Quisera ser viciada em nicotina em vez de paixão…
Que maldita dor da abstinência é essa que reduz minhas melhores conquistas a um passeio de shopping center? Quisera fosse droga alucinógena essa estranha sensação diante dos excessos e ausências da minha singela lista de desejos. Disfarçada de paz, não há nada de barato na simplicidade.
Quisera toda essa inquietação queimasse entre o intervalo de um cigarro e outro… Pra eu ficar num canto qualquer, vendo a vida passar diante do movimento da minha mão e do vai e vem da fumaça, em silêncio… Calando os meus segredos e as suas inseguranças com breves beijos amargos e um pouquinho de dor, um gole de nada. Quisera fosse uma droga que controlasse esse meu corpo ao invés do desespero por prazer que me faz soltá-lo a galope, vestido nesse fictício manto de coragem. Quisera qualquer castidade não tornasse meus dias tão monótonos e previsíveis, e eu nunca mais precisasse me contorcer entre letras e lençóis tentando não te esquecer. Quisera me bastassem os despertadores, os créditos, os amigos anestesiados perdendo ao meu lado mais um final de dia. Quisera eu me contentasse com as nossas quinquilharias domésticas, a casinha cercada, o gozo cerceado e não implorasse à vida por tantas doses de sentimento na carne e no papel. Se assim fosse, se drogas baratas me comprassem… Nunca mais eu me daria pra você.

Escrito por mim em 2007. Na época, sem título e sem um ou outro detalhe que acabei mudando agora há pouco, ao reler. Indo para o Rio nas próximas horas… Feliz por ter mudado muito nos últimos anos e, ao mesmo tempo, tão pouco.



Postado por:Alê Félix
28/07/2011
1 Comentários
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Francisco Junior

agosto 31st, 2011 às 9:59

foi um texto muito legal, gostei *-*


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