Três mulheres entram no banheiro feminino do restaurante para fumar. Não se espantem meninos, mulheres raramente vão a banheiros públicos para
fazer xixi. Mas no caso das três senhoras em questão, acho que o que elas queriam era bater papo longe dos maridos que se esbanjavam de cervejas e
piadas.
– Desde que ele ficou desempregado ele está com essa cara de derrotado?
– Está…
– Como é que você aguenta esse homem o dia inteiro dentro de casa?
– Vou fazer o quê? Expulsá-lo?
– Deus me livre! Se meu marido passar mais de duas horas acordado dentro de casa, eu peço o divórcio.



Escrito pela Alê Félix
1, agosto, 2003
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Um dia essa moça escreveu um livro, um livro que, alguns anos depois, chegou às
minhas mãos porque eu tenho uma editora e queria muito lançar uma coleção com
novos escritores.
Desde então enfrentamos obstáculos, egos e incidentes, mas todos superados e de grande valia para o aprendizado. Vender livros é muito mais
complicado do que as pessoas estão acostumadas a dizer por aí. E nem tanto pela conquista dos leitores, mas sim porque é trabalhoso, caro, de
delicada administração e divulgação, requer sorte, dedicação, paciência, honestidade, transparência e mais, requer que todos façam a sua parte e
estejam preparados para entrar num universo onde a guerra das vaidades beira o insuportável. É necessário ter um time. Um time que jogue bem, mas que
principalmente jogue limpo e unido. E tudo isso para ganhar cerca de 10% do valor do livro. No decorrer de um ano, vale muito mais a pena guardar
dinheiro na poupança do que investir em uma nova publicação, mas a poupança não tem menor graça e devo confessar que aprecio os grandes riscos.
Desde o lançamento, aprendemos a rir das desgraças e a comemorar as conquistas juntos e isto tem sido tão gratificante quanto ver que, ao contrário
do que estamos acostumados a ouvir, as pessoas lêem sim. Não são todas, é verdade; ainda existem muitos preguiçosos que não se dão a este prazer. Ter
a editora e ter um blog que me aproxima dos leitores me fez ver que as pessoas não só lêem, como se tornam nossas maiores aliadas na divulgação do
livro. Basicamente é com elas que precisamos contar – o resto é consequência dos ventos e do trabalho diário.
Sabe, tudo isto me fez crêr que posso jogar diferente e que ganhar ou perder é bastante relativo quando estamos acima das picuinhas a que somos
submetidos. Tem sido muito bom. Principalmente porque, independente do crescimento pessoal e profissional, sou uma filha de comerciantes
ferenges que tem horror a prejuízo e que vai provar, mais cedo ou mais tarde, que livros e novos escritores valem a pena e dão lucro.
Ah, vocês assistiram a entrevista? O Pedro Bial
gostou e se emocionou com o livro. Que bom, as opniões (boas ou más) de críticos sérios são bem-vindas e importantes.
E, para quem não sabe, a Daniela Abade é a moça por trás das notícias do site Mundo
Perfeito
e a escritora do livro Depois que
Acabou
publicado pela minha editora no começo deste ano.
Outra coisa: não vou mais escrever sobre a saga do primeiro beijo e nem sobre o videotexto. Cansei delas!
… he he! Brincadeira amorecos, foi só para bancar a bestalhona um tiquinho. Vou aproveitar que estou sem sono e escrever um pouco. Esses últimos
dias eu estava odiando essa história de blog, hoje estou adorando. Que bela invenção! Vocês não acham? Eu acho.
Inté!
Espaço Aberto – Pedro Bial entrevista Daniela Abade
Reprises: Sexta (01/08) às 01:30 – 08:30 – 15:30



Escrito pela Alê Félix
1, agosto, 2003
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Depois Que Acabou - de Daniela Abade
Pedro Bial entrevista Daniela Abade sobre o livro Depois que Acabou. Hoje no programa Espaço Aberto às 21h30 na Globo News.

Clique aqui para ler e assistir a chamada para o
programa de hoje à noite


Clique aqui para comprar o livro ou dirija-se à Livraria
Siciliano mais próxima de sua casa. 😉



Escrito pela Alê Félix
31, julho, 2003
Comentários desativados em Espaço Aberto
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Eu devia estar contente
porque eu tenho um emprego,
sou um dito cidadão respeitável
e ganho quatro mil cruzeiros por mês.
Eu devia agradecer ao senhor por ter tido
sucesso na vida como artista,
eu devia estar feliz porque eu consegui
comprar um corcel 73.
Eu devia estar alegre e satisfeito por morar em
Ipanema depois de ter passado fome por dois anos
aqui na cidade maravilhosa.
Ah ! Eu devia estar sozinho e orgulhoso por ter
finalmente vencido na vida, mas eu acho isto uma
grande piada e um tanto quanto perigosa.
Eu devia estar contente por ter conseguido tudo
o que eu quis, mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado.
Porque foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto, e dai?
Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar e eu nao
posso ficar aí parado.
Eu devia estar feliz pelo senhor ter me concedido o domingo
pra ir com a família no Jardim Zoológico dar pipoca aos macacos.
Ah ! Mas que sujeito chato sou eu que nao acha nada engraçado
macaco, praia, carro, jornal, tobogã eu acho tudo isso um saco.
É voce olhar no espelho se sentir um grandessíssimo idiota
saber que é humano, ridículo, limitado que só usa
dez por cento de sua cabeca animal.
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
que está contribuindo com sua parte para o nosso belo quadro social.
Eu é que não me sento no trono de um apartamento com a boca
escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar.
Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
no cume calmo do meu olho que vê
assenta a sombra sonora de um disco voador.
Ouro de Tolo – Raul Seixas



Escrito pela Alê Félix
30, julho, 2003
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Maridon colocou um chat bacanão por aqui. Entre para testarmos.
Chat testado, aprovado e desligado! Outra hora eu ligo.



Escrito pela Alê Félix
27, julho, 2003
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As Novas Escravas
Não há lógica que explique o uso de sapatos de saltos altos. Podem ser lindos, podem ser sexy, mas o fato é que eles não passam de uma máquina de
tortura irracional e prejudicial ao esqueleto de uma mulher. Além de ser um fato comprovado, se fossem bons, aposto que os homens também usariam…
Clique aqui para continuar



Escrito pela Alê Félix
26, julho, 2003
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Nada como uma espanhola – que fique claro que estou me referindo a vinho com leite moça e abacaxi – para acabar com uma crise de pudores! Que
fresca que eu sou! Eu só precisava fotografar os peladões, nada mais do que isso! Nada que justificasse um momento “oh, céus… oh, vida”. Além do
mais, estava divertido espiar pelas lentes da câmera fotográfica.
Uma coisa era certa, aquela era uma oportunidade única. Quando na vida eu teria tanta gente pelada diante dos meus olhos e com permissão para
fotografá-las? Eu era a versão feminina do Spencer Tunick! O que mais eu poderia querer?
Enquanto fotografava, me questionava sobre como era o dia a dia daquelas pessoas, como elas seriam vestidas, trabalhando, andando por aí… É
engraçado imaginar que as pessoas transam, mais ainda imaginar suas fantasias. Que coragem se deixar fotografar! Impressionante mesmo era a
diversidade de detalhes secretos. Esses que estamos acostumados a esconder, sabe? Bicos de peito por exemplo, incrível como eles tem personalidade!
Juro que durante muitos anos achei que todos fossem iguais. Pipius, então? Valha-me deus, que festa! Defini naquela noite as características
prediletas de um pênis, ao menos pra mim. Depois de analisar os meninos de direita e os de esquerda, descobri que eu prefiro os medianos, os que
ficam em posição de sentido e os que aparentam ser mais grossos que o meu dedão do pé.
Eu já me sentia livre, leve, solta e sorridente quando notei que algumas pessoas demonstravam um certo desconforto com a minha presença. Achei
estranho, mas preferi acreditar que eram casos isolados de timidez, afinal, foram eles que me contrataram para registrar aquela orgia. Quer dizer
eles não, o casal do videotexto, mas seria muito pouco provável que não fosse uma contratação de comum acordo.
A impressão de incômodo durou pouco, claro que graças ao efeito da mistureba de vinho, uísque e bebidas doces… céus, malditas bebidas doces!
Exagerei nas olhadas. Exagerei tanto, que só cai na real quando a dona da festa me puxou pelo braço fazendo com que a minha preciosa Nikon F2A
deslizasse pelos meus braços e caísse bem em cima dos quase vinte centímetros do Long Dong Silver que se exibia com duas moçoilas a tiracolo. Parte
da festa parou. Uma confusão em volta do avantajado, que não dava pra acreditar. Não era possível que tivesse doído tanto assim. Não acertou em
cheio, não! Só amorteceu a queda fatal da minha máquina. Ufa!
O maior bafafá e eu tentando salvar uma parte que fosse do rolo de filme que a máquina cuspira. E em vão, porque a dona só faltou me tirar dali pelos
cabelos. Puxava tanto meus braços que eu deixei o filme se perder no meio do povo e atendi aos apelos da mulher.
– O que houve?
– Menina, o que você pensa que está fazendo?
– Como assim? Fotografando, ué!
– Você é louca?
– Eu? A senhora promove uma festa como esta e a louca sou eu?
– O que você pretende? Acabar com a nossa reputação?
– Anh? A senhora só pode estar de brincadeira!
– Menina, venha cá.
Mania feia essa de arrastar os outros pelo braço. A dor já estava começando e o meu humor já estava acabando.
– Fala, fala logo o que a senhora quer, porque eu vou embora dessa festa de gente maluca!
– Mas não tenha dúvidas de que você em breve estará fora da minha casa. Você acabou com a nossa privacidade!
– O quê? Privacidade? Eu? Ooi, tem alguém aí nesta cachola acaju? O que é que vocês chamam de privacidade?
O casal do videotexto, acompanhado pelo marido da dona louca, nos salvou de uma discussão mais séria. Os dois atropelavam os passos com uma muda de
roupa na mão e outras atravessadas pelo corpo. O dono da festa vestia um roupão de banho no corpo e uma expressão estupefata no rosto.
– Que bom! Só faltavam vocês, mesmo! Vocês dois querem por favor dizer pra essa senhora que eu não fiz nada de errado? Não tenho culpa que a câmera
caiu bem no bigulinho do rapaz. E só caiu porque ela veio, pegou meu braço e saiu me arrastando como se eu fosse um saco de cimento. Se bem que, cá
entre nós, essa daí tem cara de que nunca viu um saco de cimento na vida…
Com o rabo no meio das pernas o casalzinho do videotexto não abriu a boca. Nenhum dos dois! O dono da casa, com sua voz de mordomo da novela das
oito, resumiu os fatos para todos nós. Cinco minutos depois, eu e o casal surreal atravessávamos o jardim em silêncio, junto com um dos trogloditas
da segurança. Eu? Muito, muito indignada e com a cabeça tão quente de vergonha, que o álcool que restava no meu cérebro me fez explodir com aquelas
duas bestas quadradas.
– Mico! Mico gigante! Que tipo de suingueiros não sabe que não se pode tirar fotos das festas? Como é que vocês querem brincar num lugar desses se
não sabem as regras? Eu não! Eu não tinha obrigação nenhuma de saber dessas coisas porque até em sonho eu sou careta! Mas vocês dois… e ainda me
meteram no rolo! Que cabeça, a minha… Eu devia ter desconfiado, mas não… Expulsa do surubão! Era só o que me faltava, nesta vida.
– Dá pra fechar a matraca aí, ô gordinha? – grunhiu o troglodita quando já estávamos com os pés na rua.
– Olha aqui, ô… – curvei o corpo para o lado e alonguei-me o máximo que pude para enfiar o dedo no queixo do sujeito quando ele olhou pra mim e
soltou surpreso:
– Ei, você não é a filha da Dona Maria?
———————–>> Continua
Clique aqui para ler o Post I – O começo de toda a história



Escrito pela Alê Félix
25, julho, 2003
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Isto parece ou não parece uma notícia de um Mundo Perfeito?



Escrito pela Alê Félix
24, julho, 2003
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