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Escrito pela Alê Félix
30, abril, 2004
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Pra quem não sabe quem é o pai da Donna, a Lia acabou de mandar um link com a foto.



Escrito pela Alê Félix
29, abril, 2004
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Sempre fui atormentada por pesadelos. Basta brigar com alguém, ficar com alguma mágoa atravessada na garganta, sentir raiva ou ver cenas muito
violentas, para acordar com o coração na mão. Na maior parte deles, estou batendo em alguém ou metida em alguma missão sem pé nem cabeça. É quase uma
regra do meu subconsciente.
Na semana retrasada, por exemplo, eu tive um sonho cujo tema se repetiu por dias. Eu, vestida de Xena, a rainha guerreira, era uma das integrantes da
nave Torre de Babel. Sim, era este mesmo o nome da nave. E ela, no sonho, foi quem trouxe os humanos para a Terra. A Terra, por sua vez, era uma
criação do próprio Homem e foi feita porque todos os outros planetas estavam prestes a serem destruídos. Ah, não vou dar detalhes. Foi uma briga dos
diabos que rolou entre os grupos que integraram a Torre de Babel. E eu, apesar de heterossexual e usando um manequim muito abaixo do meu, era a
própria Xena.
Pensando bem, os pesadelos da Torre de Babel até que não foram ruins. Apesar da pancadaria, foi interessante acordar e viajar na maionese lembrando
da chegada na Terra, das diferenças entre os povos dos outros planetas, conhecer os animais e plantas criados por nós e o roubo do milho (só conto
sobre o milho pessoalmente). Estes, perto dos últimos pesadelos, foram o paraíso. Ruins foram os que vieram depois que eu assisti Kill Bill.
Fui ao cinema na sexta-feira, voltei pra casa, dormi e acordei aos berros…
Gogo, eu era o rosto da Gogo! Assustadoramente Gogo. Só que alta, magrela e com uniforme Adidas vermelho. Eu, euzinha, com uma aparência bem mais
nova, era uma espécie de hostess do inferno. As pessoas morriam, batiam na porta do inferno, eram recepcionadas por mim e levavam uma surra danada.
Sangue esguichando, cabeças rolando, Tarantino dançando frevo com o Simon do American Idol… E eu ainda acordo com a certeza de que as semelhanças
entre Gogo e eu, por maior que fosse o absurdo, não eram tão surreais.
Só hoje, no meio do dia, lembrei de onde elas vieram. Fui atrás da resposta e achei a foto. Minha foto aos sete anos. Minha foto Gogo!
E não é que, mesmo com esse rosto de anjo, eu dei um puta pau no João Kleber e no George Bush?

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Pesadelo sexta, sábado e domingo. Um horror! E agora, depois de encontrar essa minha foto, estou achando que eu parecia mesmo com a demônia Gogo
do Kill Bill. Deve ser esse cabelinho… só pode ser.
🙁



Escrito pela Alê Félix
26, abril, 2004
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Eu fui até o raio do passeio de balão de mau-humor e a contragosto. Queria ter ficado em casa dormindo. Quatro horas da manhã é a hora que eu deito
para dormir e não a hora que eu acordo pra viajar cem quilômetros só para ver pessoas alvoroçadas dentro de um cesto no céu. Que graça poderia ter
uma bexiga gigante carregando entediados paulistanos em busca de uma novidade? Eu queria minha cama…
Na saída para Boituva, o homem do balão nos esperava. Estacionamos o carro no acostamento e… mato. Eu odeio mato. Enchi os pés de carrapicho, meti
o pé na terra orvalhosa, morri de frio e de zanga enquanto todos esperavam o tempo melhorar. Voa-não-voa, voa-não-voa, uma espera que parecia não ter
fim, até que mais duas caminhonetes chegaram com mais dois balões.
O sol não aparecia, mas o vento parou. Era o sinal que os balonistas queriam para preparar os equipamentos e era tudo que eu estava torcendo para não
acontecer. Assim poderia voltar para casa mais rápido e dormir algumas horas antes de ter que trabalhar em pleno feriado.
Desenrolaram os envelopes no descampado, ligaram o maquinário e posicionaram os cestos. Eu fui para o carro, deitei o banco e decidi tirar um
cochilo. Meu dia poderia ser salvo se eu conseguisse me abster daquele evento.
Claro que não foi possível. Mal descansei os olhos e montanhas coloridas inflaram por cima do carro. Uma visão surreal para qualquer desavisado que
atravessava a Castelo Branco e uma visão surreal para mim. Surreal e linda, linda e mágica. Balões fazem a gente se sentir o tempo todo em um filme.
Eu não tinha como manter os olhos fechados – não mais. Fui tomada por uma alegria estranha. Leveza dos tempos de criança. Um descomprometimento, uma
sensação de liberdade que a gente custa a sentir depois que cresce.
Procurei a máquina fotográfica na bolsa, em uma tentativa desesperada de parar o tempo. Eram as cores do envelope, a luz da parte interna, o disparo
do fogo, os olhos das pessoas brilhando… Puta que o pariu, que merda de pessoa eu me tornei. Reclamei, fiz cara feia, fiz tudo que eu sempre faço
quando quero transformar a vida em algo pior do que ela é. E cometo este pecado há anos…
Quando o primeiro balão saiu do chão, vi o piloto – que devia estar fazendo aquilo pela milésima vez – erguer os braços para o alto, pular dentro do
cesto e gritar aquele grito gostoso de adrenalina. Como pode alguém ter prazer com algo que faz o tempo todo? Compreendo que é mais fácil gostar do
que se faz quando se vende sonhos do que em uma mesa de escritório, mas ele mantinha a paixão dos iniciantes.
Eu comecei a chorar – como uma idiota. E me afastei do resto do grupo para não morrer de vergonha e ter que inventar uma conjuntivite. Lembrava o
tempo todo de uma conversa que eu tive no dia anterior:
– Por que você não vai também?
– Andar de balão? Eu? Me poupe…
– Por que? Tem medo?
– Eu não! Eu tenho é mais o que fazer.
– Você não tem vontade de fazer essas coisas?
– Não. Não faço a menor questão. Primeiro porque eu não sou louca de me arriscar em algo que eu não teria o menor controle e segundo porque,
sinceramente, não há mais nada que eu queira tanto assim.
Quando foi que eu passei a ter medo da vida? Quando foi que eu mudei? Não, eu não era assim. Quando foi que eu caí no conto da vida sob controle?
Quando foi que eu deixei de gostar tanto assim? O que foi que eu fiz que me fez deixar de querer?
Não conseguia parar de fotografar. Fotos repetidas, certamente. Mas de uma paisagem diferente daquela que há anos me persegue. Com um tanto de
euforia, corri para pegar outro filme, escorreguei em uma lamaceira escondida e cai de bunda e alma estatelada no chão. Uma queda que me obrigava a
olhar diferente e a rir do meu descompasso. Ninguém viu, ninguém correu para perguntar se machucou. Pude ficar em paz com a cabeça na lama e olhando
para o céu do lugar mais poético que a vida poderia ter me reservado. Um único balão passeando por cima de mim naquele estado, teria feito a festa
que o meu coração precisava. Mas aquele era um momento de generosidade e três balões enfeitaram o meu céu cinzento naquela manhã.
– Vem! Vamos atrás dos balões!
– Como assim?
– É. Sobe aí na caçamba da caminhonete. A gente solta os balões e agora vai atrás deles pra trazer o pessoal de volta.
– Ah, é?
– É!
– E como é que vamos saber a direção?
– Seguindo o vento…
– Mas o vento muda…
– E a gente muda também.
– …
– Quer ir?
– Quero.



Escrito pela Alê Félix
23, abril, 2004
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Sabe quando alguém vira pra você e diz: “joga nas mãos de Deus”? Pois é, voar de balão é isso. É se jogar em um cesto de Deus. Um dia antes de lançar
minha sogra ao vento, o homem do balão me liga. Uma voz grossa, fria e direta:
– Estou ligando pra cancelar o vôo do sábado. Teremos que agendar para o feriado que cairá na próxima quarta-feira.
– Mas assim? Em cima da hora?
– Desculpa, mas as previsões não são nada boas…
Como é que alguém, sendo o “Senhor Balão”, diz uma coisa dessas pra um passageiro de primeira viagem? Pensei: “Vixe! Esse negócio não deve ser
seguro. Além de se arriscar em um cesto de vime tamanho família, ainda é necessário acreditar nas previsões do homem do tempo e na sanidade do homem
do balão”.
– Ô moço, me diz uma coisa: alguém já morreu “andando” de balão?
– Comigo no comando, não.
– Claro! Se tivesse morrido, você também não estaria aqui pra contar a história.
– Engano seu. Dificilmente morreriam todos os tripulantes. Já vi gente ser arrastada em pousos forçados e outros saírem intactos. Vi um rapaz que
ficou grudado em uma cerca de arame farpado e outros que não se seguraram direito na hora da descida e foram arremessados pra fora do balão. Alguns
chegaram até a sofrer fraturas expostas, mas outros nem sentiram o pouso. Soube de uma mulher que…
– Pára, pára, pára! Tenha dó, meu senhor! Minha sogra vai andar nesse treco em poucos dias e o senhor vem me contar histórias como estas? Agora vou
dizer o quê pra ela?
– Perguntou por que, se não estava preparada para ouvir?
– Para o senhor me tranqüilizar, dizer que o passeio é só serenidade, omitir detalhes trágicos… Eu sou mulher, meu querido! Não fui preparada para
ouvir a verdade.
– Você acha que atravessar a rua é seguro?
– Anh? E o que tem a ver o loló com as calças?
– Acha ou não acha?
– Acho. Claro que acho…
– Minha mãe morreu atravessando a rua.
– Conversa!
– O sonho da sua sogra não é andar de balão?
– É, mas…
– Então diga pra ela não atravessar a rua antes do feriado. Viver é correr riscos.
Silêncio dos dois lados da linha…
– Lá, lá! Falou bonito, hein moço?



Escrito pela Alê Félix
19, abril, 2004
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Que toda fantasia seja perdoada. Até mesmo as mais infantis, como a minha, de achar excitante
beijo na boca de super-heróis. Antigamente eu achava que era porque eu adorava homens idealistas e
defensores dos fracos e oprimidos, mas, hoje em dia, acho que tem mais a ver com a complexidade
das vidas secretas dessas criaturas.
Eles levam uma eternidade para beijar a moçinha da vez… Já perceberam? São os reis do embaço. E
não é que eu gosto dessa enrolação toda? Acho que é porque tem toda uma energia depositada no
beijo de um super-herói. Não é simples. Pra eles, salvar o mundo é fácil, beijar na boca é
complexo. Complexo e instigante aos olhos das vilãs, mocinhas, colegas de trabalho e leitoras de
histórias em quadrinhos que se amarram em uma missão impossível.
Todo aquele potencial, vários golpes, máscaras e disfarces, um mistério enorme em torno do sujeito
e beijo que é bom, só lá no final. Falando assim parece muito sacrifício pra pouco benefício, mas
não é. Beijo de super-herói é beijo de super-herói. Principalmente se o cabra voar. Aí ele pode
ser tão coxinha como o Superman ou tão retardado como era aquele super herói americano que passava
no SBT. Eu sei, eu sei… este último já é forçar a barra. Eu sei, pau a pau com o Chapolim
Colorado. Esquece.
A imagem acima foi feita por conta do dia internacional do beijo. E porque beijo bom pra mim é
como dinheiro: se vem fácil, vai embora fácil. Sendo assim, melhor que seja suado, revirado,
amassado, demorado… Ops! Do que eu estava falando mesmo? Vixe, não tem nada a ver com dinheiro.
Deixa pra lá, preciso dormir que amanhã de madrugada vou mandar minha sogra para o
espaço
. Fui.



Escrito pela Alê Félix
17, abril, 2004
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Começou hoje a 18ª Bienal do Livro de São Paulo. Por conta da correria da vida, misturada com a
Bienal e os projetos que estão em andamento, não tenho tido muito tempo para postar. Saga do meu
primeiro e último beijo escrito, Videotexto, novidades e outros babados, só na semana que vem.
Quem for a Bienal encontrará os nossos
títulos
no stand da Siciliano (Localização do Stand: I/J/AV.3/AV.4 – 13/14).
Eu devo passar por lá amanhã no começo da tarde, domingo e alguns dias no final da semana que vem.
Vou a trabalho, mas quem for e quiser marcar um papeado, me avisa que eu dou um jeito.
Beijo na bochecha e até.
18ª BIENAL DO LIVRO
Quando: de 15 a 25/4, das 10h às 22hOnde: Centro de Exposições Imigrantes (rodovia
dos Imigrantes, km 1,5, tel. 0/xx/11/4689-3100). Veja mapaQuanto: R$ 8 e R$ 4 (estudantes); grátis para menores de
12 anos, maiores de 65, professores, autores e bibliotecários Site oficial: 18ª Bienal do Livro de São
Paulo



Escrito pela Alê Félix
15, abril, 2004
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Depois de quase ter sido uma das vítimas do teco-teco da
Freguesia
e de ser a testemunha ocular da queda do ultraleve do
Guarapiranga
, vou levar minha sogra para um vôo de balão.
E já vou avisando que não foi idéia minha. Maridon está achando que o papo da B’52 é lenda, que o
máximo que eu atinjo é pomba desgovernada
Enfim, depois não venham dizer que a culpa é minha. Já bati três vezes na madeira, mas um balão é
um balão. Eu não jogaria minha mãe no vento. Muito menos comigo por perto.



Escrito pela Alê Félix
13, abril, 2004
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