As vezes, mesmo sabendo que minhas contas são pagas porque vivo conectada, penso seriamente em deletar meus perfis, desconectar e achar um jeito de pagá-las vendendo água de coco na beira de alguma praia, bem longe de tantos fios, conexões ilusórias e vazios…
Mas aí eu lembro dos anos que vivi antes da internet, dos meios que circulei, dos nomes que já me batizei, das vidas que reinventei e dos amores, amigos e ofícios que o vento se encarregou de apresentar para o meu próprio inferno. Lembro da quantidade de vezes que, sob o sol e sobre o sal, pensamentos semelhantes me ocorriam sempre que eu pensava em suicídio enquanto construía castelos de areia disfarçados de paraíso. Lembro e, mesmo consciente de todos os fins, continuo nadando – viciada e de saco cheio do mar, sem a menor fé no horizonte e com todas as minhas forças – contra essas inevitáveis correntes da vida.
Um dia, se deus quiser – num desses momentos que aos olhos dos outros tudo parece castelo e só a gente sabe o peso da areia, num desses dias que mesmo sabendo voar nos sentimos jogados sozinhos em alto mar – espero sinceramente encontrar uma nau de coragem que me faça compreender de vez todos os sentimentos que nos arrastam da praia ao além-mar… Ou, simplesmente, que  me dê fôlego para desistir em paz em vez de descansar em paz.


Postado por:Alê Félix
29/05/2011
2 Comentários
Compartilhe
gravatar

Andrea Brito

maio 29th, 2011 às 8:59

simplesmente lindo….
mas procuro não pensar no mar…ou em como posso calcular os grãos de areia..
preciso continuar…sem saber onde tudo isso vai me levar..
eu preciso…simples assim..


gravatar

admin

maio 29th, 2011 às 9:30

Dona Andrea, e se um dia a senhora inventar que não precisa mais, pode mandar me chamar que me encarrego de enfiar o seu nariz numa bela praia novamente. 🙂
Qualquer boa mãe usaria suas palavras depois de ler o que escrevi. Eu optei por experimentar o gosto real do mar e dos grãos, sem nada que me desviasse a atenção. E qualquer mulher, por mais maluca ou racional que seja, sabe que ao longo dos anos este é um sabor que amarga e pode fazer desistir.
Mas se eu fosse mãe daquelas criaturas encantadoras que cê tem em casa, além de precisar, todos os sabores teriam gosto bom e eu me tornaria uma caçadora de piscinas naturais, praias paradisiacas, lugares melhores do que as tormentas que inevitavelmente temos que enfrentar durante a vida. A maternidade é a unica coisa capaz de resgatar uma mulher do meio do alto mar e joga-la na areia pra brincar e não pra pesar. Seus filhos vão te agradecer por você ser assim, cê tá fazendo um grande e bom trabalho pelos seus dias e pelo deles.
E fica tranquila que eu tambem não vou desistir não. No final das contas, mesmo sem ter tantos motivos pra brincar em paz na areia, eu acho que sou mesmo é uma grande masoquista, me sinto o tempo todo tentada a me jogar no mar e me arrebentar das verdades mais dolorosas da natureza. Mas é só pq tenho a maior paixão do mundo pelos dias de sol na praia, faço isso só pra voltar e escrever um pouco na areia.


Deixe um comentário