Ele vem quando chamo, vem quando clamo, vem quando me pede em saudade. Ele nunca diz não, me trata como se eu fosse única, não fere minha fera só para exibir suas garras. Não me engana com amor, não bebe da minha alma, caça minha carne para prová-la aos pedaços. Abre a porta me chamando com carinho, fecha dizendo que sou posse. Ele afaga, não sufoca. Prende, devora, liberta… E permite que eu corra só para me tomar pelos cabelos, descansar sobre as minhas costas e acariciá-los entre os dedos enquanto fecho os olhos. Não há verbo, só palavras impróprias. Não há floreios, não há jogos emocionais. Não há despedidas, só beijos de lingua. Ele me despe de meus pudores para me fazer dormir em lençóis molhados. E me abraça apertado numa cama vazia de amizade, mas cheia de incontestáveis verdades. Não há agressão, mas ele me bate. Depois me lambe mais um pouco…



Postado por:Alê Félix
09/10/2007
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