Não existem caminhos diferentes, existe a necessidade ou a vontade de ir embora. E fizemos isso tão às
escuras e por tantas vezes, que tratamos de esquecer e fingir que nada aconteceu.
Eu não consegui esquecer. Sinto saudade das amizades perdidas. Saudades daqueles que o endereço mudou, o
telefone diz que não existe e o abraço se desfez em lembranças. Sinto pelas horas que tivemos e desperdiçamos
com palavras desnecessárias. Sinto pelo descuido e por não ter respondido quando vocês me chamaram. A maturidade
sempre chega antes ou depois, nunca na hora certa. Sinto não ter sentido.
Às vezes sonho com uma agenda atualizada. Nestas horas eu quero de volta as lágrimas que ficaram nos nossos
ombros, o barulho da campainha no meio da madrugada e a porrada de ter alguém que saiba amar apesar de tudo.
Quero os amigos que se foram, mas que nunca deixaram de ser. Nada deveria ter valido mais do que a mistura das
nossas histórias.
Queria poder dividir os sonhos, as rugas e os dias. Mas, se não fosse possível, bastaria se eu pudesse contar
que, apesar dos pesares, vocês são parte do que eu me tornei. Se eu pudesse voltar no tempo, eu teria insistido
antes de perdê-los de vista.

Para o Abu, Kiko, Renata, Wagner, Candy, Marilu, Vanderléia, Gesian, Marcelo, Liliam, Claudia, Edson e Zé –
Amigos que eu ganhei e perdi.



Escrito pela Alê Félix
8, dezembro, 2003
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– Você não perde por esperar…
– Você não sabe nada!
– Não sei, mas ouvi falar.
– Todos nós ouvimos falar.
– Mas as minhas fontes são confiáveis.
– O nome disto é fé. E ela pode te dar segurança, mas não certezas.
– Está certo. Não quer me ouvir? Problema seu.
– Já que você acredita tanto no outro lado, porque quis companhia?
– Primeiro porque você não sobreviveria sem mim, segundo porque não quero correr o risco de não aprender a
compartilhar. Disseram que seria garantido se você viesse.
– Garantia? Todos sabem que não há garantias. Medo. Foi por isso que você implorou pra eu vir junto. Aposto.
– Eu implorei? Fiz um favor! Você me deve a vida. Mas não se preocupe, eu não costumo fazer cobranças.
– Eu não me importaria de ficar aqui sem você.
– Sei, sei… diz isso agora porque eu estou aqui.
– Atrapalhando e apertando.
– Mas do seu lado. E dizem que depois daqui, manter-se ao lado é uma das tarefas mais difíceis.
– Até mesmo a inexistência seria melhor do que ficar aqui com você me chutando.
– Ah, é? Vamos ver como você reage quando chegar a hora. Disseram que é terrível, que aparece uma luz, que é
frio e que todos são chicoteados logo que as portas se abrem.
– Será que existe alguma chance disto acabar antes do prazo? Eu não quero passar dez luas com você e as suas
lendas…
– Sabe de uma coisa? Você era muito mais legal antes de virmos para cá.
– Se você ainda não percebeu, nós estamos mudando.
– Percebi sim. Percebi inclusive que o formato do seu nariz está ficando igual ao meu. Mas não se preocupe, a
evolução pode melhorar a sua aparência, mas duvido que terá efeito sobre as suas idéias.
– Mais um chute e eu enforco você com esse cordão!

Tem um (a) desenhista bacana por aí?



Escrito pela Alê Félix
7, dezembro, 2003
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Por que é que sempre que eu estou prestes a chutar o pau da barraca, aparece alguém pra me contar uma
novidade e desviar a minha atenção?

Escrever me ajudou a organizar os pensamentos. Me trouxe um pouco de lucidez e outro tanto de inquietação.
Me fez dormir e me tirou o sono, mas sempre me deu paz depois do ponto final.

Eu estava seriamente tentada a parar. Parar tudo. Inclusive com o blog. Recomeçar de alguma interrogação mal
respondida e tentar organizar melhor os dias, o corpo e a mente. Agora eu não sei mais…

Pensei. Só pensei. Não estou dizendo que vou parar. Nem tenho porque parar. E, se fosse, não ficaria de frescura
procurando afagos no ego. Pararia e pronto. É isso. Tô chata, mas já sei o que fazer. Trabalho braçal distrai a
minha mente. Mas como não tem roupa no tanque, vou brincar no Photoplus. 🙂 Fui.



Escrito pela Alê Félix
6, dezembro, 2003
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– Deve ser mau humor.
– Estou dizendo pra você que não é!
– Depressão?
– E eu sou mulher de ter depressão?
– Então é frescura!
– Quase…
– Conta de uma vez!
– Se eu contar, você jura que não ri da minha cara?
– Claro que eu vou rir da sua cara! Conta logo.
– Pessoas felizes me aborrecem. É isto. Pronto! Falei.
– Sinto lhe informar, mas o nome disto é inveja.
– Não! Longe de mim. Minha própria felicidade me enjoa tanto ou mais do que a dos outros.
– E você está feliz?
– Há um tempão… e é um saco!
– É compreensível…
– O que há de compreensível em alguém que não dá valor à sorte que tem?
– Sua natureza é insatisfeita demais para sobreviver a qualquer tipo de estabilidade. Você não é primeira e não
será a última mal agradecida pela boa vida. Além do mais, felicidade nunca foi garantia de satisfação a longo
prazo para ninguém.
– Não é estranho?
– E o que não é estranho? Se você reparar direito, nem as criancinhas gostam mais das histórias felizes. Elas
querem ação, cabeças degoladas, jatos de sangue… Basta olhar para o rosto dessas garotas. Se elas sorrissem
como as misses, esses desfiles de moda estariam tão arruinados quanto o Miss Brasil. Todo mundo diz que quer ser
feliz, meu bem, mas é só por falta de assunto.
– Passamos a vida falando em felicidade e, quando a encontramos, ela se transforma em monotonia em menos de seis
meses…
– Fale por você, querida! O máximo de felicidade que eu pude vivenciar durou uns onze minutos. E quer saber?
Ainda bem! Pela sua cara, eu não troco meus onze minutos pelos seus seis meses de jeito nenhum!
– É, vai ver que o barato é só a procura…



Escrito pela Alê Félix
4, dezembro, 2003
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É incrível a quantidade de bobagens que fazemos quando estamos perdidos. Sabem aquele ditado que diz “pra
quem não sabe pra onde ir qualquer vento é bom”? Papo furado. Se você não sabe onde ir, fique em casa. Se
possível, durma! Esqueça o caminho, o vento, os ditados e tire uma soneca. Era o que eu deveria ter feito
naquela noite. Que idéia estúpida, ficar de teretetê no videotexto! Ainda por cima com um moleque! Um sujeito
com aquela voz… e bundão! Ele me ligava nas horas mais estranhas, desligava sem dar tchau e, como se estivesse
fugindo da polícia, falava sussurrado a qualquer hora do dia. E mais, vivia dizendo que não podia me encontrar
pessoalmente porque precisava cuidar da avó.
Eu deveria ter desconfiado quando pediu que eu não ligasse pra ele. Justificou o pedido com a desculpa de que a
avó tinha problemas mentais e não suportava o barulho do telefone. Um papo louco! Passei um mês achando que
estava apaixonada por uma voz que me fazia esquecer o ex e me dava forças para romper o noivado com o clone, mas
que vinha de alguém que parecia mais esquisito do que o Adolfo. Um mês
querendo conhecer o garoto da voz grossa e ele se esquivando.
Um mês envolvida neste pesadelo até o dia que acordei com o ovo atravessado e decidi mandar os três para o
inferno. Mas não antes de ver o loiro cabeludo de perto. Contrariando o pedido dele, eu liguei.
– Ou você me dá seu endereço agora ou nunca mais fala comigo.
– Mas…
– Ou isso, ou me esqueça.
– Por que não podemos ir com calma?
– Porque não. Eu tenho que casar nos próximos meses e estou de saco cheio de você me evitando e ao mesmo tempo
dizendo que me adora. Se gosta de mim, deveria querer me conhecer.
– Mas a minha avó…
Eu tinha vontade de esganá-lo quando ele metia a avó na história…
– Você me dá seu endereço, eu te dou um abraço, vou embora e juro que nunca mais te incomodo se você não quiser.
Mas não falo mais com você sem saber quem você é.
Ele deu o endereço com a condição de que eu estacionasse o carro na frente do prédio onde ele morava e
conversássemos dentro do carro. Eu aceitei, anotei o endereço e combinamos de nos encontrar duas horas depois.
Bizarria por bizarria, eu aceitei, mas achei melhor ir prevenida. Como medida de segurança, chamei meu melhor
anjo protetor: a Sueli.
A Sueli era a minha amiga que não fazia perguntas, uma espécie rara no universo feminino. Uma garota fantástica
que eu conheci na época do ginásio e que se tornou uma grande amiga de favores absurdos. Dessas que eu podia
ligar no meio da noite, pedir pra ela me seguir de carro até um determinado lugar e chamar a polícia caso o
locutor fosse uma roubada. Ela era tão incrível, que ouvia os meus pedidos com a cara mais tranqüila do mundo,
levantava uma sobrancelha vez ou outra, mascava seu chiclete e dizia somente: “Ok”. Nenhuma pergunta. Uma menina
tão surpreendente, que me deixava constrangida de expor a minha natural curiosidade quando era ela quem
precisava de mim. Precisei de alguns anos para me adaptar à praticidade e amizade quase masculina da Sueli. Nos
tornamos a amiga-quebra-galho uma da outra. Mentiras, desculpas esfarrapadas, ligações investigativas, amiga
álibi, armação de tocaias, perseguições, me vigiar com o intuito de garantir a minha segurança e jogar água fria
em uma mulher louca, era com a Sueli e o seu fofinho (um fusca verde cheio de adesivos heavy metal).
Conferi pelo retrovisor a chegada do fofinho, ajeitei o cabelo e os brincos e pedi para o porteiro avisar no
802. Conforme combinado, aguardei ansiosamente que o viking da voz de veludo aparecesse, entrasse no meu carro e
mudasse os rumos da minha vida.

———————>> Continua.
Clique aqui para ler o Post I – O
começo de toda a história do videotexto



Escrito pela Alê Félix
2, dezembro, 2003
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Sobre o post abaixo, eu definitivamente mordo, mas não é todo dia… E respondi todos os comentários nos
próprios comentários. Tentarei fazer isso mais vezes. Eu sei, já prometi isso antes e não cumpri. Mas agora que
o destino decidiu que eu não devo ter filhos, terei mais tempo.
Ah, obrigada pelos parabéns. O aniversário tinha tudo pra ser um fracasso, mas foi bacana e eu ganhei presentes
familiares e simbólicos. Ganhei uma boneca dela
e uma palhacinha dela. Aos trinta anos e para
alguém resistente e metida a durona como eu, eles foram mais importantes do que vocês podem imaginar.



Escrito pela Alê Félix
1, dezembro, 2003
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Por que a maior parte das pessoas acha que eu sou nervosinha? Por que vocês pedem a minha autorização pra me
linkarem em seus blogs? Por que algumas pessoas têm medo das minhas possíveis reações? Por que é que quando eu
escrevo algumas coisas parece que eu estou brava quando na verdade só estou me divertindo? Por que é que todo
mundo que entra naquele chat e vê a minha foto acha que eu estou puta com alguma coisa?
Caralho, eu sou um doce! Não deu pra notar ainda? angry_smile.gif



Escrito pela Alê Félix
1, dezembro, 2003
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Se aos trinta anos você receber um cartão como este antes de qualquer parabéns decente, tenha a certeza de
que há algo muito errado acontecendo com você.

mercado livre.jpg

Ok, daqui pra frente eu juro que não falo mais que estou de saco cheio de gente. 72_72.gif



Escrito pela Alê Félix
29, novembro, 2003
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