Eu não sei se a minha boa memória é uma qualidade ou um problema, mas se não fosse por ela, meu olhar para a
vida seria tão míope quanto os meus olhos.
Há dez anos eu saí da casa onde eu cresci com a promessa de que nunca mais voltaria. Eu e minhas juras eternas.
Me faça chorar e eu disparo meia dúzias de “para sempre”.
Desta vez eu não chorei. Tive vontade, estou com vontade, mas este é um choro que não se chora. Carrego uma
mágoa filha da puta no peito, mas eu sinto que ela virou um assunto de menino. Se meninos não choram, meninas
fortes também não deveriam. E foi assim que eu cresci… ou tentei. Não consegui engolir metade das minhas
lágrimas, mas algumas não sairão nunca mais de dentro de mim.
Não estou triste, estou reflexiva. E, dessa vez, não sinto mais o medo que me torturava. Se eu pudesse voltar no
tempo teria sido menos arrogante, só isso… Como se fosse pouco.
Com poucas roupas na mochila, eu prometi para minha mãe que eu passaria o carnaval pensando. Dez anos depois,
estou de volta com a intenção de passar o reveillon pensando. Eu deveria pensar menos, ferir menos e
explicar melhor.
Minhas amigas, meu bairro, as pessoas que nunca me apresentaram, mas que me comprimentam quando eu passo… Aqui
tudo cheira a passado e parece que a vida deu um jeito de me fazer fechar um ciclo onde tudo começou. Eu nem sei
se quero este ponto final, mas acabou. Daqui pra frente, o que tiver que ser terá que vir com um primeiro
parágrafo.
Encontrei roupas antigas no guarda-roupa. Não entendo porque minha mãe as mantém aqui. Nem em pensamento eu
entraria neste macacão. Talvez, seja o mesmo que guardar uma foto na carteira. Esses detalhes devem ser as
sobras que aliviam as dores e alimentam as nossas ilusões… Meus poucos discos ruins de vinil. Que horror,
todos guardados. Pra quê? Nem temos mais toca discos. Encontrei vestígios da minha história no cheiro dos
armários, na textura dos lençois da cama, no silêncio da casa vazia e nas caixas com tranqueiras do depósito.
Apesar das reformas, ainda acordo de madrugada e ando por essa casa sem precisar acender as luzes.
Aqui não me sinto mais em casa, mas eu sei que ela ainda é minha. Talvez aqui eu sobreviva, mas eu só vim para
pensar…
Por tudo que passou, vou ali fazer um brinde aos próximos dez anos das nossas vidas e já volto.
– Engraçadinha… Claro que está é a tia Zéfa! Eu vi o número do quarto, vi o nome…
– Esta não é a tia Zéfa! Qual foi a última vez que você viu a tia?
– Faz tempo… acho que no casamento da tia Linda, mas…
– Há vinte anos, Shirley!
– Não acredito! Você está falando sério, Ale?
– Não! O que você acha, nó cega?
– Oh, dona! Porque a senhora não me disse que não era a minha tia? Qual o nome da senhora?
– Anh?
A dona era meio surda. Minha irmã insistiu:
– Seu nome! Qual o seu nome?
– Josefa da Silva Pereira.
– Caramba, peguei a mulher errada! E agora?
Maridon sem acreditar no ocorrido…
– Melhor devolver essa mulher antes que chamem a polícia e façam o retrato falado da sua irmã.
Entramos no carro e voamos para o hospital. Voamos é modo de dizer. O trânsito de São Paulo não flui, nem nos
feriados. A avenida Rebouças parada e nós quatro mudos. Minha irmã muda de preocupação, maridon mudo por
incredulidade, eu porque estava segurando o riso e a dona porque devia estar apreciando a paisagem. A tortura da
espera quebrou o silêncio do maridon:
– Mas como é que deixaram você sair com a mulher errada? Que hospital é esse?
– Eu furei o bloqueio.
– O quê?
– Ah! Fila, hospital, uma espera danada pra liberar pacientes… Acabei dando um jeito de sair de lá rápido e
acho que eles não perceberam.
– Você não preencheu papel nenhum? Deixaram você sair sem mais nem menos de lá?
– Mais ou menos…
– Assinou ou não?
– Não.
– Falando sério. Acho melhor ligarmos para o hospital e avisarmos o que aconteceu.
– Shirley, o Rubens tem razão. Liga pra mamãe e avisa.
– Não! Ficou louca? Ela me mata. Liga você!
– Eu não! Você que fez a merda. Liga você.
O celular tocou, era minha mãe. Depois de um empurra-empurra, a Shirley atendeu:
– Mãezinha, querida! Anh? Já ligaram é? Mãe, eu sei… Escuta… Como é que eu podia imaginar? Que culpa eu
tenho? Essa daqui parece a tia! Ok, não parece, mas tem o mesmo nome. Eu juro! Pergunta para a Alessandra se o
nome dela também não é Josefa!
Ela jogou a batata quente na minha mão…
– Mãe, é Josefa sim! Josefa Pereira da Silva… Eu sei. Estamos quase chegando… A Rebouças está parada, mãe!
E você vem brigar comigo? Eu não tenho nada a ver com isso… Vão prender a Shirley, eu não… Que cúmplice,
mãe! Custa, você ligar lá e avisar que foi um engano? Diz que no máximo em meia hora a gente devolve a mulher…
Estou levando só a maionese… Rubens, minha mãe quer saber se tudo bem você se vestir de Papai Noel.
– Vocês são loucas? Vocês pegam a mulher errada no hospital e querem discutir agora quem vai usar a fantasia do
Natal?
– Ele disse que não.
– Não disse nada!
– Sim ou não?
– Mas hoje? Papai Noel não é na véspera?
– Eu sei, mas a roupa estava alugada ontem e hoje de manhã…
– Cara, essa roupa de Papai Noel deve estar um futum da desgraça. Imagine quantos gordões já entraram nela de
ontem pra cá? Duvido que eles entregam lavada.
– A Shirley tem razão…
– Mãe, a Shirley disse que essa roupa deve estar fedendo…
– Ale, não piora a situação. Diz pra ela que eu ponho. Se eu der sorte, passo o resto do dia na prisão e está
tudo resolvido.
– Não, mãe! Não é nada disso. Você ouviu errado. Ele disse que vestirá com muita emoção. Está certo… Já
entendi… E liga para o hospital… Não me deixem esquecer. A mamãe está dizendo pra gente comprar algodão e
cola pra fazer uma barba no Rubens.
– Cacete, aí já é demais!
– Mãe, tchau! Ele disse que tudo bem. Beijo.
Chegamos no hospital e havia um rebuliço na recepção. Avistei a nossa tia Zéfa no meio da confusão dando um
esbregue nos atendentes dizendo que na família dela só tinha gente decente. Fiquei me perguntando o que ela
acharia se soubesse do dia que eu e duas amigas seqüestramos um…
– Chegamos! Chegamos! Desculpem a confusão. Foi culpa minha.
Minha irmã empurrava a cadeira de rodas com a dona Josefa e se explicava para um dos responsáveis pelo hospital.
Perdemos mais de uma hora entre esclarecimentos, preenchimento de formulários e dedicação aos curiosos que se
aproximavam para bisbilhotar. A nossa tia Zéfa e a dona Josefa já se conheciam de vista e ficaram jogando
conversa fora enquanto a situação se resolvia. E, quando tudo parecia terminado, a tia Zéfa veio com a novidade:
– Shirley, pede uma guia de saída temporária pra dona Josefa. Ela vai almoçar com a gente na casa de vocês. A
noite você traz ela de volta.
Olhamos um pra cara do outro e maridon…
– Tchau porque as tias são de vocês. Eu vou procurar um lugar pra comprar cola.
——————————–O começo dessa história está em um post aí embaixo.
Eu sei que eu preciso terminar de atualizar o escambo, escrever a saga do primeiro beijo, o
próximo post da tia Zéfa, o videotexto e tudo mais, mas hoje
será impossível.
Nunca misturem caipirinhas, feijão de corda, o sol da represa de Guarapiranga e Matrix Revolutions. É pior do
que misturar amarula com sucrilhos.
E, já que eu me sinto meio embriagada, vou dizer antes que eu esqueça: eu amo vocês. Amo pra caramba! Amo
muito… Amo todos vocês! Amo de chorar. Só não vou chorar agora porque já chorei na batalha do hangar… gente
lutando me emociona. Chorei até na merda da guerra do Star Gate. Se eu pudesse escolher um jeito de morrer,
escolheria morrer guerreando. Não que eu goste de guerras, mas gosto muito menos de morrer à toa. Acho que
ninguém, além do Bush e da indústria bélica, gosta de guerra. Mas sobre o que eu estava falando mesmo? Ah, eu
amo vocês… amo cada um dos mil e poucos seres humanos por trás dos cliques diários que este trem recebe. Amo
o carinho dos que encontraram algum motivo para voltar e amo a falta de inteligência dos anônimos irritadinhos
que me odeiam sem saber o que significa número IP. Amo por mais cafona e fora de moda que o amor lhe pareça.
E obrigada pelos montes de e-mails e comentários legais pra cacete que foram enviados nos últimos dias. Feliz
Natal, Ano Novo, feliz dia da Árvore, feliz próxima hora e feliz vida pra vocês também. Vocês merecem um grande
beijo na boca! Não um beijo meu porque eu sou hetero, casada, fiel, monogâmica e todas essas caretices
possíveis, mas de alguém que vocês amem tanto quanto eu ando amando. E rezem para que amanhã eu acorde sóbria o
suficiente para morrer de vergonha e deletar esse post. Fui.
Eu tenho uma família unida. Ou, pelo menos, parte dela. Dessas que se mobilizam para encher a laje, fazer a
mudança, emprestar dinheiro e socorrer a tia desamparada.
Se tivessem pedido pra mim, eu iria pegá-la no hospital, mas só porque tenho medo de ficar como ela. Ela é a
parenta que os meus pais usaram como referência para tentarem me convencer a fazer o que eles queriam.
“- Não vai ter filhos? Vai morrer sozinha como a tia Zéfa. Rica, viúva, avarenta e sem ninguém pra te visitar no
hospital.”
Ouvi isso tantas vezes, que já acostumei com a idéia de ficar rica. Antes eu ficava triste, mas hoje em dia,
prefiro que me apontem como a sucessora da tia Zéfa do que como a seguidora dos passos da tia Linda, do tio
Maciel ou do tio Ezio que se tornou a maldição do meu irmão Henrique. Aquele sim é uma ziquizira no destino de
alguém.
Tia Zéfa, além de tudo, é uma mulher de sorte. Depois de passar dias afetada da diabetes, o hospital lhe deu
alta bem no dia de Natal. Melhor dia para um enfermo conseguir um motorista. Bastou um pedido da minha mãe para
que o espírito natalino tocasse o coração da minha irmã e ela se prontificasse a atender aos apelos da tia que
ela mal conheceu.
Na verdade, tudo aconteceu por culpa da minha mãe. Qualquer desgraça que aconteça nos nossos diversos graus de
parentesco, ela sempre é a primeira a ser convocada para resolver o problema. E ela fez isto tão bem enquanto eu
e meus irmãos crescíamos, que nós aprendemos todas as lições necessárias para atender à demanda com rapidez e
eficiência. Normalmente, mais eficiência do que rapidez, mas como era dia de Natal, minha irmã queria tudo,
menos perder tempo.
Ela chegou na recepção munida de todas as suas técnicas de engenharia social. Sorriu para a enfermeira, flertou
com o tio da limpeza e distribuiu balas para os plantonistas. Em menos de dez minutos ela já tinha furado o
bloqueio burocrático, pego uma cadeira de rodas e entrado no quarto da tia Zéfa.
– Oi, tia! Lembra de mim?
– Oi…
– Eu vim buscar a senhora…
– Ah, é…
– Eu sou a Shirley, filha da Maria, neta do Jose, bisneta do João, prima de segundo grau da Ana, sobrinha neta
da senhora. Lembrou?
– Ah, sim…
– Como a senhora está se sentindo? Está melhor?
– É… estou mais ou menos.
– E as coisas da senhora? Já estão prontas? Apoie-se em mim que eu ajudo a levantar.
– É? Está bem, então.
– Ainda não arrumou as roupas tia? Aí meu Deus, tia! Não, não, não! Pode deixar que eu arrumo.
Em menos de meia hora tudo resolvido. As duas, cheias de sorrisos e acenos, atravessaram o hospital sem muitos
aborrecimentos. Os poucos corações enfurecidos por trabalharem no feriado já haviam sido conquistados com as
lições de simpatia que mamãe ensinou.
Missão cumprida, ela colocou a tia no carro, meteu-lhe o cinto de segurança, ligou o rádio e, ainda movida pela
graça da boa ação, me ligou do celular e ofereceu carona para o almoço na casa dos nossos pais.
Tocou minha campainha, quinze minutos depois…
– Não vou entrar. A tia Zéfa está no carro e ela tem dificuldade pra andar. Espero você aqui.
– Ok, eu desço em um minuto.
Peguei a chave, a bolsa, os presentes e a maionese. Maridon desligou o micro, fechou as janelas, acendeu as
luzes pra despistar ladrões de fim de ano, ligou os pisca-piscas do cabideiro de Natal pra reforçar a segurança
e trancou a porta. O carro parado em frente ao portão com a minha irmã de pé, já esperando com o banco
levantado.
– Ois, ois! Entrem por aqui porque a tia Zéfa é ruim de levantar.
– Oi ti… Quem é a senhora? Shirley! Essa não é a tia Zéfa! Ficou louca?
——————Continua em só mais um post. Juro. É que ficou muito grande pra ser um só. Ho-ho-ho!
Minha prima de seis anos descobriu nesta semana que o Papai Noel que passava em sua rua todos os anos era na
verdade o dono do Mercadinho Luminoso. Revoltada por ter sido enganada todos os anos de sua vida, ela decidiu
alertar os primos mais novos.
A portadora da verdade passou a noite inteira tentando convencê-los de que, se eles puxassem a barba com força,
também veriam o seu Ataulfo.
Um dos meus priminhos se negou a acreditar e os dois se estapearam no meio da ceia. Só então os adultos
presentes descobriram o plano da fedelha. A mãe deu-lhe uns tapas, o pai tentou explicar a importância do
segredo, o resto da casa deu risada, ela chorou, mas de nada adiantou. Meia hora depois lá estava ela na orelha
das crianças.
O irmão mais velho decidiu engrossar o caldo. Aplicou-lhe um sermão que parecia inquestionável. Séria e com
olhar de desdém, ela esticou o braço e disse:
– Finge que eu sou surda e conversa aqui com a minha mão.
Quando eu vi a cena, senti calafrios ao reafirmar nossos laços sangüíneos e pena, muita pena, dos homens que ela
irá conhecer no futuro.
No final do ano passado comecei uma briga feia com uma empresa de hospedagem de sites. Uma empresa americana
que havia acabado de se instalar no Brasil e, segundo um dos gerentes de vendas, prometia engolir o mercado.
Quando ele disse isso eu deveria ter redobrado minha atenção, mas acabei agindo como de costume. Não por
ingenuidade, embora esta seja a palavra que escolheram para transformar pessoas de boa fé em idiotas, mas porque
não suporto a idéia de viver num mundo filho da puta onde tudo tem que ser assinado para ser levado em
consideração.
Mas vamos à big presepada… Eu e o tal do gerente estabelecemos por telefone os termos do contrato que eu
deveria assinar. Seria tudo muito simples se eles não tivessem tentando me vender o serviço pelo período de doze
meses.
Depois de uma conversa ridícula, onde precisei mostrar a eles que aquilo não tinha lógica, eles me garantiram
verbalmente que a cláusula seria retirada. Usaríamos o servidor o tempo que fosse necessário e cancelaríamos o
serviço quando quiséssemos.
No dia seguinte um portador trouxe os papéis pra eu assinar. Eu estava até o pescoço de trabalho, peru e família
mas, como já sabia de cor os termos do raio do contrato, dei somente uma olhada por cima, assinei e dispensei o
rapaz.
No final do dia decidi olhá-lo com mais cuidado e adivinhem o que eu encontro? Tcharan! A cláusula de doze meses
com uma big multa de 40% no valor total do contrato em caso de rescisão.
Liguei emputecida para o celular do filho da mãe do vendedor e exigi que ele me devolvesse os papéis no dia
seguinte. Ele, por sua vez, pediu que eu ficasse tranqüila. Alegou que no dia seguinte era véspera de Natal, mas
que, logo após as festas, devolveria.
Um ano se passou, eu nunca mais vi o contrato, tive o desgaste de mandar trezentos e-mails para o ombudsman da
big empresa, o serviço era uma big bosta e eu acabei tirando meus sites de lá sem que fosse necessário pagar a
tal da multa. Menos mau, acho – apesar deles me garantirem que estava tudo resolvido, o contrato desapareceu.
Aí você me pergunta? Aprendeu a lição? E eu lhe digo: não. E quer saber? Decidi que será preciso muito mais do
que uma empresa de cretinos pra me fazer desacreditar das pessoas a ponto de registrar tudo em cartório. Eu
nunca vi tanta gente sem caráter como nos últimos dez anos da minha vida, mas não vou mudar. O preço que eu pago
não é tão caro se eu levar em conta que, por essas e outras, mantenho essas pessoas bem longe de mim. Querem me
sacanear? Fiquem à vontade. Perder é muitíssimo relativo em alguns casos.
Não estou pregando um culto à lealdade e aos bons costumes, embora ache de verdade que não seria nada mal se
parássemos de tagarelar e repensássemos realmente algumas questões. Para todo lugar que eu olho, vejo um bando
de engraçadinhos dizendo que têm palavra, compromisso e essa papagaiada toda, mas que na hora que a vida lhe
cobra hombridade, se faz de mané para sorver o maior número de migalhas. É horrível, mas é um fato.
Quanto aos contratos, talvez eu realmente devesse aderir de uma vez por todas a esta merda que é a prova cabal
da bizarria humana, mas não vou. Esses exageros impostos pela sociedade me enojam. Estou cheia das pegadinhas,
das linhas minúsculas, das más intenções e dos redatores dessas porcarias. Não ficarei surpresa se, um dia, o
teste do pezinho que é feito nos recém nascidos pelas maternidades, servir de assinatura para que a pessoa possa
crescer segundo os critérios do mundo.
Quanto a mim, enquanto puder quebrar as regras e a cara, vou continuar aumentando o número de guardanapos e
folhas de sulfite com textos redigidos com caneta esferográfica e texto compreensível por qualquer criança
alfabetizada. Mesmo assim, só para que meus acordos comecem e acabem com o mesmo discurso. Não quero receber
indenização alguma por rompimentos, deslealdade, oportunismo ou mudança de planos. Só quero distância. Distância
de gente com muito gogó e pouca atitude, distância de empresas engolidoras de dinheiro e distância de contratos
na véspera do Natal.
Sensação estranha… Parece tristeza, mas deve ser só a danada da insônia me fazendo pensar montes de
bobagens. Só espero que não seja o tal do espírito natalino. Eu tenho medo de espíritos.
Sabem o que me deixa intrigadíssima? Covardia virtual. Entendo que no dia a dia não seja muito simples
mandar alguém à merda, romper relacionamentos, não misturar-se com pessoas desagradáveis e dizer o que realmente
pensamos. Entendo que não estamos preparados para dizer a verdade e muito menos para ouví-la. Até porque, a
cordialidade e o sorriso falso parecem que sempre fizeram parte do jogo de interesses sociais no qual vivemos.
Quando eu falo de coragem, também não me refiro a essa gente que vive de críticas desnecessárias, maldosas e
muitas vezes caluniosas – não tenho respeito por esse tipo de postura. Também não me refiro aos que tecem
constantemente suas opiniões chocantes só para chamarem para si os holofotes ou para se dizerem únicos,
diferentes e melhores do que o resto do mundo. Vermes, para mim, são diferentes e nem por isso tenho interesse
por eles.
Mas, voltando a covardia virtual, uma das coisas mais legais dos blogs é poder ler todo santo dia o quão
ridículos, confusos, monótonos e fascinantes podemos ser. Mas, por mais que eu me esforce, eu não compreendo
porque diabos alguém acessa um site que o faz passar mal com qualquer coisa escrita.
A figura entra no blog todo dia, sabe de cor todos os seus posts, não suporta nada do que você escreve e volta!
Volta sempre! Volta por que? Para alimentar a ira que deus lhe deu? Tenha a santa paciência! Não gosta? Sai
daqui, criatura! E, da próxima vez que decidir mandar os e-mails e comentários de sempre, vê se cria o mínimo de
vergonha na cara e assine suas opiniões como gente grande. Assine com e-mail, URL e nome próprio. Já que lhe
falta criatividade e coerência para criticar e massa encefálica para ser um anônimo com proxy, tenha a decência
de admitir o que você pensa. Vou te admirar tanto quanto eu devo te incomodar.