ATENÇÃO

  O post a seguir contém cenas de violência, nudez  
e sexo e é desaconselhável a pessoas suscetíveis.
É aconselhável discrição.
 

“Querendo ou não, eu serei para sempre o seu diabinho de estimação.”…
E ela disse isso enquanto me empurrava contra o muro da fábrica… Olhou-me nos olhos com a maior cara de safada e lambeu a bíblia que eu carregava embaixo do braço e que havia colocado entre nós na hora que ela me emparedou. A mulher era a perdição… Boa pra mais de metro! Provocava e ria de mim. Mas Jesus Cristo, nosso Senhor, é testemunha de que eu desviava o olhar, que evitava a doida o máximo que podia e tentava ignorar cada pedaço de maldade que saía daquela boca. Ela, só me tentando: no ônibus, na fábrica … até na esquina lá de casa fazia cena. Na volta do trabalho, ela mudava de caminho, só pra me torturar. Morava duas ruas abaixo da minha, bem mais perto do ponto, mas dizia que precisava exercitar a parte interna das coxas. Numa dessas vezes, com a rua vazia, ela passou as mãos pelos quadris enquanto caminhava na minha frente e se arrebitou toda enquanto erguia a saia até a altura do gordinho da bunda… Para o senhor ter uma idéia, neste dia, eu cheguei a ver até um pedaço de calcinha. Nem dormi naquela noite.
No dia seguinte, de manhã, ela veio de novo. Eu estava na fila do ônibus quando ela passou por mim meio esbaforida… Até a respiração dela me perturbava. Não precisava ter dito nada, só chegar perto já era um problema. Mas, mesmo assim, ela chegou como se fosse me comprimentar e disse:
“Ontem era uma de algodão cor de rosa… Hoje estou de vermelho, hoje estou de renda, hoje estou no cio e quero ver o quanto de um bicho ainda existe em você.”.
O senhor pensa que é fácil resistir a uma coisa dessa? Eu sirvo Jesus Cristo, mas tenho um pau no meio das pernas! E ela era uma vaca de tão perversa. Uma gostosa, a minha branquelinha…
– Chorar não vai resolver o seu problema não, ô cordeirinho! Pode enxugar as lágrimas e ir desembuchando logo, vai!
– Como eu a quis de um jeito decente… O senhor não faz idéia de como eu tentei. Era tanto o meu desejo por aquela pervertida do diabo que ignorei todas aquelas sandices que ela tinha na cabeça e implorei que entrasse pra igreja, aceitasse Jesus… Que purificasse os pensamentos e casasse comigo. Eu cuidaria dela, sim senhor! Direito! Como pai de família! Não com safadeza, como a doida queria.
Teve um dia que ela se esfregou em mim… O ônibus lotado e ela se esfregando, passando os peitos pelas minhas costas, as pernas nas minhas pernas. Eu saí de lado, ela parou, mas não antes de sussurrar no meu ouvido:
“Todo o tesão que você me causa eu confesso lá na católica, sabia? E adivinha? Não há nada que eu pense em fazer entre as suas pernas que algumas Ave-Maria e alguns Pai-Nosso não me absolvam.”.
Me diz: que homem suportaria esta mulher? E nem a igreja católica ela freqüentava! Ia lá só para perturbar o pobre do padre. Eu tenho um bilhete que ela deixou no meio da minha bíblia… Está aqui se o senhor quiser ver:
“Eu me acaricio enquanto detalho para o padre o volume que eu vejo sob a sua tua calça…
– É, malandro… quanto mais temente a Deus, mais tesão pelo diabo!
– Mais respeito pelas crenças do rapaz, Almeida! Cuide de anotar o depoimento e engolir os seus comentários. O que eu não entendo é porque você matou a menina um dia antes dela aceitar de vez a sua religião. Se você sentia tanta atração por ela, se ela dizia amar você a ponto de freqüentar a sua igreja e casar do jeito que você queria, por que estourar os miolos dela?
– Foi um mês de prazeres que eu não teria com mulher alguma nessa minha vida. Julia era doce, sensual, atrevida… Uma cobra, aquela peste. Se contorcia sobre o meu corpo de um jeito que era ela que me comia, não eu. Não é fácil pra um homem, mas eu comecei a gostar dela do jeito que era. E caí de amores por aquela branquelinha… Quanto mais a conhecia, mais eu sofria pelos dias que desperdicei. Por ela, eu repensei a idéia de céu e inferno, enxerguei a minha dependência religiosa, minhas fraquezas e a resistência que sempre tive para aceitar pessoas e pensamentos diferentes dos meus. Eu me escondia atrás de uma bíblia, era isso que eu fazia. Me escondia atrás de um monte de regras estúpidas. E como eu era hipócrita…
É isso que deve ser amor, sabe? Amar deve ser se permitir mudar, repensar, recomeçar, não ter medo de errar, sentir, fazer uma ou outra bobagem em paz de vez em quando. Deve ser não ter medo de se estrepar um pouco, perder o controle… Eu amei a minha branquelinha, mas não tive coragem de largar a igreja nem o mundo que me ensinaram que era o certo. E eu sei que ela me amava também… Percebi, um mês depois do nosso primeiro beijo. No dia que ela lambeu a bíblia eu não agüentei e a beijei na nuca depois que ela virou de costas para ir embora. Aquele cabelo curtinho… A nuca sempre me chamando…
Batalha perdida, fizemos amor feito uns drogados um mês inteiro – todo santo dia, se o senhor quer saber. Até que ela inventou de ir na igreja comigo… Foi uma vez, foi outra, mais uma e, mesmo eu sabendo que ela se entediava com aquilo tudo, vi ela decidir se batizar sem dizer palavra.
– E isso não era tudo o que você queria, rapaz? Agora pouco você disse que pensava em casar, fazer a coisa direito!
– Eu disse, sim senhor… Mas foi no começo, quando tudo era só provocação dela. Depois que provei da Julia, logo percebi que eu estava perdido… que ali, o pecado era mexer a ponto de transformar a minha branquelinha em outra pessoa. Aceitando Cristo como seu salvador, mais cedo ou mais tarde ela sentiria o peso da culpa, o medo da vida… Percebi que esse negócio de amor e paixão não é pra qualquer um não, sabe? Tem que ter a mão muito leve para a vida e nenhum de nós dois tinha…
– E a sua mão pesou tanto que disparou aquele revólver seis vezes no peito da moça?
– Os senhores não vão entender nunca. Homem é bicho fraco. A gente costuma dizer que quer uma mulher que seja uma santa na rua e uma puta na cama, mas é mentira. A gente não agüenta isso, não. Puta a gente gosta se estivermos escondidos num puteiro. Mulher nossa tem que ser santa, inclusive na cama, porque senão a gente fica inseguro, não sabe se dá conta.
– Foi por isso que você matou a menina? Por que achou que não daria conta?
– Não foi, não senhor. Eu matei minha branquelinha porque eu seria incapaz de fazê-la feliz. A matei porque, mesmo sabendo disso, não suportaria saber que outro homem desfrutaria do seu sorriso. Matei porque não conseguiria ver aquela mulher que se divertia tanto com a vida, morrer ajoelhada e chorando nos bancos de uma igreja.
– Pra quem sonhava com o Paraíso, engolir uma penitenciária vai ser test-drive para o inferno. Quem diria não, ô cordeirinho? Depois vem discursar sobre o pecado…
– Não existe o pecado; existem crimes. E eu estou aqui confessando os meus.



Postado por:Alê Félix
07/05/2006
Comentários desativados em A Branquelinha Comentários
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Rosa

maio 7th, 2006 às 15:32

Nossa esse post me deu o maior tesao


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Genivaldo

maio 7th, 2006 às 15:36

O texto ta muito bom, mas naum se deve mexer com certas coisas. Eh preciso ter respeito com as coisas de Deus.


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Junior

maio 7th, 2006 às 18:08

Fóda moça. Muito fóda… 😉


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Greice

maio 7th, 2006 às 21:44

Gostei……Bem 10 a historia


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Princesa Chi

maio 7th, 2006 às 22:10

Mto legal o texto, embora eu não consiga entender o motivo do cara ter matado a mulher… Coisa de louco u_u”
BJinhos!!!


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Helô

maio 7th, 2006 às 22:32

Cai no seu blog d pára quedas, e ADOREI!! Pow que sensibilidade hein moça!? Mto interessante sua forma de “descrever” o amor, o pecado, a vida!!!!
Jah virei fã!


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Dom

maio 8th, 2006 às 3:47

Muito bom o texto. Me fez lembrar Nélson Rodrigues, o que não significa que não seja original. Adorei!


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Jair Bernardes

maio 8th, 2006 às 12:10

Li o texto na faculdade e corri pro serviço da esposa, avisei o chefe dela que tínhamos que ir pra casa, emergência, crianças, coisaetal… Chegando em casa, ela leu o texto comigo já grudado nela, e transamos muito, como no início do relacionamento. Ainda temos muito tesão um pelo outro, mesmo após anos juntos. Basta saber provocar. Teu texto provocou.


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Mila

maio 8th, 2006 às 13:16

Achei o texto bom, legal mesmo… Mas achei muito mais engraçado o coment aí de cima… Teu blog agora virou provovocação pro sexo, Dona Alê? rs. Daqui a pouco vira concorrente da Playboy…rs. Te cuida aí, viu, menina?
bjo


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Mia

maio 8th, 2006 às 16:05

Gostei muito do seu texto. Já faz um tempo que eu dou uma olhada por aqui. Vi vc foder o carro do seu ex (neguinho pirou achando que era verdade) e outras passagens, literarias ou não, da sua vida. Só agora resolvi lhe cumprimentar. Legal pra caralho.
abraço


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Flávio

maio 9th, 2006 às 7:19

Implacável!
bjs


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Aline

maio 9th, 2006 às 9:25

Gostaria de ter sua permissão para pôr um link do seu blog no meu fotolog…posso?
Até


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Gabi

maio 9th, 2006 às 13:04

Sei lá porque, mas acho que as conversas no Valadares têm algo a ver com isso: sexo, religião… faltou política e futebol…
Sábado vai ter pizzada na ZL!
vamos?
bj


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marco

maio 9th, 2006 às 19:16

Chiiiiiiiiiii a Ale pirou!! Não sei se pra sempre ou por prazo determinado.
Marco


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afonso

maio 9th, 2006 às 21:01

o texto está muito bom. faça-me uma visitinha.


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afonso

maio 9th, 2006 às 21:02

o texto está muito bom. faça-me uma visitinha.


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DeH

maio 9th, 2006 às 23:06

que dizer?
tem o toque de erotismo q eu sempre achei q textos desse gênero devem ter, de sugerir deixando à margem do leitor transformar aquilo na própria fantasia..
a narrativa também foi hiiiper bem construída, com os elementos de surpresa chegando aos poucos..
apesar de q particularmente eu achei a razão meio besta, pra que mais besta que a vida em si?
como dizem, a gente se phode mas a gente se diverte! (interprete como quiser.. 😉
:*
(p.s. nao quis ser clichê, mas leia-se: *p-h-o-d-a*)


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Grazi

maio 9th, 2006 às 23:11

Eita que eu sou fã dessa mulher desde a saga do primeiro beijo!
Alê, você sempre surpreende 😉
bjo


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Amber F.

maio 10th, 2006 às 11:50

Sensacional!!! Muito bom mesmo.


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Flória E.

maio 10th, 2006 às 17:13

Nota 10


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Jana

maio 10th, 2006 às 19:48

Nossa! Mudança de estilo, mas um texto muito interessante… Parabéns, como sempre!


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ZMenezes

maio 11th, 2006 às 12:31

Baixou o espírito do Nelson Rodrigues na Ale??
Adorei o estilo do texto… ficou muito bom…
Alguém notou que no final nao tinha um aviso de “continua”????? hehehehheh


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fuij-O-K

maio 12th, 2006 às 18:53

Meu que atrizzz ao contrario da amada MArta Medeiros seu texto é de arrasar parabéns. Vim parar aqui no seu log nem sei como!!!!


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Patrícia Angra

maio 20th, 2006 às 10:06

Gostei muito da branquelinha se possivel gostaria que me manda-se por e-mail por favor pois tentei e não consegui!!! PARABENS a branquelinha ficou um arraso!!!!!
obrigada.


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Isabela

junho 22nd, 2006 às 8:21

Muito boa a história , porém nao entendi a última frase =//
se puder me responder , agradeço .
Beeeeijos ;*