– Já alugaram o apartamento aí da frente?
– Não está vendo a garota arrumar a sacada?
– Que moça cuidadosa… Bem diferente da moradora antiga.
– Só é mais nova…
– Eitá! E desde quando a idade determina o zelo?
Olhei por cima dos óculos enquanto fechava o jornal e observava a garota, na pequena sacada do apartamento, cavando espaço no concreto para um pouco de terra.
– Vinte e poucos anos, não mais do que vinte e sete, recém-casada, controladora, perfeccionista, romântica. O casamento deve durar alguns anos. No mínimo cinco. Ela deve engravidar em dois, no máximo três anos. Se isso não acontecer o casamento terá que ser muito forte pra resistir… O casamento, o jardim e os móveis.
– Credo! Como a senhora faz isso? Não sabe nada da vida da moça e fica achando todo esse monte de coisa!
– A idade é fácil deduzir. Não só pela aparência física, mas também pelo semblante de sintonia com o tempo que ela carrega. Primeira casa, primeiro casamento, primeira mobília… Se ela tivesse mais de trinta anos, não estaria tão encantada com os detalhes e estaria mais preocupada com a idéia de engravidar do que com a de harmonizar o lugar onde vive. Sobre ser recém-casada, você já viu alguma mulher cuidar tanto de uma casa como ela está fazendo desde que mudou?
– Sei não, senhora.
– Uma mulher só faz isso em três situações: ela acabou de casar e está cheia de esperança, o casamento está em crise e ela está tentando se salvar e, por último, o marido a sustenta e ela entrou em um curso de decoração ou jardinagem. Eu aposto que o caso dela é o primeiro pelos seguintes indícios: essas flores são as mais populares no Ceagesp. Se ela estivesse matriculada em um curso de jardinagem teria comprado as flores mais populares entre as colegas de curso ou as mais exóticas de algum livro e não as mais compradas entre as donas de casa. As árvores ornamentais são óbvias: necessidade de controlar o tempo, a vida, o casamento, etc… Necessidade de controle e tentativa de manter sempre as boas aparências. Ela não apara somente as folhas e os galhos, ela apara e joga fora as frustrações enquanto aproveita para acreditar que está moldando seu futuro. Árvore da felicidade: já virou clichê entre os recém-casados. Principalmente entre noivas supersticiosas que acham que sal grosso e plantinhas da sorte podem mudar seus destinos. Mesinha e cadeirinha para dois em uma sacada minúscula: é a primeira coisa que uma mulher pensa em comprar quando vê uma área livre de apartamento. Tomar café da manhã com o marido, olhar a paisagem de prédios e janelas, fazer especulações sobre os vizinhos que eles não conhecem… Isso é sonho de consumo para qualquer moça romântica, qualquer moça que um dia tenha comprado o kit padrão de sonhos classe-média…
– Eu hein… Num entendi muita coisa do que a senhora disse não, mas achei tudo meio triste.
Eu sorri e voltei para o jornal…
– A senhora costuma acertar essas coisas?
– Anran… Sempre que a vida do outro fica parecida com o que já foi a minha.
Triste mesmo…
Poxa, triste mesmo… ver nossas frustações se repetindo é realmente triste…
Meus maiores erros e meus maiores acertos foram quando eu tentei saber o que estava acontecendo com os outros.
Nao queria ser assim….
Coitada da pobre moça recém-casada se depender dessas especulações, Alê.
Nem um tiquinho de pena dela?
bom, ao menos nao sou uma garota balaio. eu prefiro tanto uma sala sem moveis, com no maximo uma tv – e tb soh se tiver dvd junto..
*suspiro*
– bem melhor agora, obrigado. digo, eu estou, as coisas continuam iguais. sabe como eh.
:]
:*
Oi!
Realmente os desejos de todos nós as vezes se concretizam e outras vezes ficam na ilusão.
O importante é que sempre busquemos a felicidade.
Beijos pra vc e tenha um ótimo final de semana!!!!!!
as vezes acredito que a maturidade nos deixa descrente de tantas coisas …, mas de certa forma é interessante ou um pouco cruel , poder observar as coisas de um angulo diferente e concluir que a gente tbm passou pela msm situação… e o que é pior…um beijo minha linda!!!!
texto legal, gostei das especulações da “senhora” sobre a premeditável vida de recém casado da moça.
voierismo vicia…
Os textos desse blog sempre me surpreende por que expressam exatamente o que eu penso,mas não sou uma pessoa que consegue passar para o papel o que pensa. Sempre leio o que você escreve aqui mas não comento.
Hoje eu vou comentar dos comentários, por que eu achei engraçado as pessoas acharem isso triste. Por que os anos que se passarão no casamento dela serão triste? Eles apenas serão normais, sem a fantasia, mas não triste, não necessáriamente triste.
O que me chamou a atenção foi o fato de para maioria sair do conto de fadas faz com que a pessoa se torne triste. A realidade é triste?
Adoro os seus textos!!!
Nascer, crescer, amar, casar e esperar o casamento dos filhos. Que vida triste! O cavalo do padeiro enxerga mais que muita gente.
Parabéns pelo texto. Você sabe mesmo prender a atenção. A cena ficou até colorida, se é que dá prá colorir com a poluição de Sampa.
Qual era a notícia o jornal, hein?
Abraço.
Só discordo em um ponto: Existe outra situação em que a mulher se dedica tanto à arrumação da casa: Depois de sair de um longo e sufocante casamento, e sentir-se de novo dona do seu próprio espaço. Vai por mim…
P.S. Passo sempre por aqui, mas nunca comentei. Adoro seus textos!!
Uai, eu achei tão engraçado!!! Huahuhua. Acho que é porque eu nunca me casei, né? ;)Adorei, adorei.
q agonia q eu tenho d gente q não pode ver um espaço vazio q vai enchendo de móveis! parece q não tem nada na cabeça e tenta preencher os vácuos mentais com um ambiente mais cheio ainda de nada… iearc.
caralho esse não tenho palavras thau se não vou te um infare tchau
oiiiiii
eu queria fazer sexo da queles que a rola do homen emtra e queria que nao saise mais minha eu estou com vontade de faze sexo
eu sou assim tb!!!
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Que coisa, a recem se casam e já ficam pensando em ter filhos né? Isso ta virando normal em casamentos… depois não sabem porque tem gente que foje deles!