Para alguém que fugiu de casa aos três anos de idade, eu devia estar satisfeita com o que colho… Não estou. Odeio mentir. Eu minto. Falo um monte de bobagem que não é, nem de longe, o que sou quando estou quietinha no meu canto. Mesmo assim eu digo… Digo o que for preciso para afastar pessoas, não me machucar… mais. Eu sei… Deve ser difícil enxergar que por trás dessa verborragia idiota existe um silêncio cortante. Mas será que ninguém percebe que estou exausta, que cansei de cuidar de tudo e de todos? Que às vezes eu preciso que cuidem de mim sem cobrar honorários? Dane-se que não permito! Qualquer pessoa com o mínimo de dignidade deveria oferecer resistência algum tempo. Por que nessas horas é tão fácil ouvir o que digo? Por que é tão difícil ver que minha guarda é de papel e que eu sorrio quando ela cai de assopro? Por que ninguém me ignora e me abraça quando brigo só pra poder chorar? Do que são feitas as relações afinal? De presentes ou atitudes? De sugestões ou omissão? De mãos estendidas ou pés para trás?
Cansada… Queria saber quem é de verdade e quem é de mentirinha nessa minha vida. Cansada de implorar por respostas que acalmem meu coração. Não, o que você sente não é amor… O nome disso é vaidade. É gostar de gostar, não é gostar de alguém. Que merda… Quem sou eu pra te falar de amor e condenar sua vaidade? Não quero mais que pensem que sou o que digo que sou. Odeio essa casca… Como me livro dela? Não quero mais… Quero abrir a porta do quarto, não quero mais tantos portões, quero a casa cheia de novo…
Preciso ficar aqui. Amanhã não sei… Mas, hoje, eu não vou fugir.



Postado por:Alê Félix
14/02/2007
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Rodrigo

fevereiro 15th, 2007 às 9:17

…é alê (se é que assim posso chama-la), mas nessas horas é quase impossível não sair do anonimato que se encontra em ser leitor para talvez se manifestar com intenções que dificilmente serão expressadas.
as vezes construimos murinhos que realmente escondem o nosso real modo de ser, e a frente dele, de sentinela, nos colocamos em forma de algo indiferente e artificial, não sei se é teu caso…
…de qlqr forma, nessas horas em que a responsabilidade nos fadiga precisamos afrontar o que nos é mais dificil de entender: nós mesmo…
não espere dos outros aquilo que derrepente faria para eles… se algo ou alguém lhe mostra como uma decepção, esta é apenas uma prova que algo melhor deveria estar contigo…
papo furado meu, hipocrisia? não…
mas…
tudo depende da forma que vc enxerga o que te rodeia…
apesar de ser apenas um entre centenas, sinto-me alegre e estimulado em ler teus velhos posts e saber que por trás desta casquinha, existe alguem estupidamente maravilhosa que exala adjetivos…
“…nem tudo é como vc quer, nem tudo pode ser perfeito, pode ser fácil se vc ver o mundo de outro jeito…”
Bjinhos mocinha…
se cuida hein!


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Anônimo

fevereiro 15th, 2007 às 11:01

“Não, o que você sente não é amor… ”
O que será amar?
Penso eu que amar é algo muito complexo.
E muito, mas muito difícil de ser analisado por outra pessoa, já que cada um tem seu jeito de amar.
Amar é ceder. É abrir mão de algumas coisas em detrimento de outras. É estar disposto a mudar seu mundo desde que se acredite que vale a pena.
Amar é ter medo dessa mudança, mas é não deixar que esse medo fale mais alto.
Amar é inclusive gostar do que se sente. Já que pra se gostar de um sentimento, primeiro esse sentimento tem de existir. Mas de alguma forma isso pode parecer ruim.
É acreditar que por algum DOM, diversos momentos ao longo de meses possam não valer nada em 5 minutos, e é superar isso e desejar fazer com que diversos outros meses valham mais ainda a pena.
Amar é admirar, gostar, desejar uma pessoa independente de falhas ou defeitos que ela possa ter.
Amar é querer estar ao lado de uma pessoa e se sentir em paz com essa simples presença.
Amar é agradecer a Deus por ter esse alguém.
Presentes? Bom, amar talvez também seja conhecer alguém o suficiente para lhe dar presentes que demonstrem o quão especial essa pessoa é, e não apenas dar brincos.
Às vezes presentes, passeios, planos, viagens, são a maneira que a pessoa encontra de colocar um sorriso no rosto da pessoa que ama.
Sem dúvida amar é se sentir realizado por ver quem se ama sorrir.
Vaidade? É… vaidade talvez. Pode ser que amar seja se sentir vaidoso por ter a pessoa que ama. Ou mesmo se sentir efetivamente alguém melhor, quando se está junto dessa pessoa. E por tudo isso se sentir incrivelmente bem.
Amar é compreender que procurar por alguém perfeito, ou mesmo que caiba perfeitamente em seus sonhos é uma ótima maneira de passar o resto da vida só.
Amar é ouvir ou ler certas coisas e superar a tristeza que isso pode causar.
Que tristeza? A de saber que alguns amam com tudo que podem, mas pra outros, nem sempre isso parece suficiente.
Mas quer saber? Amar é ter uma vontade absurda de superar isso. De mudar, de crer, de acreditar. E principalmente de ter a certeza de que tudo dará certo, não importa quais sejam os obstáculos.
Amar? Sempre acreditei que amar é complicado demais…
Que bom que alguém um dia me fez ver que apesar disso, é algo que vale muito a pena de se sentir.


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Luna

fevereiro 17th, 2007 às 15:10

Enquanto isso: Poxa, como você tem coragem de esquecer as melhores histórias que eu já vi pintarem nesse blog? Li a maior fatia dos teus arquivos e me remoí quando descobri que tanto a Saga do Primeiro Beijo quando a história do Videotexto foram interrompidas sem dadas satisfações. Meio tarde pra reclamar disso, eu sei. Mas estou com ânsias.


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Priscilla

fevereiro 17th, 2007 às 22:11

O momento é propício para fazer auditoria sentimental. Quase sempre é!


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tina oiticica harris

fevereiro 18th, 2007 às 14:37

Você é bem complexa, na vera, Alê. Deve ser por isso que sua literatura é de primeiríssima. É a única pessoa com domínio absoluto da língua. É a dominatrix romântica brega-séria-kewl.
Seus textos mexem comigo inexoravelmente.


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Carla

fevereiro 18th, 2007 às 17:20

Olá, Alê!
Ser você mesmo a todo momento, ou a maior parte dele, é bem mais fácil do que se parece. Quando eu realmente conseguir fazer isso te passo a dica. O que eu quero dizer com isso? … Se te incomoda tanto é porque vc deve estar fazendo algo errado consigo. Esculte o que você realmente quer e o mais importante como você quer. Se você vai achar a solução, eu não sei. Talvez Você tenha que atribuir a você apenas as funções que realmente competem a você e passar a respeitar as coisas que você sente independente de serem corretas ou não. Afinal, conceitos sempre podem ser mudados. Você jamais vai achar as respostas que precisa nos outros.
Um grande abraço, Adoro o seu blog.


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Danilo

fevereiro 21st, 2007 às 1:42

Já passei muito por isso também, e a única coisa que me reconfortava era escrever. Quando eu escreve meu coração fica mais aliviado, aquela aflição que sentia passa por instantes. Hoje estou melhor e escrevo humor.
Abraços


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Anônimo

fevereiro 21st, 2007 às 20:10

ei alê,tamb estou cansada,to querendo alguem
pra cuidar de min,um colo pra eu chorar,estou tão
confusa,nem eu me entendo ultimamente!!escrever alivia um pouco,mas tem horas q não sai
nada,vontade de gritar,chingar,chorar!!! sei la mais o q,tem coisas q demoram pra passar né.
beijos mil…


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rena456

fevereiro 21st, 2007 às 20:13

o post ai de cima é meu,postei sem assinar
sem querer,coisa de gente doida,hehe
bjim


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Alexandre Inagaki

fevereiro 21st, 2007 às 22:38

Alê, precisamos sair pra beber. Não há terapia melhor do que papear ao redor de uma mesa de bar, concorda? 🙂


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katia hokamura

fevereiro 22nd, 2007 às 20:47

concordo com o Inagaki,tava bom de a gente bebemorar as mágoas numa mesa de bar,e fazer do garçom o nosso confidente kkkk…
acho que estamos no mesmo barco querida.
um beijo e qq coisa liga que vamos beber um pouco
te amo!!! pena que não sou total flex…senão vc não escapava kkkk


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MarcosVP

fevereiro 23rd, 2007 às 11:36

Posts confessionais são sempre difíceis, né? acabam sendo cartas para nós mesmos. Os meus são.
Entendo você, adoraria lhe sugerir o que o Inagaki sugeriu, adoraria estar aí para um colo coletivo encharcado em álcool. É coisa difícil.
Qualquer coisa, estamos à distância de um email. Fique à vontade, queridíssima.


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tina oiticica harris

fevereiro 24th, 2007 às 20:42

Alê: Vim aqui na esperança de ver um post novo não tem tu vai tu mesmo. Bicho, nem sei se o escrito é reflexão de um momento atual ou se já passou. Vim porque você escreve tão bem que me embasbaco.
Já escrevi em um mail pra você antes de descobrir no Blogueiros da Orkut, antes de ser banida pelo grupo, que você não lê os mails. Sei lá se vai ler o meu comentário. Lá vai. Se você ainda está nesse estado, por favor não beba. O álcool é um depressor fortíssimo. Se você estiver numa boa, me chama lá pra abril, que fico vendo você toda feliz ( que é o félix em latim) sorvendo um guaraná diet da Antártica. E o Alê é do conquistador, né? Eia, sus!


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Janaina

fevereiro 25th, 2007 às 22:21

ahhh, o mundo hj anda opressivo. E todo mundo precisando de colo…
belo texto, como sempre.


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Deise

março 1st, 2007 às 20:05

Alê,
Precisei deixar um comentário para dizer o quanto me identifiquei com esse texto.
Constantemente, eu sinto que não sou o que digo que sou. E não sou o que acabo por fazer as pessoas acharem que sou.
Ou as pessoas acham o que elas querem independente do que eu faça?
Há tempos me pergunto isso… Sinto que sou várias, que vivo de uma forma diferente na imaginação de cada um que já passou pela minha vida. E as vezes me pego confusa. Não sei bem quem eu sou na minha própria imaginação. Tem dias que sou uma, dias que sou outra.
E já não sei mais se isso é bom ou ruim. Ando tentando descobrir o que eu quero a cada momento e não mais quem eu sou.
Fico achando que se eu aprender a viver a vida mais minuto-a-minuto, terei mais sucesso em conseguir os resultados esperados. E aí talvez quem eu sou se defina de forma mais uniforme no inconsciente dos que me cercam. E tvz eu fique menos confusa.
Não sei se acredito que alguém realmente se mostra de verdade. Porque não tenho mais certeza que alguém se conhece de verdade. Talvez essa seja a grande ironia divina – passarmos a vida tentando descobrir quem somos para no fim descobrir que somos apenas aquilo que os outros viram em nós.
Agora estou achando que saí um pouco do assunto do post. Pensando bem, acho que não.
Para acabar com essa verborrologia redundante e sem fim, deixe-me falar de 2 coisas que eu lembrei ao ler esse post:
+ O livro “A imortalidade” de Milan kundera. Tem tudo a ver com esse meu questionamento sobre quem somos nós. Recomendo a leitura. Aliás, Milan Kundera é sempre bom.
+ A música “Cedotardar” do Tom zé, que diz:
“Não, não é isto que eu sinto,
Eu minto
Acende essa loucura
Sem cura
Me arrebata com um gesto
Do resto
Não fale, amor, não argumente
Mente”
E parabéns pela coragem de escrever um texto tão pessoal num meio tão público.
E adorei sua escrita. Voltarei com frequencia.
Beijos
Deise.


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