Seis horas da manhã e eu estava acordada… Cada ano que passa parece que se torna mais difícil dormir em paz. Voltei a sonhar que era dia de prova e não havia estudado. Um pesadelo disfarçado de sonho que me persegue há anos, sempre que minha cabeça está sob pressão. Dessa vez, consegui preparar uma cola tão absurdamente boa que acabei chamando atenção demais. Me empolguei e prometi passá-la adiante. Ela deve ter ouvido, óbvio. Ela – a tal professora – observou rápido o movimento e pediu que mudassem de lugar as pessoas que estavam a minha volta. Não sou boa nesse negócio de não dar bandeira… Não quando sou pega desprevenida. As cadeiras ficaram ali vazias, me isolando enquanto eu pensava em um plano B que aliviasse um pouco do meu estresse.
Uma amiga estava atrás de mim e havia estudado… A merda é que sentar na frente e esperar cola de quem está atrás é contar com uma generosidade que nunca fez bem ao meu ego e muito menos a minha fé. Concluí que seria mais um “foda-se, me recupero na próxima”. Mas aí o sonho se misturou com uma verdade que aprendi na infância e que me atormenta tanto quanto os pesadelos da mesma época… Quem não aprendeu subtração, como é que na próxima vai aprender divisão?
Acordei cansada, ao meio-dia, atrasada pra uma série de compromissos. Curso de meditação… Preciso de um curso de meditação e não de um despertador.
Tinha uma lasquinha de unha sobressalente… Uma lasquinha! Uma coisica de nada que ficou entre a carne e o esmalte. Uma pedacinho mal cortado que eu não vi ontem, nem antes de ontem, só vi agora… Bem agora pouco. Bem pouco, mas se tornaram horas. Enquanto puxava o cobertor e ela se agarrava a lã. Ficou ali fincada… presa entre uma linha e o restante do meu corpo. Soltei de lá, enfiei o dedo na boca, cortei entre uma mordida e uma arrancada. Mas, sabe lá porquê, essas lascas nunca são aparadas com perfeição… Roí, roí, roí, roí a porra da unha até não ter mais unha. E só vi que no dedo não havia mais uma unha, quando a unha deixou de existir. Mas era só uma lasca, sabe? E é incrível como é muito mais fácil se defender com uma lixa, do que com nossos próprios dentes.
Tenho me sentido invisível com alguma frequência… Na maior parte do tempo, flutuando, passando batido pela vida como se ela e suas pessoinhas não fizessem mais diferença. Fazem… Pelo medo e não mais pelo desejo, mas ainda fazem. Não, não ache que o que eu digo agora é triste ou ruim, é só verdadeiro. E eu te peço encarecidamente que deixe um pouco em paz minhas verdades momentaneas porque elas são raras, não fazem mal e elas nunca, nunca foram absolutas e muito menos tristes. Tristeza é a gente se enganar com nossos roteiros que camuflam a solidão, eu só faço pensar… só isso. Só? Não. Também tenho meu roteiro de disfarce… Falo entre sorrisos que não dizem nada, ouço só o que me soa bem, enxergo… falo demais, mas enxergo. Enxergo pensamentos em cada traço de rosto, passado em cada movimento de corpo e algumas alegrias onde ainda resta poesia. Parece que ninguém mais precisa me dizer nada, mas eu ainda ouço. Quase sempre com esforço, é verdade… Parece que é a minha loucura que alimenta os meus olhos, mas é o contrário… sempre foi o contrário. Talvez, por eles, por tudo que já vi, flutuo insignificante enquanto presente. Consciente. Lúcida. De olhos arregalados e lábios transparentes. Depois, dentro de mim mesma, desapareço. A cada dia, mais um pouco.
Quando eu precisei de um ilustrador para minha história no Blog de Papel, revirei a internet atrás de alguém, encontrei um monte de gente boa, mas fiquei apaixonada pelo traço do Felipe Sobreiro. Na época, lembro até de ter assediado (profissionalmente) o menino para que ele me pintasse a la moçoila do Titanic… Eu sei, não reparem, não sou tão brega assim. Era (ou é) só uma fase chata de auto-afirmação. Uma necessidade estranha de parar o tempo nem que seja com arte. Ou um grande mico… vai saber o tamanho do quadro renascentista que isso daria. Bom, melhor não pensar no tamanho senão vou desistir pra sempre do meu quadro brega (claro que um dia ainda o farei! Um dia…).
Mas vamos aos fatos: Felipe e o pai fizeram um quadrinho online e estão competindo com outros nove quadrinhos para ver qual será publicado. Como ele anda empolgadissimo com o projeto, decidi retribuir a gentileza que ele fez a nossa publicação em 2006 e pedir que entrem no site e votem: www.zudacomics.com/node/391
Zuda é da DC comics então vocês podem imaginar a quantas eles andam, né? É necessário criar uma conta, mas não demora nem um minuto. Depois é só clicar em VOTE, dar 5 estrelinhas e clicar em “Add to Favorites”. Eu sei, é complicado… Mas vão por mim, ele e o pai merecem. 😉
Lançamento do “Malvados, o livro” amanhã, lá na Travessa de Ipanema. Como fui editora do primeiro livro dele, sei que sou suspeita pra falar qualquer coisa sobre essa criatura e seu trabalho. Mas é só bater os olhos em qualquer tira do blog pra vocês verem como o livro deve ser bom. Além do mais, Dahmer é um cara que vale cada segundo da companhia. Se eu estivesse essa semana no Rio, não perderia.