Eu e meu pai sempre discutíamos quando o assunto era política. Mais especificamente, Paulo Maluf. Semana passada, quando eu soube da prisão, liguei pra ele para sacaneá-lo. Liguei em casa, a Quitéria atendeu, eu perguntei se meu pai estava, ela disse que não, ela perguntou se eu queria falar com a minha mãe, eu disse que não, conversamos um pouco e, em seguida, desligamos. Minutos depois eu sai e só voltei no fim do dia. Quando cheguei, uma tonelada de recados dele e da minha mãe me esperavam na secretária eletrônica. Eu não entendi o porquê de tanto desespero e liguei de volta perguntando o que havia acontecido. Ele atendeu e parecia preocupado. Quando eu disse que só tinha ligado pra dizer que o Maluf tinha sido preso, ele disse que já sabia e perguntou se a ligação era só pra falar sobre aquilo. Eu disse que sim e senti um certo desapontamento no tom de voz. Ignorei o tom de voz e desligamos o telefone depois das perguntas e respostas de praxe.
Com o telefone no gancho, voltei a pensar sobre o tom de voz… Só então percebi que aquela era a primeira vez que eu havia feito uma ligação para falar com meu pai e não com a minha mãe, ou com os meus irmãos. Só então eu percebi porque ele havia retornado a ligação tantas vezes, se preocupado… Passei o resto do dia pensando sobre essas relações familiares que mantemos mal resolvidas por achar que ignorar é mais simples. Fiquei pensando sobre pais, filhos, identificação, aceitação, imitação de comportamento, rebeldia, sobre como deve ser a relação de pai e filho dos Maluf, me perguntando sobre o que os dois conversariam presos na mesma cela e sobre o que, eu e o meu pai, conversaríamos se, um dia, fossemos obrigados a passar mais do que alguns segundos falando sobre amenidades.
Como é que a gente constrói uma ponte entre duas montanhas que nunca sairão do lugar e que são separadas por um abismo tão grande?
Questionamentos à parte, como lá em casa a gente não perde a piada…
Henrique, meu irmão, sobre o caso Maluf:

Bem que o Maluf podia ter sido preso pela Rota.
Apresentação (espetacular!) do Marcelo Médici na Terça Insana, no Avenida, onde ele faz um ex-presidiário e comenta o que os detentos disseram quando o Maluf foi preso:

Hum, adoro comida árabe…



Postado por:Alê Félix
15/09/2005
0 Comentários
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Junior

setembro 15th, 2005 às 11:10

Entendo a sua relação com seu pai. É a mesma que eu tenho com a minha mãe.


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silvia remaso

setembro 15th, 2005 às 11:23

cade o comentario que eu tinha feito?


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silvia remaso

setembro 15th, 2005 às 11:26

eu via a hora que o paulo maluf foi preso, mostrou ao vivo no jornal da globo, ele fazendo cara de coitadinho, fiz como voce falei para o meu irmao e ele comemorou EBA! como se tivesse ganho um presente…


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Sammy

setembro 15th, 2005 às 14:42

Só quero saber quando sairá o “Habibbi’s corpus” dos Maluf…rsrsr.. ou então, realmente, eles virarão comida nova para preso…aiaia.que maldade..mas, estão pagando o MÍNIMO pelo que devem… pois o que fizeram, não se faz!
E quanto ao relaiconamento pai e filho, super complicado.Nem sei, para falar a verdade, quando disse a meu pai que o amava, só sei que a relação entre mãe e filho é muito mais fácil. Mas, entre relações e outras, um dia eles sentem falta, e necessitam, mesmo que indiretamente, de ouvir uma palavra a sssim
Beijinhusss. eu estava sumidinha por aqui


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Sammy

setembro 15th, 2005 às 14:48

E por falar em posts… Cadê a continuação da “Hostess do Araçá?”…
Bjux
e ps: quando que volta o cht da Alê? Mas só é aos domingos?


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Sammy

setembro 15th, 2005 às 14:49

E por falar em posts… Cadê a continuação da “Hostess do Araçá?”…
Bjux
e ps: quando que volta o cht da Alê? Mas só é aos domingos?


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menina-prodígio

setembro 15th, 2005 às 15:00

Ah, o Maluf é uma figura, e já vai tarde!
Eu era igualzinha. Mas depois que o papai ficou doente, a gente picaretou todas as barreiras, e quando ele faleceu, não tinha ficado nada sem ser dito.


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Milton Ribeiro

setembro 15th, 2005 às 22:19

Foi uma bela prisão. Esperamos por outras, principalmente em Brasília. Engraçado, lembrei agora que quando ligava para meus pais – meu pai já morreu -, sempre quem atendia era minha mãe, mas a ligação era em 90% das vezes para meu pai. Saudade. Beijo.


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Adrina

setembro 16th, 2005 às 13:59

O meu pai morreu quando eu tinha 19 anos e ele era só uma lembrança vaga na minha cabeça. Eu a minha mãe somos separadas por 100 anos luz, e ela faz toda questão do mundo de ser assim.


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nielphine

setembro 17th, 2005 às 3:07

nha, prisão…
eu quero saber é da condenação, aí sim eu fico feliz.


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Maitê

setembro 17th, 2005 às 17:18

hahahahha… Essa piadinha da comida árabe foi genial!


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Ivan

setembro 17th, 2005 às 20:03

Bom, como estou aqui pela primeira vez, vou vasculhar um pouquinho mais. http://spaces.msn.com/members/vertentesmusicaisdemim e http://ijdlf.zip.net


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Cooper

setembro 17th, 2005 às 21:40

Os presos adoram comida árabe… Será que o Maluf manterá o “estupra, mas não mata?”
Beijos estratégicos…


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Viva

setembro 22nd, 2005 às 13:56

Sabe, eu ando com pouca paciência com meu pai nos últimos tempos. Ele é super carente, quer conversar, liga, chama no msn, mas eu às vezes fico com uma preguiiiiiça de falar amenidades.
Semana passada eu tinha que trazer um carro de Curitiba e ele quiz vir comigo pra eu não vir sozinha. No começo achei uma péssima idéia, preferia vir ouvindo minha música, pensando na vida, sozinha. Mas sabe, a viagem foi ótima. Conversamos o tempo todo, eu falei muito mais do que ele, e ainda insisti pra ele ficar mais um dia aqui em Campinas conosco. Ele ficou todo feliz. Às vezes com um pouquinho de esforço as relações melhoram tanto. A gente é que é preguiçoso, né?
Liga pra ele de novo qualquer hora, ele vai gostar.
beijos!


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ratapulgo

setembro 26th, 2005 às 5:50

strupa, mas num mata!
oi, dear,
copiei!


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setembro 30th, 2005 às 12:55

É estranha essa relacao pais / filhos… Pq a gente sempre acaba evitando a conversa com os pais e prefere os amigos? O que acaba distanciando tanto a gente dos pais?
Agora mesmo estou a zilhoes de quilometros dos meus e primeiro dou notícias aos amigos que ficaram pra depois pensar em ligar pros meus… Pior que por mais que a gente tente mudar, alguma coisa impede… sei lá…
Êta vida complicada né….


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Helena Costa

outubro 2nd, 2005 às 22:35

Alê, comentei esse e o post sobre o sequestro no Coy & paste. Gostei muito de ambos; voltarei.
Abração,
Helê


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Kellen

outubro 3rd, 2005 às 16:03

Oi, Alê! Cheguei aqui pela Helê, do “Duas Fridas”, e gostei muito. Muito legal esse post sobre Maluf, pais e filhos, boa sacada a sua. Apareça lá no blog também! Beijo!


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girls

novembro 7th, 2005 às 5:58

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