Já contei que sou uma egocentrada, sem habilidade social e que dificilmente consigo enxergar o mundo com os olhos dos outros? Na verdade, cada dia que passa, tenho mais dificuldade para encontrar pessoas que eu respeite. E a culpa é minha porque mal deixo elas se aproximarem, quanto mais conseguirem dizer quem são antes de levarem alguma bordoada minha. Na verdade verdadeira, passei tantos anos ignorando e evitando gente nova que se tornou até divertido provocá-las e não me importar com a minha ausência de filtros. A ponto dos meus amigos antigos me chamarem de Analista de Bagé, Greg House, e dos amigos novos darem a descrição que está no começo desse post. E eu concordo com todos eles mas, vez ou outra, não sei se os empurro da sacada ou se me jogo dela.
É engraçado… Ontem estava pensando que, em quatro anos de blog, raramente respondi os e-mails (legais ou não) que me foram enviados. Mas respondi muitos dos
e-mails sensiveizinhos, chorados e com promessa de suicídio que esperavam (por algum motivo insano ou pura falta de atenção) ler palavras de carinho e otimismo vindas da minha caixa postal. Impressionada com a capacidade que algumas pessoas têm se fazer de coitadas, eu respondia os mais monótonos. Porque sempre fui a pior pessoa para tentar entender gente que não se resolve sem dramalhões, sabe? Adoro ouvir histórias, mas definitivamente não consigo respeitar seres tão carentes de atenção.
Mas aí aconteceu de voltar a conhecer gente… E gente nova sempre me irrita porque posso vir a gostar delas, e nunca sei até que ponto posso me dar e até que ponto elas me querem em suas vidas. Aí, ao invés de bater na porta como todo ser humano civilizado, vou e arrombo a porta.
Um dia escrevi que normalmente eu sorria para as pessoas, mas que não esperava que elas sorrissem de volta. É mentira. Nunca sorri para ninguém. Quando gosto da figura e não sei nada sobre ela a primeira coisa que faço é socá-la ou deixá-la constrangida para ver até onde ela agüenta ou me agüenta. E tenho feito isso regularmente com as minhas novas pessoas… E acabo sempre voltando mal pra casa, me sentindo péssima de alguma forma… E tenho me perguntado se não sou o tipo de pessoa carente de atenção que tanto eu desprezo… Vergonha.
Ontem de madrugada levei uma hora pra conseguir dormir… Um frio do cacete. E o coração em frangalhos por ter disparado minhas farpas a revelia só porque não há o que me segure quando tudo parece diversão. Ando com muita, muita vergonha do que me tornei ou me torno em certas ocasiões… A verdade verdadeira talvez seja essa.
Uma hora depois dormi e sonhei que estava numa festa em um apartamento grande, de sacada aberta e que eu (cruelmente) me divertia as custas de uma garota fragilzinha que estava brigada com o namorado por um motivo que eu julgava besta. Ela subiu no parapeito da sacada e prometeu se jogar. Eu ri, a desacreditei, não resisti as piadas de humor negro que me vieram a cabeça e só olhei para trás quando vi o namorado indo tirá-la de lá. Ela errou o passo, um amigo tentou ajudar e caíram os três. Não me recordo de sentir nos últimos anos sentimento tão inconsolável… E foi só um sonho. Um sonho que me acordou arrancando do peito um dia de arrependimentos e uma dose estranha de consciência. Chorei como idiota o dia todo… Tem alguma coisa muito errada comigo. Porque eu sei que preciso mudar, mas não sei nem se quero, nem se consigo, nem se vou gostar do que posso me tornar.
Sem saber o que fazer com um problema tão simples, passei o dia sensível, calada e pensando seriamente em fechar a porta e voltar pra dentro de mim. Antes, eu não sentia tanto frio.



Postado por:Alê Félix
15/05/2006
Comentários desativados em Já contei que sou uma Comentários
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Junior

maio 15th, 2006 às 9:11

Pare de choramingos. É uma ordem 😐


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Anete

maio 15th, 2006 às 10:37

Pára, sua doidinha! Te conheço melhor e a mais tempo do que qualquer velho amigo seu. Você sabe que não é só uma pessoa cruel. É também engraçada (não para suas vítimas, é verdade), amiga (não quando se trata de levar a Neide até Carapicuiba, é verdade) e a melhor amiga que já tive (mesmo tendo se isolado tanto nos últimos dez anos). Se quer saber a verdade, você não é nada disso. Você sempre foi o que te deu na telha e deve ser isso que faz as pessoas reagirem mal a sua presença. Incontrolável é a palavra e todos nós controladores odiamos gente assim. Conforme-se. Já não é sem tempo.
Depois que as pessoas te conhecem fica divertido ser jogado da sacada por você e é divertido ver você se jogar também.
Você é a Scarlet, não o Analista de Bagé ou o Greg House. É a pessoa que chora baldes na porta de casa e amaldiçoa a menina que desistiu de nos guiar até a festa e esquece completamente que tem um carro na garagem e nao precisa de ninguem pra ir a lugar algum.
Relaxa. Todo mundo que te conhece bem sabe que baladas contigo são sempre memoráveis (por bem ou por mal). Você pode ser um puta porre de vez em quando, mas é legal pra caralho. Não existe duas de você, mulher! Pára já de viadagem e não esquece da balada do japa na semana que vem, hein?! E não esquece que toda essa puxação de saco é só pra vc ir semana que vem. heh


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Adriano Navegantes

maio 15th, 2006 às 15:18

Adoro pessoas autopunitivas. Poupa tempo e dinheiro para as balas. heheheh.
É fase, e sabe disso. Antes de pular da sacada me passa um e-mail. Ou pulamos juntos ou tomamos um porre vendo a paisagem, eu levo o prosseco e você o chocolate (hershey’s no mínimo, please)… see ya… estarei em São Paulo em breve e me atrevo a querer te conhecer.


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maio 16th, 2006 às 4:59

Tudo culpa do Jonathas, aquele marmota safado de Varginha.


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Helio

maio 19th, 2006 às 2:07

se for pular por favor não faça de olhos fechados! é uma visão única, vc não vai querer perder.


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Helena

maio 31st, 2006 às 0:01

muita sinceridade no que você escreveu…também tanta sensibilidade…é difícil em momentos lidar com nosso lado mais frágil…e você insiste em não ver e se acusa… humana, muito abertamente humana!