O que há comigo? O que há aqui dentro e o que aparento? O que tanto vêem de errado em mim? Queria um espelho bem grande… Não, não queria não. Queria sim. Queria um que não me deixasse sair na rua vestida do caráter que tenho sido vista. Não, não queria não…
Sempre achei que eu pensava o suficiente para não me transformar em alguém desprezível, agora acho que a única coisa que tenho feito é olhar pra fora. Ainda assim, parece que nem isso fiz direito.
De todos os dias que acordei confusa, hoje deve ser o pior deles. Não faço mais a menor idéia de quem eu sou. Achava que sabia. Achava que podia oferecer um algo mais que minha casca metida a engraçadinha, achava que havia um bom momento de silêncio nesse meu universo de boca pra fora e que podia oferecê-lo só para quem eu escolhesse, para quem bem eu entendesse. Muito pior quando escolho…
Ultimamente tenho falado, pensado, julgado e rido de tudo que não tem a menor graça. Ultimamente? Era só fuga, era só minha pirralha interior querendo colo e atenção. Mas quem é que enxerga? Quem é que arriscaria tocar num bicho arisco que bate antes de dizer o nome? Pirralhas são chatas… E é uma grande merda essa mania de querer que alguém veja o que escondo. Depois digo que não sei porque tantas relações de gatos e ratos, depois me acabo tentando salvar histórias perdidas. E as construo cada vez menos…
Talvez, eu nunca tenha entendido nada, nunca tenha visto nada como realmente é. Talvez eu tenha me cercado das pessoas iguais, das que estão tão perdidas quanto, das que alimentam as superficies, das que vão me proteger sem se questionar e sem me questionar. Não sei… Talvez eu realmente não me enxergue, tenha medo do que posso ver e – embora me sinta atraída por espelhos – parece que dediquei minha vida a quebrá-los.



Postado por:Alê Félix
21/11/2007
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