Tenho dormido um pouco além da conta nos últimos dias e, consequentemente, acordado mais tarde do que o normal. As vezes, por volta das duas da manhã, tenho ido a pé até um café que fica aberto vinte e quatro horas. O processo de caminhar, a cada dia que passa, faz com que eu me sinta mais e mais preguiçosa, fora de forma, com vontade de correr pra debaixo das cobertas. Porém, desde Roma (o lugar que me ensinou a caminhar, soluçar e morrer, apesar do que pensam as pessoas), é a atividade que tem me dado algum eixo, feito perceber que os passos me dão um mínimo bom de paz.

Também não tenho mais saído com o celular a tiracolo, pendurado na minha vida, colado na minha existência. Na medida do possível, tenho deixado ele em casa, junto com o carro e a agenda das pessoas que eu gostava de ver, até a semana passada.

Sigo passando frio o caminho todo, escondendo as mãos, soltando fumaça pela boca para brincar um pouco com o tempo. Chego, tomo um chá, folheio alguma revista ou livro, ouço as conversas das mesas ao lado sem que ninguém me recrimine por isso, pago a conta, pego um jornal, sigo em frente. As vezes, voltar chorando dói quando o vento decide cortar as lágrimas no rosto, mas isso torna tudo tão patético que acabo dando risada de mim mesma.

Torço muito pra nenhum vizinho me ver rindo e chorando no meio da madrugada, porque daí pra virar a maluca do bairro eu sei bem que é questão de horas…

Lembro do M dizendo que não me imaginava mais triste do que é considerado normal e do R zombando e ignorando – como sempre fez – o tamanho de tudo que sinto, como se eu tivesse obrigação de ser forte e feliz, já que minhas contas estão em dia e não tenho nenhuma doença.

Lembrar que estou saudável e rica me faz abrir a porta um pouco mais forte do que quando saí. Ciente de que se nem os meus amigos sabem direito quem eu sou, não tenho mesmo muitos motivos para falar tanto…

Tranco a porta, subo as escadas. Evito a poltrona, o computador e escrever tudo o que tenho pensado, pois não quero mais magoar ninguém nem ser magoada por mais ninguém, nunca mais. Evito congelar, pensar, tento dormir. Se durante meus dias normais eu conversava regularmente com uma média de trinta pessoas, curiosamente, impor um filtro a mim mesma, fez com que esse número soasse hoje muito menos barulhento, incomodo e me ferisse muito, muito menos do que feria quando eu permitia.

Não está fácil… Continuo chorando boa parte do tempo, pois o Y me disse que chorar é o unico jeito de sarar e que eu preciso parar de evitar, só pra parecer forte pra gente como R ou meu pai. Continuo pensando em ir a um médico e estranhando todos os topos e subsolos que tenho atingido emocionalmente. Voltar com a terapia foi como se eu estivesse pedindo socorro, adoro o grande profissional que é o Y mas ainda acho um saco o processo de cura através da análise. As vezes, penso em ligar para o E e pedir que ele me dê mais duas gotinhas, mas espero passar minha necessidade de cura através das ilusões e não importuno meu amigo implorando salvação, nem me arrisco a encontrar válvulas de escape disfarçadas de paixão.
Tenho dado graças a deus que a F e a N não fazem mais parte do roteiro semanal de festas e eventos. Nem elas nem os Ns… Ufa! Penso em parar de frescura, penso em voltar, penso em me mandar daqui, penso em paquerar, penso em me calar para sempre. Penso em mudar de cara, cabelo e coração. Penso em viver, penso em parar, penso em transar, penso em nunca mais oferecer meu corpo e coração expostos numa bandeja, penso em não pensar, penso em aprender a viver, penso em morrer… Apesar do que pensa o R.
Tantos amigos, tanta família e tenho descoberto que sinto mesmo é saudade do afeto que não deixa margem para dúvidas. Afeto que faz a gente cuidar da existência física do outro, ter cuidado com o que é dito e o que é sentido tanto por nós quanto pelo outro. Afeto que a gente dá e reza pra pessoa não fazer nenhuma merda, nenhuma que seja tão grande a ponto de nada mais fazer muito sentido…


Postado por:Alê Félix
17/06/2011
1 Comentários
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Rubens

junho 22nd, 2011 às 3:42

Bem, para quem não sabe, sou o “R”, mencionado neste texto da “A” (vou usar só a inicial para não lhe comprometer a identidades, assim como “A” fez comigo). Meu nome é Rubens, sou ex-marido dela. Acho que a forma que fui citado talvez preserve a minha identidade de gente que não conheço e não me interessa, mas todas as pessoas próximas a mim identificaram-me imediatamente ao lerem. Algumas, até, não tão próximas. Isto esclarecido, deixo agora de me dirigir ao público genérico deste blog para falar diretamente à “A”

Você me expôs de forma covarde e caluniosa. Você sabe que, como admirador número 1 dos seus textos, sempre insisto para todo mundo que conheço para ler o seu blog. Pois bem, várias pessoas destas entraram em contato comigo dizendo que eu fui mencionado de forma negativa. Lembre-se que A, C, C, D, D, E, F, H, J, L, M, M, M, e um monte de outras pessoas que me são caras leram essas coisas que você disse sobre mim. Lembre-se que não posso me explicar com todas elas. Aliás, que merda…. estou tendo que me explicar várias delas…

Me diz uma coisa: como você pode dizer uma coisa dessas? Falar de mim desta forma num blog que tem centenas (ou milhares) de visitas diárias é de uma covardia sem par! Onde posso me defender? Talvez para os 2 ou 3 visitantes diários do meu blog. Mas não vou fazer isso – não vou expô-la a nenhum deles assim.

Estou preparando um e-mail com tudo o que você precisa ouvir de mim. O seu voto de silêncio é às avessas. Você não cumpriu o que disse. Fala com a boca (mão) à vontade e me bloqueou no Twitter, MSN, Facebook, etc. O seu voto não é de se abster de falar e sim se abster de ouvir. É covarde. Saí naquele dia do aniversário do J para não ter que falar entre os nossos amigos e principalmente do “M” (que misteriosamente teve a sorte de ter a inicial trocada, mas que também pode ser identificado facilmente por pessoas mais próximas) coisas que estavam engasgadas. Tive respeito por você. Não vejo o mesmo por aqui.

Eu não entendo porque está fazendo isso. Simplesmente não entendo.


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