Quando sai da casa dos meus pais, “fazer a mudança” se resumiu a arrastar até o carro um mochilão de roupas que aprontei no meio de uma discussão com meu pai e a choradeira omissa da minha mãe. Entre o “não” que disse a ele e o “não se preocupa” que disse a ela, arrumei tudo e fui embora. Em menos de uma hora, a bagagem (como era pouca…) estava no banco do passageiro e as preocupações (como eram poucas…) sobre o futuro se dissipavam a medida que me sobrava espaço para afundá-las no acelerador.
Um ano depois, nova mudança. Sem grana e com um fardo de fracasso enorme sobre as costas, tive que carregar um ano inteiro de tranqueiras feitas sob medida e com o peso da madeira de lei. Vendi peça por peça de um sonho adolescente, respirei aliviada no dia dez e fechei em paz a porta de um apartamentinho vagabundo e perfeito que me deu toda a energia que eu precisava para recomeçar e arranjar um jeito de pagar as dívidas.
Cinco anos passaram, vi meus amigos irem embora e os sinais de mudança voltarem. Troquei um computador por um carro velho que mudou minha vida de um extremo ao outro da cidade e das perspectivas. Foram várias viagens, foi um alivio pagar a conta da minha teimosia.
Hoje, treze anos depois da minha primeira mudança, penso na minha mochila de roupas e me pergunto como foi que consegui precisar de um caminhão, como foi que me tornei tão responsável pelas minhas malas e pelas malas de outras pessoas. A gente cresce pensando nas coisas que quer ter quando crescer e, depois de grande, não sabe mais distinguir entre posse e possuído. Não sei mais se tenho tudo o que preciso ou se o que preciso é não precisar ter.
Saudade do mochilão cor-de-rosa e carvão que se encaixava nos meus ombros e me apresentava a liberdade… Saudade só dele. Dele e do pé no acelerador.
Belo post…tens tino para escrever. Pq não aproveita e pensa em escrever alguma coisa?
Descobri teu blog pelo site da Lia e já vi que vou virar assídua frequentadora. Parabéns.
Bjos.
è.. tanto tempo sem visitar seu blog.. e o que vejo… lmebranças que me trazem lembranças.. além do desejo de revivê-las.. só que agora tenho muito mais mochilas do que se possa imaginar. Não só as minhas.. rsrsrs.. jbs
Acho que eu sou tão dependente dos meus pais que jamais pensaria em sair por aí me aventurando.
Verdadeiramente não tenho espírito de aventureira.
Grande beijo.
A minha primeira (e por enquanto única) mudança também envolveu uma mochila… Só que vermelho e carvão…
Entretanto, e talvez infelizmente – ou talvez felizmente -, eu a arrumei em meio aos sorrisos de consentimento dos meus pais. Daí seja possível eu não ter de pagar um ano carregando madeira de lei nas costas…Mas também que eu não veja a paz do apartamento ou perceba a diferença entre possuir e possuído.
Belo post… resolveu desistir das amenidades?
Apesar de 10 ano longe da casa dos meus pais, ainda continuo com um mochilão, pareço uma cigana e a cada mudança vendo tudo que comprei e compro coisas novas, aprendi a não me apegar a nada nem ninguém, levo meus amigos em meu coração e meu filho junto no mochilão, o moleque já cresce aprendendo a ser livre…rsrsrs.
Beijos
Parabéns pela coragem.
Apesar de todos os obstáculos, tenho certeza de tudo foi válido. A “garota de mochila” continua aí dentro. É só procurar bem.
Garanto a você.
beijos
K
Ao invés de uma mochila, malas e um longo, longuíssimo caminho me levaram para uma nova vida. Com conscentimento mas sem consciência de tudo o que viria.
minha mãe devia ler isso daki … é bem parecido com a história dela… mil e uma mudanças. a próxima vai ser daki à alguns meses, mas é sempre dificil. Se ela conseguisse enxergar o que mudou entre a primeira e a última, com certeza ela ia ficar bem mais feliz.
Alê,
Vc está nos favoritos do meu blog.
Passa lá ao menos pra dar uma espiada.
Faça uma aspirante à escritora, feliz!
bj
K
Ale acho o teu blog muiiitoo divertido, ja da um tempao que passo nele.Coloquei teu link no meu, passa la para dar uma olhadinha.
http://www.mauramix.com
Bah, com dezessete anos fiz a mesma coisa. Mochilão e me mandei, durou um ano. Numa casa velha, comendo coisas semi-prontas e sem móveis. Fazendo festa pra ajudar no orçamento. A diferença é que eu não saí brigado, sai numa boa então tinha várias regalias como constantes almoços na casa da mãe e várias ropupas que eu levava pra empregada dela lavar.
Ah, aquilo que era vida.
Desejo ainda, contar da minha mala também… mas enquanto a arrumo vou pondo o pé no acelerador de outras coisas… hehehe
Te adicionei no meu blog, como um dos 5 melhores blogs q tenho lido!
Dê uma passada lá tbm…
bjão
Caray…
Primeiro a comentar…
Mas é só pra dizer que tb tneho mó saudade do meu mochilão… 🙁
Bjos!
ps: rio de novo, qdo? ou então prepare-se, pq sampa me espera!
bjim!