Voltei a fazer massagem com a mulher do pires… Continua tudo assustador e cheio de poodles, mas ela é melhor massagista que já conheci e hoje eu estava dando a vida por uma drenagem linfática misturada com uma relaxante.
Na volta, lembrei que hoje era dia do lançamento do Blonicas e fui dar um beijo na Rosana, Ailin, Aran, Marcelino e desejar boa sorte para todos. O livro parece ótimo, a festa estava charmosa, mas eu voltei logo pra casa. Queria deitar na cama, aproveitar a relaxada e dormir mais do que as três, quatro horas das últimas semanas. Antes, porém, lembrei também de comprar a Folha de São Paulo…
É que na semana passada eles entraram em contato para uma entrevista sobre o Blog de Papel. O Eduardo (jornalista da Folha e uma simpatia de menino), me mandou as perguntas por e-mail e pediu que eu as respondesse o mais breve possível. Dei graças a deus porque eu ando gostando muito desse negócio de entrevistas por e-mail, sabe? Por e-mail podemos ter gratas surpresas. Como, por exemplo, a matéria completíssima feita pelo outro Eduardo, o da Tribuna do Planalto. Já quando elas são feitas por telefone fica uma coisa meio sinistra porque depois que a gente vê a matéria publicada, nunca sabe direito o que realmente saiu da nossa boca.
No caso da Ilustrada, tudo foi muito rápido. Acho que nem não deu pra ele aproveitar muito do que foi dito por alguns autores, mas ficou bacana unir na mesma matéria o lançamento polêmico da vez, o lançamento da casa e o nosso Blog de Papel. Na primeira lida eu achei que aquelas coisas não tinham sido ditas por mim, mas depois eu vi que ele pegou algumas frases do prefácio (escrito pelo Idelber) e da quarta-capa do livro. Eu gaguejo, tenho lapsos, normalmente não preciso de ajuda pra queimar meu filme, mas achei que a coisa estava piorando… Realmente eu não tinha dito aquilo, mas enfim… Está no livro pelo menos. Ficou bem legal. Tirando, claro, o fato de errarem meu nome “Alê Féliz”, a URL desse blog “alexfelix.com.br”, e não terem publicado muito do que os outros autores e ilustradores conseguiram enviar. Detalhes insignificantes perto do reconhecimento que o livro tem ganhado dos leitores. Bobagem…
Abaixo, pra quem se interessar, um copy fiel da entrevista feita pela Folha (vou pedir para o Nelson e para a Isabelle colocarem as respostas deles nos blogs também):
No dia 18/11/05, às 17:55, Eduardo Simoes escreveu:

oi alessandra, aqui vão as perguntas… algumas delas também podem ser repassadas pros autores/ilustradores que vc sugerir.

OK
-de inicio, queria saber como surgiu o blog e o livro… como foi feita a compilação? quais os critérios de seleção de textos?

Há quatro anos nos dedicamos a publicar novos escritores revelados através de blogs e sites. A idéia de publicar um livro com vários autores é antiga (desde a criação do blog Clube da Lulu), mas faltava um organizador. O Nelson Natalino, um dos autores, teve a mesma idéia e me convidou para participar do projeto. Em um primeiro momento eu recusei participar como autora, mas me interessei em publicar o livro porque já conhecia todos os escritores convidados através de seus blogs.
-qual o sentido de levar para o papel uma produção feita para a rede? vc diria que há um pequeno fenômeno de migração internet/papel? conhece outros exemplos fora o blog de papel? o que têm em comum?

É impossível ler alguns blogs e não imaginá-los no papel. Escrever tem sido uma novidade para muitos desses cyber-escritores, um exercício que, ao acompanhá-los, fica visível a evolução, a qualidade. Eu nunca tive dúvidas de que, no futuro, grandes nomes da literatura serão de autores que nunca seriam publicados se os seus posts não tivessem caído nas graças dos leitores de blogs. Quando começamos a publicar nossos livros, lembro que muitos escritores que não usavam a internet torciam o nariz para os blogs. Hoje boa parte deles usa a ferramenta nem que seja somente para divulgarem seus trabalhos. A migração da internet para o papel não só existe como está fazendo o contrário, está provando que a resistência e até mesmo um possível preconceito contra a ferramenta blog é tão estúpida quanto a resistência que os escritores da época das máquinas de escrever tinham contra escrever em computadores. Um blog pode revelar ou contribuir significativamente para o trabalho de um escritor e é uma bobagem ignorar isso. Tanto é que se nunca tivéssemos ouvido falar em blogs, essa entrevista não estaria sendo feita e o assunto literatura continuaria girando somente em torno dos poucos, famosos, repetitivos e velhos nomes do mercado nacional.
-um estudo publicado pela cbl fala de 40 milhões de leitores potenciais, entre 14 e 29 anos. o paulo werneck, da cosac, fala numa matéria que as novas tecnologias estão trazendo um retorno com relação à palavra escrita… vc acredita que os blogs estimulam a leitura tb de livros? servem para “esquentar” este mercado adormecido? de que forma?

Sim, eu digo isso há anos. Qualquer um que passar alguns dias lendo blogs chega a esta conclusão. Afinal, quem escrevia antes dos blogs? E, se escreviam, quantos nomes de jovens escritores eram revelados e quantos conquistavam leitores de forma tão expressiva? Antes dos blogs, publicar um livro era uma tarefa insana porque o autor precisava conquistar as editoras antes dos leitores. Agora a situação é inversa. Em breve serão as editoras que irão correr atrás desses autores (isso se o autor fizer questão de uma editora. Porque com um blog e leitores, as editoras podem ser dispensáveis).
E o retorno da escrita não acontece somente com quem tem pretensões literárias. Esse retorno é muito claro entre os adolescentes. Os blogs mostraram que o português estava morrendo, que os adolescentes se comunicavam através de abreviações e formas de escrever que eram ininteligíveis. Escrever bem requer o hábito e, como vivemos algumas décadas de descaso com a qualidade da educação, ficou muito claro que a língua portuguesa estava atrofiando. É uma conseqüência natural que os blogs contribuam com uma mudança neste sentido. As pessoas escrevem porque querem se comunicar, se relacionar… Quando perceberem que não conseguirão fazer isso destruindo sua língua-pátria, haverá uma necessidade natural de escrever corretamente, de ler com atenção o que as outras pessoas escrevem e abrir espaço para os livros daqueles que escrevem por algum tipo de prazer e necessidade maior.
-necessariamente eles têm que ser blogs literários ou podem ser diários?

É tão fácil criar um blog que ele pode ser o que o autor quiser.
vamos começar por aí? se eu tiver mais alguma pergunta, volto a você, ok?

OK.
abs
brigado!
eduardo
Eduardo Simões
Ilustrada
Folha de S. Paulo
Alameda Barão de Limeira, 425
Campos Elíseos, São Paulo, SP
Brasil
CEP: 01202-900
tel.: 55 11 XXXX XXXX
Ah! Esqueci de contar. O site do Blog de Papel foi hackeado pela segunda vez. Para o nosso azar, a coisa foi feia. Estamos tentando salvar posts mortos e feridos, mas está complicado. Acho que vamos aproveitar a fama que os hackers estão nos creditando e migrá-lo para a UOL. Acho… Vamos ver se dá certo.



Postado por:Alê Félix
22/11/2005
0 Comentários
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Rebecca

novembro 23rd, 2005 às 13:32

Mulher do Pires? hauhauhauahhua
Tive q voltar alguns anos pra ler esses posts, mas valeu muiito a pena rs
Mta boa sortee ai com o salvamento dos posts, e sinto pelos hackers.
Beijos


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Juliana

novembro 23rd, 2005 às 15:05

Nossa, Alê! A entrevista foi super legal e os caras colocaram só aquilo??? E vc nem disse as coisas que foram publicadas lá! Pelo menos não o que foi trocado por e-mail. Legal colocar a entrevista na integra. Ficou muito bom.


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Cesar Cabral

novembro 24th, 2005 às 7:27

Li a matéria na Folha, sobre “as letras que migram de volta” ( de volta!?) e cheguei ao teu blog. Afinal um blog interessante. Nada contra eles, os blogs, mas tudo contra os chatos; que são muitos. Já,já vou sair em busca em busca do Blog de Papel e do Biônicas também, porque não?
Me faça uma visita em http://www.cesarcabral.cjb.net
Um abraço do, Cesar.


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linauro

novembro 24th, 2005 às 8:46

o mais interessante é a possibilidade da comunicação direta entre blog/leitor, deixando de lado as editoras, que agora vem dando espaço e trazando blogs para o papel. essa relação direta possibilita, em minha opinião uma maior autenticidade dos textos, claro que isso pode ser relativo, mas é interessante encontrar blogs com autores que em muito ultrapassam os “queridinhos da mídia”, em qualidade mesmo, e deixam lá seus textos duma forma que avança a simples divulgação, mas criando um relação com outros blogs… vejo com bons olhos a passagem de alguns para editoras… como possibilidade de espaço para novos escritores… mas acho que isso, querendo ou não, é um apelo mercadológico em busca de novos ares lucrativos… a formação de uma nova “camada intelectual”… por isso ainda prefiro blogs nem tanto divulgados… meio retrô… mas ainda prefiro a sensibilidade de se escrever “gratuitamente”… pelo simples exercício da arte, de colocar em palavras experiência e humano… sem editoras ou lançamentos pomposos… rsrs… mas com aquela velha satisfação em voltar ao blog e fazer um post que diga um pouco sobre meus dias… e me sentir feliz com isso…..


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