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OFF-LINE



Escrito pela Alê Félix
8, agosto, 2003
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– Que papinho furado! “Maiores obstáculos”… “grandes recordações”… éca! E se eu vomitasse dentro dessa caixa de giz?
– Ergh! Deixa de ser nojenta, Marilu! E pára de frescura porque agora falta pouco.
– Se deu mal, hein?
– Nem me diga.
– Tirando a sua idéia patética de escrever na lousa, o resto foi muito legal. Não esperava isso de você.
– Acho que nem eu. Mas tudo bem, o pior está por vir. Se meus pais lerem este bilhete, adeus próximos finais de semana.
– Isso pode estragar seu encontro com o Murilo?
– Sim… foi a primeira coisa que pensei.
– Seus pais são tão bravos assim?
– São.
– Então só há um jeito de se livrar deste bilhete.
– Qual?
– Falsificamos a assinatura deles.
– De jeito nenhum! Enlouqueceu?
– A assinatura deles é muito complicada?
– Não, mas…
– Então está tudo certo! O que você fará depois da escola?
– Nada. Mas, Marilu, se nos pegarem falsificando as assinaturas dos nossos pais, teremos um problema muito maior.
– Nossos pais, virgula! Faço questão que os meus assinem. Eles não dão a mínima para o que eu faço ou deixo de fazer. Vou encher aquela casa de
bilhetes e problemas escolares. Quem sabe assim, eles viram o disco e passam a brigar por outra coisa que não seja dinheiro. Depois da aula eu vou
com você até a sua casa e te ajudo com as assinaturas. O que acha?
– Não sei…
– Deixa de ser bundona! Vamos?
Não tive escolha. Falsificar as assinaturas não me parecia uma boa idéia, mas era isto ou babau fim de semana, babau primeiro beijo.

———-> Continua

Meus dias de insônia resultaram em uma porrada de posts do videotexto e do primeiro beijo. Mas vou postá-los aos poucos senão mato vocês de
tédio. Aguardem um post por dia até o final dessa semana. Beijoca no nariz!

Clique aqui para ler o Post I – A saga do primeiro beijo.



Escrito pela Alê Félix
7, agosto, 2003
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Desde o dia que me ensinaram o que era rifa e poker, eu fiquei assim, louca para ganhar dinheiro fácil. Não, eu não sou do bingo e nem de torrar
meu pobre dinheirinho nos dados. Uso minha sorte, mas não sou burra. Aprendi cedo que a sorte é uma mulher fácil, que vive dando mole para o azar.
Então, por via das dúvidas, tomo cuidado para não encontrá-la quando ele está por perto.
O curioso é que eu sempre tive a Intuição. Eu sei quando vou ganhar. Ou melhor, eu sinto. O único problema é que minha intuição só se manifesta
diante de pequenos prêmios. Se estiverem sorteando uma cafeteira pode acreditar que ela será minha, mas me dê um cupom de uma Ferrari pra ver o que
eu ganho? Nada. Nadica de nada.
Semana passada parei em um posto de gasolina, enchi o tanque, lavei o carro e lá veio uma mocinha com bexigas e uma prancheta na mão. É
impressionante como esses lugares fazem essas meninas pagarem micos. Pra que vir cercada de bexigas pela cintura? A coitada ainda precisava andar
dançando, de preferência no ritmo da música alta do carro de som.
– Com licença? O que a senhora acha de passar um belíssimo fim de semana, com direito a acompanhante, em um dos nossos luxuosos e paradisíacos hotéis
que estão espalhados pelas cidades mais incríveis do Brasil?
O script era terrível. Olhei os papéis, certa de que tentariam me vender no momento seguinte um titulo hoteleiro qualquer. As fotos mostravam várias
opções de hospedagem. Camas confortáveis, árvores, flores, passarinhos cantarolando na minha imaginação, uma piscina e um ofurô dizendo: “preencha o
cupom, preencha o cupom…”
Hipnotizada pela miragem de um fim semana longe do telefone e do computador, preenchi o cupom, ciente de que os dois dias de paz e sossego estariam
no papo.
Ontem a moça da agência de turismo ligou para confirmar minha mediunidade. Eu fui a sorteada! Mas, passados os primeiros minutos de boas notícias,
começaram as palhaçadas.
Conclusão: preciso confirmar as reservas pessoalmente em uma agência que fica do outro lado do mundo. Mais precisamente, em Parelheiros e dentro de
uma pizzaria, o que me pareceu bastante estranho. Isto tem dia e hora para acontecer, não posso ir quando eu bem entender. E preciso levar o
acompanhante comigo, caso contrário viajarei sozinha. E mais, não estão inclusos transporte e alimentação. Eu que me vire para chegar na Paraíba,
caso este seja o meu destino.
Agora, me diz: Isto parece ou não parece uma arapuca?



Escrito pela Alê Félix
6, agosto, 2003
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Insones duram pouco ou isso é lenda? Morro de inveja de quem dorme. Principalmente dos que dormem e acordam no tempo certo do sol.
O lado bom é que, mesmo que seja breve, eu viverei mais. E o ruim é que eu vivo sonhando com os sonhos que eu deixo de sonhar.



Escrito pela Alê Félix
6, agosto, 2003
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Vocês conhecem este site? Deveriam. A Natalia, a dona do pedaço, é uma moça lá de Minas Gerais. Uma
garota que dá um duro danado pra deixar a vida em ordem. E nas horas vagas, ela ainda acha tempo para ter um blog… Mas quem disse que é um blog
sobre ela? Que nada! É um blog para quem está perdido neste universo de blogs, um blog que esclarece dúvidas e que ajuda qualquer um a entrar nessa
brincadeira.
Se vocês forem até lá, aproveitem para votar nela, tá? A votação acaba depois de amanhã por isso, corram. Ela merece, é uma boa menina.
Beijo e até mais tarde. Eu ganhei alguma coisa de um posto de gasolina. Desses que a gente preenche o cupom, sabe? Vou ver o que é. 😉



Escrito pela Alê Félix
5, agosto, 2003
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Dona Olga orgulhava-se da fama de diretora mais severa que a escola já tivera. Eu acreditava que levaríamos uma boa bronca pelo incidente do Hino
Nacional, mas nos pegar usando o banheiro dos professores e ainda por cima aos palavrões, era um bom motivo para uma suspensão. Palavrões eram
intoleráveis pela direção e certamente nós pagaríamos pela indisciplina.
– Venham comigo.
Obedecemos a diretora, caminhamos até a grande sala que ela ocupava, sentamos e esperamos caladas pelo pior.
– A Esther me disse que vocês conversaram durante o Hino Nacional. Vocês sabem que isso é um desrespeito, não sabem?
Sacudimos a cabeça para baixo e para cima.
– Não me surpreende vê-la em minha sala, Marilu. Mas você, Alessandra? Até hoje nunca tivemos nenhuma queixa sobre o seu comportamento. Ao
contrário, seu currículo escolar é um dos melhores da sua turma. Suas companhias sempre foram muito saudáveis e suas notas exemplares. Já você,
Marilu, deveria envergonhar-se. Não contente em estragar o seu próprio futuro, agora pretende desvirtuar os bons alunos que temos? Pois saiba que eu
não permitirei que isto aconteça. Alessandra, você pode ir. Reflita sobre este incidente e não volte a cometer os mesmos erros. A Marilu fica.
Não tive reação; nem verbal nem física.
– Vamos, pode ir.
Minha cabeça girava num misto de medo e vergonha. Eu tentei falar, tentei explicar que a Marilu era inocente, que eu é que estava desatenta na hora
do hino, que ela só quis me alertar para que eu prestasse atenção… Levantei da cadeira com os joelhos trêmulos e, de cabeça baixa pela falta de
coragem, saí em silêncio.
– Quando sair, feche a porta.
Dois nítidos caminhos surgiam à minha frente e, por inércia, eu segui o de costume. Sair daquela sala e deixar que a Marilu fosse punida sozinha, me
garantia a imagem de boa aluna e belo exemplo, mas dali para a frente, eu teria que carregar no colo a minha vítima sem brios. Fechei, junto com
aquela porta, um ciclo da minha vida. Um ciclo de poucos anos, mas o primeiro regido pela consciência. O forte barulho da porta de madeira maciça
contra o batente ecoava como um chicote nas minhas costas. E doeu tanto, que foi impossível não perceber que aquele era o momento de deixar para trás
a menina covarde e mal articulada que ditava as regras dentro de mim.
Toc, toc, toc…
– Entre.
– Eu posso entrar de novo?
– Esqueceu alguma coisa?
– Não, não dona Olga é que…
– Sim, diga.
– É que a Marilu não teve culpa de nada.
O silêncio permitiu que eu ouvisse as batidas do meu coração. Finalmente eu me sentia no caminho certo.
– Alessandra, não tente defender a Marilu. Ela já assumiu a culpa e já recebeu a advertência merecida.
– Não… Eu não sei o que ela disse à senhora, mas a culpa é minha. Eu estava distraída na fila e ela tentou me chamar a atenção. Mas aí a Esther
viu, achou que estávamos conversando e nos trouxe para cá. A Marilu não teve culpa, mas como ela está acostumada a aprontar, acabou pagando o pato
junto comigo.
– Sem gírias por favor.
– Sim, senhora.
– E o banheiro dos professores?
– Eu…
Não havia o que falar sobre o caso do banheiro dos professores, as duas eram culpadas.
-Estávamos muito apertadas…
Mentir para dona Olga era como ser imune ao cinto da verdade da Mulher Maravilha.
– Hum… E os palavrões?
– …
– Estávamos treinando pra ver quem dizia o mais cabeludo.
– Silêncio, Marilu!
– A senhora tem razão dona Olga, foi uma atitude impensada. Levamos um susto quando a senhora abriu a porta e os palavrões escaparam. Não dissemos
por mal. Se a senhora quiser podemos escrever na lousa cem vezes que estudaremos mais para melhorarmos o nosso vocabulário ou que pensaremos duas
vezes antes de falar.
– Opa! Eu não. Pra que escrever, se você continua abrindo a boca sem pensar? Eu prefiro o meu dia de suspensão.
– Chega, Marilu! Aceito a sugestão da Alessandra. Vocês duas podem pegar a caixa de giz e irem até a sala dos professores. Usem a lousa de lá.
Cinqüenta vezes cada uma está de bom tamanho. Isto e esses bilhetes.
– Que bilhetes?
– Estes. Quero que o pai e mãe das duas estejam cientes do que aconteceu. Amanhã, antes da primeira aula, quero os dois bilhetes assinados.
– Mas…
– Bem feito.
– Sem mas. Peguem seus bilhetes e a minha frase do dia. Aproveitem meu bom humor e o meu momento de inspiração: “Os maiores obstáculos
transformam-se nas melhores recordações.” Podem ir.
———-> Continua
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Escrito pela Alê Félix
4, agosto, 2003
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Jurema, um caso de amor e traição

“Estrada do M’Boi Mirim, 800 – 15hs – Jurema: 5514-6878.”


Eu queria morrer… ele estava me traindo. Estávamos casados há dois anos, a vida em um momento difícil, ele andava triste e eu também. Mas daí a
esquecer um bilhete rabiscado às pressas com os dados de um caso no bolso da calça, já era demais! Chorei calada um dia inteiro, era óbvio que ele
havia se encontrado com a tal da Jurema no dia anterior…

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Escrito pela Alê Félix
2, agosto, 2003
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Eu não conheci o Hugo gago que certamente mordia sofás, mas conheci o Hugo Muffin. Mesmo assim, assim como seus pais, aprendi a admirá-lo pela
genialidade. Minhas lembranças do cabeludão são de fotografias que me fizeram rir do desleixo rebelde e nada mais do que isso. Acho até que o moço
que um dia quis mudar o mundo misturou-se com o cara que catava mulheres nos pontos de ônibus. Eu te conheci em uma época de caldeirão, onde era
difícil reconhecer uma ou outra fase. Uma época de caldeirão pra você, pra mim e para muitos daqueles que passaram pela cozinha do Tombaqui.
Durante muito tempo eu confesso que não tive olhos pra você. Você era só mais um dos nerds do videotexto, só mais um cara de óculos impressionado com
a vida de balcão e farra da Vila Madalena. Mas, aos poucos, fui me surpreendendo e rindo das suas histórias colecionadas nas esquinas e das suas
noites mal dormidas em cima do freezer, embaixo do piano e na cama de desconhecidos.
Aquele ano e o seguinte passaram rápido e foram muito difíceis para mim. Talvez os mais difíceis que já atravessei. Lembro que no primeiro ano da
M’Boi era pelos meus antigos amigos que eu esperava, quando você e o Jaime batiam na nossa porta depois de cruzarem a cidade só para dividirem
conosco o nosso caos, a Baré-Cola e o pão sovado. Você não imagina como era difícil compreender o que vocês faziam por lá, não imagina quantas noites
daquelas eu e o Rubens nos perguntamos o que é que vocês haviam visto na gente pra não sairem daquele fim de mundo e talvez não imagine o quanto
vocês dois foram vitais pra nossa saúde mental. Vocês foram os amigos novos, os amigos que não eram do Rubens e não eram meus. Sabe quando foi que eu
enxerguei isso? Não sei se você vai lembrar, mas foi um dia que você me chamou pra conversar longe do Rubens e do Jaime. Fui crente de que era
fofoca, toda sorridente e , de repente, você começou a me contar sobre alguns problemas pessoais que estava enfrentando… Claro que, na hora, eu
achei que fosse sacanagem, mas no momento seguinte percebi que nós quatro estávamos construindo uma grande relação. Éramos quatro rebeldes em busca
de sustento, éramos amigos de bar, amigos para rir, chorar e eu não havia me dado conta.
Sinto saudades sim. Sinto saudades do amigo 24 horas, do único cara que eu podia ligar as quatro da manhã para tomar café e falar da vida em um
boteco qualquer, do cara que se metia nas badalas mais surreais e nos divertia com sua vida sem lenço e sem documento. Sinto saudade do diariamente.
Um dia eu perguntei para o Rubens porque é que ele não saía mais vezes com o Marcão e com o Tó já que eles eram tão amigos. Ele me disse que não era
preciso. Que eles sabiam que podiam contar um com o outro sempre. A amizade não esfriava por falta de convívio. Naquela época eu era muito nova pra
compreender como uma amizade se sustentava sozinha, mas hoje eu sei. A sorte me deu algumas para que eu pudesse compreendê-las. E é assim que eu
sinto que somos. Eu, você, o Jaime e o Rubens. Não interessa quantas vezes vamos nascer e morrer dentro de nós, fazemos parte da história um do outro de um
jeito muito especial e por maiores que sejam as mudanças e as distâncias. Amigos assim, sempre terão uma estação de trem para poderem esbofetear a
cara de alguns passageiros.

Adorei ontem. Amo vocês três… Que puta papo de bêbado. Ainda bem que o Jaime não bebe e o Rubens não tem blog.



Escrito pela Alê Félix
2, agosto, 2003
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