Juro, eu me sinto mal por usá-lo da forma que usei. Mas você sempre soube, você ainda sabe, nunca foi por falta de amor. Eu não deixo de amar um homem, só perco a vontade de lhe escrever… O amor se mantém, o desejo se mantém, mas palavras se esvaem e eu finjo que tudo não passa de mais um erro meu.
Sim, eu me sinto mal por ser assim. É como se, ao invés de amor a primeira vista, eu sofresse de inspiração a primeira vista. Me sinto na obrigação de pedir desculpas no final. O que você quer pelas histórias que me deu? Foi como se, seduzi-lo, fosse fundamental para a minha alma e não para a minha vaidade. Não ofereço amor em troca de amor… Contanto que despertasse em mim tudo o que ainda me restasse de poesia e vontade, eu te daria o que quisesse, o que precisasse, o que desejasse. Por apenas alguns dos versos que você me levou a tecer, eu aprenderia a como te amar com devoção, para sempre se fosse da sua vontade. Te ensinaria a morder e mastigar cada momento de prazer que desconhece. Era só me manter com vontade de te escrever… Só.
E agora, me sinto a egoísta da sua história. Como se só me interessasse deitá-lo no meu colo, acalmá-lo com todo o afeto que necessita, para depois confundi-lo com um pouco mais de paixão. Como se, cada abraço meu, fosse um movimento indiscreto para me aproximar dos seus ombros, passear minha língua pela sua orelha, nuca, pescoço… Só para experimentar da sua jugular e descrever o gosto. Só para descobrir suas cicatrizes, mapear o seu corpo, percorrer suas lembranças, descobrir os adjetivos certos, a narração menos entediante, o ritmo mais preciso, a rima mais comovente.
Me sinto mal… Não sinto mais vontade de escrever, acho que não te amo mais. Desculpa. Eu sei. Não é culpa sua. Não repare quando outro estiver em seu lugar. Não é pessoal. É só inspiração, talvez um pouco de provocação. Uma história… Nada além de uma história.