Desmoronamos no chão… No mesmo instante senti suas pernas entrelaçarem minha cintura. O cansaço era tanto que me permiti repousar o corpo por um instante. O cheiro, o suor, a adrenalina, os sentidos se misturavam e eu sentia a cabeça girar. Desde que o conheci, não conseguia controlar meus pensamentos. Não, eu nunca havia sentido nada tão forte. Os quadris perfeitamente encaixados se movimentavam vez ou outra e me confundiam ainda mais. Mas não… Não podia ser assim. Tentei lutar, sabia que não resistiria a outro golpe como aquele.

O cheiro… Que cheiro bom ele tinha. Cheiro de homem, cheiro de homem forte, que não se dá por vencido nunca. Um cheiro que me embriagava, um cheiro que me levaria à lona em questão de segundos se eu perdesse a concentração.

Mas era só tesão… Um tesão fincado na alma, um olhar de contemplação, inevitável e destruidor.

Não podia olhar em seus olhos… Eles me denunciariam. Denunciariam toda a minha fraqueza e fragilidade. Como era difícil resistir àquele corpo, aquela pele… Desviei o olhar o quanto pude.

Tudo o que eu queria era me entregar sem resistência, sem medo… Não, aquele não era o local apropriado. Queria acariciá-lo, beijá-lo, sentir a língua além da rigidez daquele maxilar. Queria que ele me penetrasse, me penetrasse profundamente a carne virgem e latejante.

Um friozinho gelado e entorpecente percorria minha espinha toda vez que seus lábios encostavam no meu pescoço, nas minhas orelhas. Nossas respirações ofegantes batiam em um só compasso… Uma sincronicidade de sons e gemidos que me faziam enlouquecer de desejo.

Bruscamente ele virou o jogo. Rolamos pelo chão até que ele segurou meus braços com força e ficou em cima de mim. Seu membro roçava minhas partes mais íntimas… Pude senti-lo por completo, pude sentir a espessura, o tamanho, pude imaginá-lo milimétricamente. Imaginei-o desavergonhadamente em minha boca, rijo e cheio de gozo. Minha imaginação me levaria à loucura se tivesse mais tempo. Aquilo precisava acabar logo.

Senti seus dentes em minha orelha. Gritei. Gritei um grito que misturava raiva e prazer. Não, não podia me deixar levar pela emoção, ele não podia fazer isto comigo. Aquilo não era certo. Revidei, revidei como pude às suas agressões. Revidei com dor, com hematomas e ferimentos que, certamente, o tempo não curaria. Revidei com todas as forças que ainda me restavam, até que ele desistiu.

Ao ver aquele homem, o homem que eu desejei, o homem que eu quis pra mim, ao vê-lo prostrado aos meus pés; eu chorei. Chorei como eu nunca havia chorado. Chorei diante de uma multidão que aplaudia, de pé, a minha vitória enquanto eu me dava conta da minha derrota.

Nada mais seria como antes em minha vida. Ele não sabia, ninguém poderia saber mas, ambos, estávamos diante de um grande fracasso. Para mim ficou claro que aquele era o nosso último encontro e o começo de uma vida que eu não me permitiria viver. Era o fim de uma carreira de vitórias. Vitórias que um dia afirmaram a minha masculinidade e que agora me traíam. Ele levantou, me abraçou e disse quase sem palavras…

– Parabéns, meu camarada! Grande luta. Prometo que no ano que vem eu tiro de você este cinturão e recupero meu lugar no pódio.

* Escrito no começo dos anos dois mil no site Clube da Lulu, publicado no livro Balde Gelo. Na época o título era só “A Primeira Vez” e muita gente não entendeu que o que eu havia feito era só uma brincadeira ao agarra-agarra das lutas de Vale Tudo que, aos meus olhos, eram altamente eróticas e não me deixavam acreditar que aqueles rapazes não achavam gostosinhas algumas daquelas encaixadas da luta. Como estou recuperando os textos do site antes que ele seja deletado, ao reler essa publicação depois de todos esses anos longe dela, quase não a salvei de tanta vergonha. Deus do céu como isso é ruim… Ruim e vulgar, mesmo sendo uma tiração de sarro. E olha que tiração de sarro tem passe livre no quesito coisa ruim da minha vida! Enfim… Tá salvo, mas que fique claro que é só pra eu nunca esquecer de que publicar na internet é uma coisa e em um livro pode se tornar a morte. Se arrependimento matasse, queria ver quantos escritores ruins estariam vivos nesse mundo!



Postado por:Alê Félix
11/08/2011
5 Comentários
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Colombina

agosto 11th, 2011 às 12:35

Perfeito!


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*margaridanegra*

agosto 11th, 2011 às 16:51

Ahahahahahahah.
Essa eu TIVE que mandar pro meu cunhado que é lutador de MMA!
hahahahahahahahhahaha

Mto Bom!


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carlos henrique

agosto 26th, 2011 às 10:50

Constatações de um perdedor. eles estavam muito desesperados


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carlos henrique

agosto 26th, 2011 às 11:17

Eu acho que ela deveria ter dado um tempo. aquela mulher procurava a felicidade a travez dos homes pra ela não bastava o amor mais ela o queria por enteira a todo instante senpre desejando ele. não o amor mais sim o sexo ate que um dia comseguil e chorava poriço. eu mesmo quase morro de rir mas tudo bem.


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emerson

agosto 26th, 2011 às 12:29

Muito bom!!!


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