– Engraçadinha… Claro que está é a tia Zéfa! Eu vi o número do quarto, vi o nome…
– Esta não é a tia Zéfa! Qual foi a última vez que você viu a tia?
– Faz tempo… acho que no casamento da tia Linda, mas…
– Há vinte anos, Shirley!
– Não acredito! Você está falando sério, Ale?
– Não! O que você acha, nó cega?
– Oh, dona! Porque a senhora não me disse que não era a minha tia? Qual o nome da senhora?
– Anh?
A dona era meio surda. Minha irmã insistiu:
– Seu nome! Qual o seu nome?
– Josefa da Silva Pereira.
– Caramba, peguei a mulher errada! E agora?
Maridon sem acreditar no ocorrido…
– Melhor devolver essa mulher antes que chamem a polícia e façam o retrato falado da sua irmã.
Entramos no carro e voamos para o hospital. Voamos é modo de dizer. O trânsito de São Paulo não flui, nem nos
feriados. A avenida Rebouças parada e nós quatro mudos. Minha irmã muda de preocupação, maridon mudo por
incredulidade, eu porque estava segurando o riso e a dona porque devia estar apreciando a paisagem. A tortura da
espera quebrou o silêncio do maridon:
– Mas como é que deixaram você sair com a mulher errada? Que hospital é esse?
– Eu furei o bloqueio.
– O quê?
– Ah! Fila, hospital, uma espera danada pra liberar pacientes… Acabei dando um jeito de sair de lá rápido e
acho que eles não perceberam.
– Você não preencheu papel nenhum? Deixaram você sair sem mais nem menos de lá?
– Mais ou menos…
– Assinou ou não?
– Não.
– Falando sério. Acho melhor ligarmos para o hospital e avisarmos o que aconteceu.
– Shirley, o Rubens tem razão. Liga pra mamãe e avisa.
– Não! Ficou louca? Ela me mata. Liga você!
– Eu não! Você que fez a merda. Liga você.
O celular tocou, era minha mãe. Depois de um empurra-empurra, a Shirley atendeu:
– Mãezinha, querida! Anh? Já ligaram é? Mãe, eu sei… Escuta… Como é que eu podia imaginar? Que culpa eu
tenho? Essa daqui parece a tia! Ok, não parece, mas tem o mesmo nome. Eu juro! Pergunta para a Alessandra se o
nome dela também não é Josefa!
Ela jogou a batata quente na minha mão…
– Mãe, é Josefa sim! Josefa Pereira da Silva… Eu sei. Estamos quase chegando… A Rebouças está parada, mãe!
E você vem brigar comigo? Eu não tenho nada a ver com isso… Vão prender a Shirley, eu não… Que cúmplice,
mãe! Custa, você ligar lá e avisar que foi um engano? Diz que no máximo em meia hora a gente devolve a mulher…
Estou levando só a maionese… Rubens, minha mãe quer saber se tudo bem você se vestir de Papai Noel.
– Vocês são loucas? Vocês pegam a mulher errada no hospital e querem discutir agora quem vai usar a fantasia do
Natal?
– Ele disse que não.
– Não disse nada!
– Sim ou não?
– Mas hoje? Papai Noel não é na véspera?
– Eu sei, mas a roupa estava alugada ontem e hoje de manhã…
– Cara, essa roupa de Papai Noel deve estar um futum da desgraça. Imagine quantos gordões já entraram nela de
ontem pra cá? Duvido que eles entregam lavada.
– A Shirley tem razão…
– Mãe, a Shirley disse que essa roupa deve estar fedendo…
– Ale, não piora a situação. Diz pra ela que eu ponho. Se eu der sorte, passo o resto do dia na prisão e está
tudo resolvido.
– Não, mãe! Não é nada disso. Você ouviu errado. Ele disse que vestirá com muita emoção. Está certo… Já
entendi… E liga para o hospital… Não me deixem esquecer. A mamãe está dizendo pra gente comprar algodão e
cola pra fazer uma barba no Rubens.
– Cacete, aí já é demais!
– Mãe, tchau! Ele disse que tudo bem. Beijo.
Chegamos no hospital e havia um rebuliço na recepção. Avistei a nossa tia Zéfa no meio da confusão dando um
esbregue nos atendentes dizendo que na família dela só tinha gente decente. Fiquei me perguntando o que ela
acharia se soubesse do dia que eu e duas amigas seqüestramos um…
– Chegamos! Chegamos! Desculpem a confusão. Foi culpa minha.
Minha irmã empurrava a cadeira de rodas com a dona Josefa e se explicava para um dos responsáveis pelo hospital.
Perdemos mais de uma hora entre esclarecimentos, preenchimento de formulários e dedicação aos curiosos que se
aproximavam para bisbilhotar. A nossa tia Zéfa e a dona Josefa já se conheciam de vista e ficaram jogando
conversa fora enquanto a situação se resolvia. E, quando tudo parecia terminado, a tia Zéfa veio com a novidade:
– Shirley, pede uma guia de saída temporária pra dona Josefa. Ela vai almoçar com a gente na casa de vocês. A
noite você traz ela de volta.
Olhamos um pra cara do outro e maridon…
– Tchau porque as tias são de vocês. Eu vou procurar um lugar pra comprar cola.

——————————–O começo dessa história está em um post aí embaixo.



Postado por:Alê Félix
29/12/2003
0 Comentários
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Bia

dezembro 31st, 2003 às 10:27

Meu, muito legal!!!! muito legar mesmo! hehehehe


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Cirilo Veloso Moraes

dezembro 31st, 2003 às 12:06

=[Mensagem padrão de Feliz 2004]=
Que a virada do ano não seja somente uma data, mas um momento para repensar tudo o que fizemos e que desejamos,
afinal sonhos e desejos podem se tornar realidade somente se fizermos jus e acreditarmos neles.
Feliz 2004 repleto de realizações de qualquer sorte.
São os votos do amigo Cirilo Veloso Moraes.


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Keka

dezembro 31st, 2003 às 12:31

Feliz tudo. Que você seja feliz em todos os dias do ano e não só no Natal e no começo do ano. Beijinhos! 🙂


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Thaís

dezembro 31st, 2003 às 13:34

Alê, te desejo um ótimo ano de 2004, que o seu blog fique ainda mais e mais famoso, e que você consiga realizar
tudo o que quiser!
Um superbeijo!
Obs.: Essas suas histórias de família são muito divertidas!


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Priscila

janeiro 1st, 2004 às 0:24

oi tudo bem… muito legal suas historias… curti msm…. ke sarro…entaum… entra no meu icq 331741856.. pra
gente conversar nesses dias…. tenho 16 anos e acho ke algumas coisas eu vejo como vc ,,, vc poderia me dar
alguns tokes ne
bjussss tchau


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Fernando

janeiro 1st, 2004 às 20:03

Feliz 2004


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Tatiane

janeiro 2nd, 2004 às 9:08

Oi meu nome é Tatiane e adorei seu blogggg… que historias…hehehe:-)… vo te da o numero do meu icq caso
queira conversar comogp o n-279876775 Até Logo!!!!


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Lucinha

janeiro 7th, 2004 às 8:59

Olha, de todos os blogs que ja visitei, o seu com certeza esta na lista dos melhores…adoro ler o que escreve,
me faz bem…hj por exemplo tava cinza, como o tempo em SP,tão pra baixo por “n” motivos, mas me refiz e dei uma
rasteira na depre lendo seus escritos.
Obrigada!!! Vc me ajuda de alguma forma a querer ser melhor.
Ah…tomei a liberdade de adiciona-la em minha lista do msn, será um enorme prazer falar contigo qdo estiver
online.
Bjo da Lu pru-c viu?


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Claudia

fevereiro 5th, 2004 às 15:35

Sua irmã devia enviar esta história para a Denise Fraga, no Fantástico. É muuuuuito engraçada. Beijos.


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