– Mas é tudo farinha do mesmo saco, mesmo! Eu vi você sendo arrastado pelos seus amigos e a sua memória naquela hora parecia boa, boa. Por que agora está dizendo que não lembra da minha amiga, hein?
– Acho que eu perdi alguma coisa… Alguém te chamou na conversa?
– Não. Ninguém me chamou. E já que ninguém chamou, eu vou ali descobrir o que a sua namorada acha dessa história toda.
– Tá louca, menina? Espera aí! Vem aqui…
– Ótimo! Então, já que agora eu fui chamada na conversa acho bom você saber que, não bastasse você ser um traidor de namoradas, você é também uma besta quadrada fofoqueira.
– De onde surgiu essa louca?
– Do Dancing, domingo passado. Eu estava na saída da danceteria quando você foi tirado de lá. E louca vai ficar a sua namorada, quando souber da história dos gemidos em inglês.
– …
– É isso aí. Eu vi você contando para os seus amigos na saída.
Marilu sorriu disfarçadamente com o olhar, o Corcel gelou, mudou a expressão e rapidamente de atitude…
– Olha, eu não lembro muita coisa daquela noite, mas…
Cruzei os braços, Marilu colocou a mão sobre os olhos e virou de lado como se estivesse chocada com a notícia e prestes a chorar.
– Eu não acredito…
– Calma, amiga. Não fica assim. Está vendo o que você fez?
– …
– Não chora… Homens são assim mesmo. Um dia fazem promessas em inglês no banheiro da danceteria e no dia dos namorados levam flores para a outra.
– Ei, ei, ei! Vamos com calma! Eu não prometi nada, não! E a outra nesse caso, é a sua amiga aí.
– Eu não era uma desconhecida!
Foi a própria Marilu que me contou dos gemidos em inglês. Tirou o maior sarro no dia, disse que o casal estava no box, fazendo chamada oral do verbo “to be”, contou para as outras garotas que estavam com a gente… Não era possível que fosse ela. Seria muita cara de pau. Tanta quanto para aqueles olhos vermelhos de choro que ela estava simulando.
– Olha aqui! Pra você eu posso não ter significado nada, mas pra mim você foi muito importante, viu? Precisava ter contado dos gemidos americanos pra torcida do Corinthians? Era pra ser uma brincadeira nossa! Só nossa.
– Não fica assim. Você sabe! Ele é homem. Dois prazeres lembra? Um na hora da transa e outra na hora de contar para os amigos. Eles são todos iguais…
– Não deu pra guardar pra você mesmo, não? Teve que se gabar?
– Eu estava bê-ba-do!
– Ah, é? Então você que explique isso para a sua namoradinha, porque eu vou lá fora agora e vou contar tudo pra ela!
– Não! Espera. Espera aí. Vamos conversar…
– Não temos nada pra conversar com você. Você merecia ter levado várias ovadas do irmão dela. Você iludiu minha amiga, sabia?
Dizer que o Zarolho era o irmão vingador da Marilu foi um erro. Nessas horas, quanto menos informações fáceis de serem desmascaradas, melhor. Nada de citar nomes, nada de inventar parentescos. O problema é que eu normalmente esquecia dessa regra. Me empolgava com a encenação e falava mais do que a boca.
– Olha… está certo. Eu não sabia o que estava fazendo. Me desculpa se eu magoei você, se falei alguma coisa ruim… Eu não lembro, mas desculpa. Tudo bem assim?
– Não.
– Como não? Você quer que eu faça o quê?
Chegamos onde queríamos…
– Além de ter me magoado você ainda quer dar queixa do meu irmão só por causa de um ovinho…
E a cara de pau choramingou de novo… Que atriz! Que amiga mais penosa!
“A cachorra dá um show no banheiro da danceteria, não me conta nada e ainda faz chantagem melhor do que eu. Se eu soubesse chorar desse jeito, nunca mais discutiria com namorado nenhum. Era só chorar e todos os meus problemas estariam resolvidos.”
– Ei, não precisa chorar mais, ok? Eu não sabia que ele era o seu irmão.
Crise, só podia ser outra crise. A Marilu sempre fazia bobagem quando estava deprimida. Sua vida, naquela época, se dividia entre sexo casual e uma coleção de paixões mal resolvidas. Transar por transar ainda vá lá, mas sem critério físico ou cerebral algum era desesperador. O cara era um babaca à primeira vista.
– Vamos esquecer tudo isso, ok? Eu não dou queixa do seu irmão e você não conta nada pra minha noiva.
– Noiva?
– Noiva? Você vai casar com a menina e transou com a… comigo?
– É o fim da picada…
Fiquei indignada. Marilu quase riu, mas se recuperou logo e fingiu outra cena de lágrimas. Como chorava bem, aquela maldita! Mas, pelo menos, daquela vez ela titubeou para dizer com quem o Corcel havia transado. Ele não percebeu nada, mas eu percebi. Não que a história do banheiro não fosse digna do seu currículo de maluca em crise por nada e sempre, mas a moça do “don’t stop, please, God!”, não era ela.
——————————–Continua grande. Não acaba logo.
Para ler o Post I, clique aqui.



Postado por:Alê Félix
05/07/2004
0 Comentários
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DeH

julho 5th, 2004 às 8:33

ahhh, claro! haha :D~
:***


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Trakinas

julho 5th, 2004 às 9:53

Oi Alê!!! Que droga, eu nunca consigo ser a primeira… tudo bem, tudo bem… Pelo menos não estou mais confusa quanto a transa (se era a Marilu mesmo…). Ah, curso de teatro cai bem nessas horas… eu sempre consigo as coisas por que choro… hehehe
beijinhos
Trakinas


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André Stern

julho 5th, 2004 às 11:16

Pataqueparéu!!! Eu é que te peço: não acabe logo XD
Saga do primeiro beijo? Videotexto? Pffft.. nada disso importa, mas, por clemência, CONTA QUEM ERA, AFINAL, A MULHER DOS GEMIDOS EM INGLÊS!! XD
E….. “penosa”…. hauehueh XD


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Nuria

julho 5th, 2004 às 11:19

Aaaaaa….
Que coisa…
Vc tem o dom de me deixar mais curiosa do que eu normalmente sou….
Quero saber de tudo loooogoooo….
hehehe….


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Débora

julho 5th, 2004 às 13:10

Oi Alessandra!
Nossa, mas eu fiquei besta agora. Não era a Marilu a moça do banheiro….
Estou curiosíssima!! Está muito boa essa história, parabéns!


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Andreia

julho 5th, 2004 às 13:44

Qnd vc vai postar a saga do 1º beijo? To esperando ja faiz um tempão!
bjos Deia


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Rafael Neves

julho 5th, 2004 às 14:31

A história do Ovo negro e os incompetentes no amor tá ótima! Tô entrando todo dia no blog pra saber se já tem a continuação.
Se render bastante, dá até pra transformar em livro! Prende o leitor até o último parágrafo. Parabéns! 😉


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Isabella

julho 5th, 2004 às 17:32

ooi, tia ale!!!!!!!!Kd a saga??!!!!!plz!!!!!!!O video o texto???????!!!!poxa…..vlw…bjinhux


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Prih

julho 5th, 2004 às 20:50

Nossa! Tô amando essa história!! (^_^)
Muito comédia! X)~
=*******


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Lígia

julho 5th, 2004 às 23:20

Alê…
Senti uma emplogação nessa historinha hein??? kkkk
Ó, tô c/ saudades…
Qndo puder, marca uma partida de video-game, fmz??
Bjokas!


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Bia

julho 6th, 2004 às 0:20

Meu, vc tem uma nova fã. Conhecia a fama do amarula com sucrilhos mas não sabia da qualidade real, estou me tornando uma aficcionada pelo seu site…agora sem exageros, seu site é realmente mto bom e eu, como “espectadora” fiel estarei esperando pelo desencadear da saga do primeiro beijo (minha hist favorita) e de todas as outras hists q vc resolver nos contar…
Bjaum
Bia


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Bia

julho 6th, 2004 às 0:20

Meu, vc tem uma nova fã. Conhecia a fama do amarula com sucrilhos mas não sabia da qualidade real, estou me tornando uma aficcionada pelo seu site…agora sem exageros, seu site é realmente mto bom e eu, como “espectadora” fiel estarei esperando pelo desencadear da saga do primeiro beijo (minha hist favorita) e de todas as outras hists q vc resolver nos contar…
Bjaum
Bia


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Trinity

julho 6th, 2004 às 2:02

Ahm… precisa dizer que eu tô gostando? Então tá. “Don’t stop, please, God” é foda. Vai dizer que também falou “Oh, Gee! Ooohh”. Opa… =x


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