Marilu estávamos com descaso a bandeira. Fomos as duas para a diretoria.
———-> Continua
Clique aqui para ler o Post I – A saga do primeiro beijo.



Escrito pela Alê Félix
16, julho, 2003
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