– Já está podendo falar?
– Sempre pude.
– Perguntei por causa do seu texto sobre passar um tempo em silêncio. Mas que bom que já passou. Se é que passou. Enfim, só queria mesmo saber se você está bem…
– Tô.
– Eu me preocupo com você…
– Por que?
– Achei que depois da viagem pra Europa você voltou um pouco triste. Mais centrada, mas triste.
– Talvez… talvez. E com você? Tudo bem?
– Tudo bem também. Estou trabalhando e estudando. O restante é música.
– Espero que boa música…
– As vezes, temos que dançar conforme a música.
– …
– Sabe o que estou querendo de verdade?
– …
– Uma cópia do seu texto sobre nós quando éramos adolescentes. Quero guardar com muito carinho, fiquei muito feliz quando li.
– Eu mando para o seu email.
– Tá bom…
– …
– Certeza de que está tudo bem?
– Anram.
– Bem, acho melhor eu ir dormir e tentar sonhar com você, com a época que éramos quase crianças e quase adultos, saíamos pra tomar água de coco, esquecíamos da vida e tudo parecia perfeito.
– …
– Água de coco é bom, sabia?
– Tanto quanto quebrar o aparelho de som.
– Verdade… verdade.
– Lembrei de uma música da Marina… Mas deixa pra lá. Beijo. Dorme bem.
– Qual música? Agora me deixou curioso.
– Bobagem. Bom sono.
– Por favor… Que música?