Tenho que pensar em um jeito de vir ao Rio sem precisar de repouso absoluto nos dias seguintes. Os dias se misturaram com as noites, não deu para dormir, não deu para dizer não. Acabei de chegar e parece que meu corpo não desiste: abro a janela, não vejo graça na cama. Ligo o computador só para dividir meu prazer, mas a paisagem clareia minhas idéias e vai – já já – me botar novamente na rua, vai me jogar num banquinho de calçadão só para que eu veja um pouco de sol nascendo. Lá, bem do ladinho dos bêbados, dos marginais, de toda a putaria elegante de Copacabana que ainda trinca as paredes dessas casas de família. Adoro Copacabana… Adoro qualquer lugar que eu tenha bons amigos, mas gosto daqui exatamente pelo contrário. Aqui há uma solidão possível, a inexistência não me assombra tanto. Aqui basta olhar, pensar e agradecer em silêncio. E aqui tem de tudo! Tem, assumidamente, as piores e mais oportunistas espécies… Como é que eu não ia me sentir em casa, não é mesmo? Adoro Copacabana.