Na entrada da delegacia, encontramos um telefone público. Ainda era cedo, ainda bem! Se fosse muito tarde da noite e precisasse acordar o Seu Manuel para resolver uma pendenga como aquela, eu estaria frita. Ele era um homem de padaria: dormia tarde e acordava antes do sol nascer. Um bom sujeito, mas vivia para fazer dinheiro e voltar para a sua Lisboa. Éramos todos crianças quando o conhecemos. Ele mudou para o bairro e, em seguida, inaugurou a panificadora “Pôr do Sol do São Francisco”. Quando tiraram a faixa de cima do nome, o Zarolho odiou e a primeira coisa que falou para o português foi:
– Oh, Portuga! Por que não botou “Eu Sou o Pão do São Francisco”?
E ele riu. Riu e, nos meses seguintes, se encantou tanto com o interesse que o moleque demonstrava pela fabricação dos pães e pela cara de pau de contar piadas de português, que decidiu educá-lo e torná-lo seu braço direito. Não mudou o nome da padaria, mas adotou o Zarolho. Solteiro, impossibilitado de ter filhos, sem jeito com as mulheres, quarentão e obcecado pelo trabalho, Seu Manuel encontrou no bairro muito mais do que um lugar para sobreviver. Se fosse um dia qualquer, talvez ele não se importasse de ir atrás de nós para livrar a cara do Zarolho, mas naquele dia, não seria tão simples assim. Ele estava de coração partido e, talvez, a última coisa que ele quisesse ver, fosse a cara de um nós.
– Alê, liga você!
– Eu não! De jeito nenhum. Liga você que deu a idéia.
– Dei a idéia, mas você se dá melhor com ele.
– Não, Ivo! Não vou ligar. Ele deve achar que o que aconteceu com a Maria dos Pacotes foi culpa minha.
– E quando é que você vai deixar de achar que a culpa foi sua?
– …
– Então liga você, Marilu!
– Dá aqui esse telefone. Isso não será necessário, mas…
Marilu ligou. Foi tranqüilizadora e direta. Ela era boa nisso. Entendia dos adultos melhor do que todos nós. Dava as piores notícias de um jeito tão natural que fazia o problema parecer menor. Dizia que nenhuma tragédia adolescente é tão trágica quanto pintam e que era só evitar o suspense e frisar sempre que não haviam mortos, nem feridos.
– Pronto. Ele está vindo. Agora eu preciso contar uma coisa, mas vocês vão ter que me prometer que vão ouvir, não vão fazer perguntas e vão fazer o que eu disser. Depois eu explico o que vocês quiserem.
– Lá vem…
– Voadora, custa você concordar comigo uma vez na vida? É pelo bem do Zarolho. Se tudo der certo, quando o Seu Manuel chegar estará tudo resolvido.
Se o Seu Manuel o considerava como um filho, o Voadora o considerava o amor da sua vida. Voadora, tinha sentimentos contraditórios pelo Zarolho. Ora o menosprezava, ora sentia ciúmes de suas amizades, ora o elogiava, mas nunca o deixava na mão. Pelo bem do melhor amigo, até fazer acordos com a Marilu e comigo, que ele vez ou outra implicava, ele faria.
– Ok. Qual é o plano?
– Ótimo. Alê, vou precisar principalmente de você. E de vocês dois… Caso haja briga.
– Vixe, já vi que vai sobrar pra mim…
– Relaxa, Ivo. O Voadora é que é o bom de briga aqui.
– Capoeira não é uma luta, capoeira é uma arte! Quando é que vocês vão entender isso?
– Bom, o negócio é o seguinte: eu conheço o cara do Corcel. Fiquei com ele no final de semana passado.
– No Dancing?
– É…
– Mas não é possível, Marilu. Você estava com o…
Ela passou a mão no nariz, eu fiquei quieta. Aquele era o nosso sinal. O sinal do “concorde com tudo que eu disser. Depois eu explico.”
– Deixa eu ver se entendi… Você ficou com o cara e ele está com a namorada na delegacia. Ou seja, a não ser que ele tenha arranjado uma namorada do último domingo pra cá, ele chifrou a namorada com você?
– Bingo, Voadora!
– Marilu se você não fosse tão inteligente eu casaria com você…
– Ivo, presta atenção. Eu vou entrar com a Alê na delegacia e, na primeira oportunidade que tivermos, eu vou puxar o cara de canto e conversar com ele.
– Mas você vai dizer o quê?
– Deixa comigo. O único problema é que, se o papo não funcionar, você e o Voadora terão que inventar uma história para o delegado. Tudo bem pra vocês?
– Feito.
– Eu detesto mentira, mas se é por uma boa causa…
– Alê?
– Precisa perguntar?
E não precisava mesmo perguntar. Se fôssemos uma gang, a Marilu seria a mentora de grande parte dos nossos crimes. Não era novidade trabalharmos em equipe por diversão ou para livrar a pele de alguém. Podíamos até acordar com a consciência pesada no outro dia, mas na hora não dava pra escolher voltar pra casa e dormir.
——————————–Continua.
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Oi Alê.. estou adorando essa história do ovo negro mas eu quero a do 1° bju também !!!!!
Alê, ADORO essas suas sagas…
putz as coincidências são realmente bizarras…
um beijo!
oiiii tia ale!!!! To gostando mt do ovo negro e os incompetentes no amor…. gostando mesmo!!! To saudades!!!!Bjux!
Alessandra, eu sempre li suas sagas, na verdade, gosto de tudo por aqui. Mas essa do Zarolho está demais… Mal posso esperar pra saber do fim da história. Beijos, Taísa
E eu ousando dizer que a Marilu tinha perdido o borogodó XD Continua a mesma XD
Modelo de personalidade, essa Marilu. Não esqueço do primeiro capítulo em que ela pareceu na saga… o quadrinho erótico francês adulterado… já li aquele post umas 7 vezes, no mínimo XD
Mate minha curiosidade, por Gandalf.. vocês continuam amigas? Espero que sim. Personalidades assim são jóias raras 😉
E esse “continua” que me mata…. hehe
Alê, vc falou q essa do Zarolho ia terminar logo… e eu fico morrendo de curiosidade a cada post… Ai…
E qdo aparecer por aqui a Saga e o Videotexto e vou ler tudo de novo pra lemrar onde parou a história, viu?
Beijo
Tô adorando essa história. Aliás, adorei tudo o que vc já escreveu nesse blog. 🙂
ola alê
amo as suas historias e acho que você escreve muitissimo bem!
mas uma dúvida paira sobre a minha cabeça…. o que vem a ser essa história da maria dos pacotes?!?
por favor sane minha duvida eheh!
beijos
Eu to morrendo de curiosidade!
Muito boa essa história!
Esta história está parecendo com a daqueles livros da Coleção Vaga-lume – que eu adoro. Deixa a gente curioso pra saber o que vai acontecer. Muito bom tudo isso.
Beijos, Alê.
isso vai acabar virando a saga…
Alê li seu blog inteiro hj ! To cansadona de computador hahha =) Muito bom o jeito que vc escreve … queria saber da saga do primeiro beijo e do videotexto ! ;)) sei que vc odeia cobranças, mas não me aguentei ! Um beijo com carinho,
Bibi
Oie!!
Legal a história, já tô curiosa!!
Mas, e a Saga???
e q história é essa de Maria dos Pacotes??
vc já contou??
se contou, põe um link, please…se não, conta, né???
Bjinhos!!
Oieee Alê!!! Meu, essa quase saga tá ficando “punk”… mas o que eu estou realmente curiosa é sobre a história da Maria dos Pacotes… Bom, é isso. Não demore pra colocar outro post, pq eu já não me aguento mais de curiosidade…
Beijos!
Ô Alê, pode me chamar de rainha dos bestas, mas que comentários são esses que você responde? Os daqui do (ex)Amarula? Mais uma vez, tou adorando a saga do Zarolho. Achoq ue já tou encnedo o teu saco com essa história, mas vou voltar a escrever 😀
cara, vc é….muito TOSK!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ESSE É O PIOR BLOG Q EU JA VI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ISSO E UMA DROGA FALEI PESQUISA NAO BESTIRA
Alê,não deixe de contar depois essa história do dancing,a Marilu com o cara do corcel e com o…*segredo*.
Bjs.