Durante um sambão com feijoada que aconteceu nesse feriado, o tiozão da foto tentava arrastar todo mundo pra dançar e ninguém ia. Como eu adoro samba de raiz e não tenho problema nenhum pra sacudir sem saber dançar, fui pra pista com o tio, para o espanto de todo mundo que estava sentadinho, cheio de preguiça e achando que ele era só um lelé entre tantos normais que deveriam evitá-lo.
Meu sobrinho ergueu as sobrancelhas ao me ver levantar da mesa, me chamou de tia louca e impediu numa fração de segundos que o tiozão arrastasse mais duas das mulheres da família pro samba. Disse que a mãe dele não podia porque ele estava com fome e só ela sabia fazer o prato do jeito que ele gostava e que a minha cunhada também não ia porque estava de muleta (mentira, quem estava de muleta era meu irmão, mas foi a desculpa mais rápida e eficiente que ele podia ter dado para que o tiozão dançarino desistisse de convidá-la).
Depois que sai da mesa pra dançar, várias outras pessoas também foram, o tiozão deixou de ser o maluquinho do samba, todo mundo passou a se divertir, mas eu não resisti de curiosidade sobre o comportamento do meu sobrinho e fui falar com ele. É que, desde que ele era pititico, eu desconfiava que ele não ia muito com a minha cara. Sempre soube que tínhamos personalidades e naturezas muito diferentes e que isso, provavelmente, o faria levar pelo menos duas décadas pra me conhecer e respeitar por amor e não por obrigação de sobrinho.
Como ele não deu a mínima quando aceitei dançar, quis saber porque ele havia impedido a mãe e a namorada do meu irmão e eu não. Já estava certa de que ele gostava menos de mim do que do resto da família quando…
– Bonito hein, Vini! Sua mãe e a namorada do seu tio você não deixa que saiam da mesa pra dançar, mas quando me chamam você não diz nada, né?
Ele olhou pra mim e respondeu com a resposta mais linda que eu podia ter ouvido, mostrando que não só gostava de mim, como também gostava do jeito que sou, bem antes das duas décadas que pensei serem necessárias…
– Ahh, tia Alê… E quem é que te segura? E se você não é a doida ninguém dança!
Passei o resto da tarde com cara de bocó alegre, tentando ensiná-lo como é que se sacode sem saber dançar… 🙂
Alê Félix
nhom, que gracinha!! ;~~