Dia desses, jogando conversa fora com um desconhecido, comentei que eu achava que o “calcanhar de Aquiles” de uma mulher é a sua autoestima. Algo equivalente ao que representa o tamanho do pênis para o homem, sabe?

Expliquei que conhecia mulheres lindas, inteligentes e que por não se sentirem seguras quanto a essas características, estavam sempre sozinhas e mal empregadas. Algo equivalente ao fato de que também já tinha ouvido dizer que existe homem que é mega traste, super incompetente em vários quesitos da vida mas que – por anunciar aos quatro cantos o dote de 23cm que carrega – acaba despertando o interesse de algumas mulheres e tornando forte sua personalidade entre os homens.

Aí eu tava pensando como é que eu consegui manter minha autoestima tão em dia durante toda a minha vida… Porque ok, eu nasci mais pra bonitinha do que pra feia, mais pra inteligente do que pra burra. Mesmo assim, não foi nada fácil crescer gordinha, morena no estilo básico dos olhos castanhos e a grandessíssima normal que sou. Isso, fora o fato de que além de tudo sempre tive a boca e o coração soltos, desses que confessam que amam, desejam e espantam os meninos menos resistentes. E homem é o bicho que mais destrói com a autoestima de uma mulher, sabe? É um poder absurdo esse que ofertamos aos homens. Eu bem que queria, mas infelizmente não sou diferente… Sou capaz de sobreviver a dez guerras e sair sorrindo, mas desmancho em lágrimas e me sinto a pior mulher do planeta se o cara que eu gosto gostar mais de uma lambisgóia do que de mim.

Graças a deus, minha queda de estima passa rápido e não costumo gostar a longo prazo de homem cego mas, às vezes, acontece. E confesso que ver os meus 23cm se abalarem por tão pouco é muito duro, viu? A unica vantagem é reconhecer claramente que, quando passa, sinto um alívio enorme por ser como sou… É bom saber que  a minha autoestima tinha tudo pra ser um micro-pau, mas se tornou um mega-pau. Uma estima digna desses apelidos de chat, sabe? “Loiro 21cm”, “Bem dotado dos 19cm”… Entraria facilmente como “Morena 21cm” nessas salas! Ou um “Rechonchuda dos 23 e de ferro!”, algo nessa linha, caso exibição de autoestima fosse reconhecido como atrativo feminino e pudesse ser mensurado através dos centímetros ou habilidades extras.

Odeio me relacionar com pessoas que fazem eu me sentir uma pessoa menor do que me sinto ou do que realmente sou. Sei dos meus defeitos, do meu nariz grande, do meu quadril enorme, das minhas cicatrizes da vida, da alma e do corpo mas – por algum motivo bizarro – aprendi a olhar no espelho e me achar bonita, gostosona, brincalhona e capaz de tudo… Até de equilibrar a toalha nos meus 23cm de confiança, me divertir com meus atributos em paz, sem muita maluquice.

Hoje em dia, depois de tanto treinar e esfolar esse meu “big-pipi” com as paixões cegas que a vida já me deu, acho que me tornei o tipo de mulher esquisita que ao invés de perguntar “O que ela tem que eu não tenho!?”,  responde “Se prepara pra morrer de saudade de mim.”.



Postado por:Alê Félix
09/05/2011
4 Comentários
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Leilane

maio 9th, 2011 às 9:15

O que você escreveu não apenas relata um pouco o que eu sempre quis sentir e nunca consegui, como também o momento em que estou passando. Ainda sofro com as cicatrizes da vida, ainda sofro por me sentir inferior, mas tenho lutado contra isso, contra essa retaliação contra mim mesma. É um processo longo, não sei se pra você foi fácil, mas me aceitar é mais difícil do que me entender, até. Sempre fui gorda, mas fiz redução de estômago há 45 dias e todo o processo e o sentimento de ver suas roupas caindo e sua vida mudando são coisas tão boas, mas mesmo assim, aquele fantasma, aquele temor de não ser tão boa quanto gostaria, ou de me sentir feia apenas pela gordura… Sempre me assombram.
Amei seu texto, amei o significado que ele trouxe pra mim.


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Jo

maio 9th, 2011 às 12:38

ótimo!


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maio 9th, 2011 às 14:10

a mais pura verdade!


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lol

maio 17th, 2011 às 11:44

muito lega. verdade!


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