Devia existir uma empresa onde a gente pudesse contratar temporariamente maridos respeitáveis e eloquentes. Calma! Não estou a perigo. Estou brava com os pedreiros-eternos que contratei no século passado pra arrumar essa casa e não acabam isso nunca. Se você, minha querida amiga solteira e independente, acha que só pagar um pedreiro basta, saiba que não basta. Vou te contar como é: se você é legal e paga adiantado eles desaparecem, se você paga por dia eles demoram demais, se paga pelo trabalho tem que ficar em cima para que eles não o façam de qualquer jeito. É um inferno… Eles são especialistas em contos trágicos. Só me toquei que as histórias contadas não eram verídicas depois da décima vez que adiantei dinheiro para o infeliz do mestre de obras e o encontrei no boteco torrando o salário em cachaça com os amigos. Cheguei a triste conclusão de que homens mais primitivos só honram seus compromissos quando fecham acordos com outro homem e, de preferência, um que ele tenha medo ou respeito. E, acreditem, essas duas caracteristicas são mais complexas do que podemos imaginar. Por exemplo: a primeira opção me faz pensar em armas de fogo, meus berros e ameaças que estragariam, no mínimo, meu esmalte. A segunda parece simples, mas, pelo menos pra mim, é quase trabalho de evolução espititual. Pensa que é fácil lapidar a postura da voz ao sorriso e, mesmo assim, relacionar no papel cada serviço que será feito, estabelecer metas diárias, ir embora, mas manter a força dos nossos olhos e da nossa palavra sobre a cabeça de uma pessoa? É um pesadelo não poder esperar das pessoas que a palavra delas seja suficiente. Eu odeio esse mundo cheio de papéis, assinaturas e voz grossa.
Aliás, sabe aquele sonho lindo e cor de rosa onde construimos uma casa, uma familia e o cheiro de produtos quimicos da Doriana pela manhã faz a vida parecer ter um sentido? Baléla! Vou dizer uma coisa séria: construir uma casa e lidar com pedreiros deve ser algo muito parecido com a criação de um filho. Você acha que vai pagar dez e paga mil, acha que vai durar dez e dura cem, acha que está construindo um abrigo quando na verdade só está deixando uma herança.
A vantagem das pequenas reformas e dos pedreiros-eternos é que eles nos dão a exata dimensão do que é campo dos sonhos e do que é alicerce. Uma parede texturizada é bonita diante dos nossos olhos, mas tijolo, areia e cimento para erguê-la, não é não.
Tenho dormido e acordado com marteladas mantras “Tem certeza de que você quer dar o seu sangue, seu tempo e o seu suor por uma parede cor de rosa que precisará de reformas de cinco em cinco anos?”. Não paro de me fazer essa pergunta… Tanto para a construção da casa quanto para a construção do resto da minha vida.



Postado por:Alê Félix
26/09/2007
0 Comentários
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Andrea

setembro 26th, 2007 às 17:46

sinto que assustei você com a nossa conversa de ontem. termina de reformar a parede rosa, tenha filho(os) e depois conta como foi, tá?
até mais ler.


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Gabi

setembro 26th, 2007 às 19:00

Tô indo pro msn te dar umas dicas. Eu lido com pedreiro/encanador/marceneiro há anos e a cosa vai que é uma beleza.


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Mirella

setembro 26th, 2007 às 20:24

Sei como é, acabei de passar por isso. Gastei minha última porção de tranquilidade numa reforma q não acabava nunca, e o pedreiro me pedindo pra ficar despreocupada. Eu tive a mesma sensação (certeza) que vc, de que estava sendo tapeada por ser mulher. E, desse dia em diante, mudei o tratamento. Não, com firmeza. E não adiantei nada, não paguei nada sem nota fiscal ou recibo, não acreditei no que ele falava e tirava a dúvida com outras pessoas, fiz com q ele refizesse o q estava errado. Fui tão insuportável qto ele era. Mas ele só terminou a reforma qdo eu disse q pagaria a metade se ele não terminasse já, e foi assim q a coisa andou. Enfim, no último dia mandei ele pra p… q o pariu e disse adeus para sempre. Fui chatíssima, mas foi só qdo obtive respeito, enquanto fui legal e compreensiva só me ferrei. Homens não são empregadores “legais”, e a gente fica tentando não ser tão babaca qto eles, tratar todo mundo igual, ser justa, etc, etc, etc. E assim a gente se ferra!


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Andre, um Jerico

setembro 26th, 2007 às 23:20

Pastar por aqui é sempre uma delícia. Espero vc lá na nossa roça que é uma joça Tb.
Beijo
André, um Jerico
http://www.ideiadejerico.com


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Márcia Cristina

setembro 27th, 2007 às 11:06

Obra é realmente muito chato!
Mais chato, porém, é o preconceito…
Como se mulher não pudesse entender de reforma…
Como se mulher não soubesse nada quando se mete em “assunto de homem”…
Mas, e como ficou a parede cor de rosa?!?


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Isa Santos

setembro 27th, 2007 às 15:32

Ao lado da minha casa havia uma casa em petição de miséria, fechada há anos, pois começou a ser reformada para se tornar um consultório odontológico.
A própria dentista quem coordenava a reforma. Era a primeira a chegar, via que horas os homens chegaram, ela ia comprar o material, ficava o dia todo lá, ajudava eles e brigava muito, pois eu ouvia da minha casa.
Sei que a obra andou até rápido e ela me disse “se não for assim não sai do jeito que a gente quer”.
Achei ela porreta. Queria ser assim!!!


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Isa Santos

setembro 27th, 2007 às 15:32

Ao lado da minha casa havia uma casa em petição de miséria, fechada há anos, pois começou a ser reformada para se tornar um consultório odontológico.
A própria dentista quem coordenava a reforma. Era a primeira a chegar, via que horas os homens chegaram, ela ia comprar o material, ficava o dia todo lá, ajudava eles e brigava muito, pois eu ouvia da minha casa.
Sei que a obra andou até rápido e ela me disse “se não for assim não sai do jeito que a gente quer”.
Achei ela porreta. Queria ser assim!!!


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Lordelo

setembro 29th, 2007 às 19:40

Se precisar do engenheiro aqui. 😉 bjsss


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