Acordei com os gritos de uma mulher… Abri a janela do quarto, um frio do caralho. Agora eu tenho um bom pijama, não sinto mais o tanto que gela nesse bairro e muito menos nessa cama. Mas minha garganta amanheceu inflamada. Merda isso… Mais uma forte mudança de tempo… Quando é que isso vai acabar?
Nenhum sinal de gripe, mas dói engolir e comer parece que será impossível nos próximos dias. Sono, olhos inchados, rosto abatido… Houve uma época que eu gostava de acordar e olhar no espelho. Deve ser esse cabelo. Permanente… não sei onde eu tenho a cabeça.
Sonhei que estava solta num mar, com ondas gigantes que me carregavam para o céu e o fundo. Sonhei que mordia a alça de uma pequena bóia e me deixava ser levada pela força da água como se a bóia fosse capaz de me salvar. E eu nem fechava os olhos quando estava lá em cima, bem lá no alto das ondas que davam vista para as luzes de uma cidade que não faço a menor idéia de onde pode ser. Sei que na cidade era noite, dentro da água era dia. A rebentação não doía… E até que essa parte era bem divertida, sabe? O ar não faltava nem quando me acabava em braçadas para voltar a superficie. Vou saber porque parecia fácil! Devia ser a bóia travada nos dentes ou a fé de que era ela que me mantinha forte… só podia. O que eu devia mesmo era ter aprendido a nadar direito ao invés de ter aberto tantos espacates… Foda-se, é a vida. Deve haver uma hora que se torna fácil dizer não, a culpa pára de nos atormentar, as boas relações se tornam contos de fadas modernos e caí a ficha de que não deve fazer bem pra garganta pagar a conta do jantar de quem nos envenena. Deve haver uma hora que isso acontece naturalmente, deve haver. Vou encher a banheira… Preciso de um banho quente.
Quem será que estava gritando as seis da manhã?



Postado por:Alê Félix
13/06/2008
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