Depois Que Acabou - de Daniela Abade
Pedro Bial entrevista Daniela Abade sobre o livro Depois que Acabou. Hoje no programa Espaço Aberto às 21h30 na Globo News.

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programa de hoje à noite


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Siciliano mais próxima de sua casa. 😉



Escrito pela Alê Félix
31, julho, 2003
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Eu devia estar contente
porque eu tenho um emprego,
sou um dito cidadão respeitável
e ganho quatro mil cruzeiros por mês.
Eu devia agradecer ao senhor por ter tido
sucesso na vida como artista,
eu devia estar feliz porque eu consegui
comprar um corcel 73.
Eu devia estar alegre e satisfeito por morar em
Ipanema depois de ter passado fome por dois anos
aqui na cidade maravilhosa.
Ah ! Eu devia estar sozinho e orgulhoso por ter
finalmente vencido na vida, mas eu acho isto uma
grande piada e um tanto quanto perigosa.
Eu devia estar contente por ter conseguido tudo
o que eu quis, mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado.
Porque foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto, e dai?
Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar e eu nao
posso ficar aí parado.
Eu devia estar feliz pelo senhor ter me concedido o domingo
pra ir com a família no Jardim Zoológico dar pipoca aos macacos.
Ah ! Mas que sujeito chato sou eu que nao acha nada engraçado
macaco, praia, carro, jornal, tobogã eu acho tudo isso um saco.
É voce olhar no espelho se sentir um grandessíssimo idiota
saber que é humano, ridículo, limitado que só usa
dez por cento de sua cabeca animal.
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
que está contribuindo com sua parte para o nosso belo quadro social.
Eu é que não me sento no trono de um apartamento com a boca
escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar.
Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
no cume calmo do meu olho que vê
assenta a sombra sonora de um disco voador.
Ouro de Tolo – Raul Seixas



Escrito pela Alê Félix
30, julho, 2003
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Maridon colocou um chat bacanão por aqui. Entre para testarmos.
Chat testado, aprovado e desligado! Outra hora eu ligo.



Escrito pela Alê Félix
27, julho, 2003
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As Novas Escravas
Não há lógica que explique o uso de sapatos de saltos altos. Podem ser lindos, podem ser sexy, mas o fato é que eles não passam de uma máquina de
tortura irracional e prejudicial ao esqueleto de uma mulher. Além de ser um fato comprovado, se fossem bons, aposto que os homens também usariam…
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Escrito pela Alê Félix
26, julho, 2003
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Nada como uma espanhola – que fique claro que estou me referindo a vinho com leite moça e abacaxi – para acabar com uma crise de pudores! Que
fresca que eu sou! Eu só precisava fotografar os peladões, nada mais do que isso! Nada que justificasse um momento “oh, céus… oh, vida”. Além do
mais, estava divertido espiar pelas lentes da câmera fotográfica.
Uma coisa era certa, aquela era uma oportunidade única. Quando na vida eu teria tanta gente pelada diante dos meus olhos e com permissão para
fotografá-las? Eu era a versão feminina do Spencer Tunick! O que mais eu poderia querer?
Enquanto fotografava, me questionava sobre como era o dia a dia daquelas pessoas, como elas seriam vestidas, trabalhando, andando por aí… É
engraçado imaginar que as pessoas transam, mais ainda imaginar suas fantasias. Que coragem se deixar fotografar! Impressionante mesmo era a
diversidade de detalhes secretos. Esses que estamos acostumados a esconder, sabe? Bicos de peito por exemplo, incrível como eles tem personalidade!
Juro que durante muitos anos achei que todos fossem iguais. Pipius, então? Valha-me deus, que festa! Defini naquela noite as características
prediletas de um pênis, ao menos pra mim. Depois de analisar os meninos de direita e os de esquerda, descobri que eu prefiro os medianos, os que
ficam em posição de sentido e os que aparentam ser mais grossos que o meu dedão do pé.
Eu já me sentia livre, leve, solta e sorridente quando notei que algumas pessoas demonstravam um certo desconforto com a minha presença. Achei
estranho, mas preferi acreditar que eram casos isolados de timidez, afinal, foram eles que me contrataram para registrar aquela orgia. Quer dizer
eles não, o casal do videotexto, mas seria muito pouco provável que não fosse uma contratação de comum acordo.
A impressão de incômodo durou pouco, claro que graças ao efeito da mistureba de vinho, uísque e bebidas doces… céus, malditas bebidas doces!
Exagerei nas olhadas. Exagerei tanto, que só cai na real quando a dona da festa me puxou pelo braço fazendo com que a minha preciosa Nikon F2A
deslizasse pelos meus braços e caísse bem em cima dos quase vinte centímetros do Long Dong Silver que se exibia com duas moçoilas a tiracolo. Parte
da festa parou. Uma confusão em volta do avantajado, que não dava pra acreditar. Não era possível que tivesse doído tanto assim. Não acertou em
cheio, não! Só amorteceu a queda fatal da minha máquina. Ufa!
O maior bafafá e eu tentando salvar uma parte que fosse do rolo de filme que a máquina cuspira. E em vão, porque a dona só faltou me tirar dali pelos
cabelos. Puxava tanto meus braços que eu deixei o filme se perder no meio do povo e atendi aos apelos da mulher.
– O que houve?
– Menina, o que você pensa que está fazendo?
– Como assim? Fotografando, ué!
– Você é louca?
– Eu? A senhora promove uma festa como esta e a louca sou eu?
– O que você pretende? Acabar com a nossa reputação?
– Anh? A senhora só pode estar de brincadeira!
– Menina, venha cá.
Mania feia essa de arrastar os outros pelo braço. A dor já estava começando e o meu humor já estava acabando.
– Fala, fala logo o que a senhora quer, porque eu vou embora dessa festa de gente maluca!
– Mas não tenha dúvidas de que você em breve estará fora da minha casa. Você acabou com a nossa privacidade!
– O quê? Privacidade? Eu? Ooi, tem alguém aí nesta cachola acaju? O que é que vocês chamam de privacidade?
O casal do videotexto, acompanhado pelo marido da dona louca, nos salvou de uma discussão mais séria. Os dois atropelavam os passos com uma muda de
roupa na mão e outras atravessadas pelo corpo. O dono da festa vestia um roupão de banho no corpo e uma expressão estupefata no rosto.
– Que bom! Só faltavam vocês, mesmo! Vocês dois querem por favor dizer pra essa senhora que eu não fiz nada de errado? Não tenho culpa que a câmera
caiu bem no bigulinho do rapaz. E só caiu porque ela veio, pegou meu braço e saiu me arrastando como se eu fosse um saco de cimento. Se bem que, cá
entre nós, essa daí tem cara de que nunca viu um saco de cimento na vida…
Com o rabo no meio das pernas o casalzinho do videotexto não abriu a boca. Nenhum dos dois! O dono da casa, com sua voz de mordomo da novela das
oito, resumiu os fatos para todos nós. Cinco minutos depois, eu e o casal surreal atravessávamos o jardim em silêncio, junto com um dos trogloditas
da segurança. Eu? Muito, muito indignada e com a cabeça tão quente de vergonha, que o álcool que restava no meu cérebro me fez explodir com aquelas
duas bestas quadradas.
– Mico! Mico gigante! Que tipo de suingueiros não sabe que não se pode tirar fotos das festas? Como é que vocês querem brincar num lugar desses se
não sabem as regras? Eu não! Eu não tinha obrigação nenhuma de saber dessas coisas porque até em sonho eu sou careta! Mas vocês dois… e ainda me
meteram no rolo! Que cabeça, a minha… Eu devia ter desconfiado, mas não… Expulsa do surubão! Era só o que me faltava, nesta vida.
– Dá pra fechar a matraca aí, ô gordinha? – grunhiu o troglodita quando já estávamos com os pés na rua.
– Olha aqui, ô… – curvei o corpo para o lado e alonguei-me o máximo que pude para enfiar o dedo no queixo do sujeito quando ele olhou pra mim e
soltou surpreso:
– Ei, você não é a filha da Dona Maria?
———————–>> Continua
Clique aqui para ler o Post I – O começo de toda a história



Escrito pela Alê Félix
25, julho, 2003
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Isto parece ou não parece uma notícia de um Mundo Perfeito?



Escrito pela Alê Félix
24, julho, 2003
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Encontrei um jeito fácil de atualizar o “Escambo”, então daqui para a frente não tem mais desculpa! Quem me linkou e eu não linkei, envie-me
novamente o endereço pelos comentários que eu vou arrumar a bagunça! E se alguém descobrir algum link quebrado e puder me avisar, eu agradeço.
Talvez arrumar pequenos detalhes do cotidiano faça todo o resto entrar em ordem.
Bom, beijo na bochecha e obrigada por existirem. Tem sido muito bom ler os comentários que vocês deixam por aqui. Olho com muito carinho para cada
segundo que vocês desperdiçam comigo e, aos poucos, espero conseguir retribuir um pouquinho do que tenho recebido nesses últimos meses. De verdade,
gracias.
Inté!



Escrito pela Alê Félix
23, julho, 2003
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Ando estranha, muito estranha. Ouço as mesmas músicas todos os dias, há dias. Tenho odiado cada frase postada por aqui. Um ódio que me faz ter a
clareza do quão ridícula tenho sido, mas que não me deixa parar de escrever e muito menos ter coragem para deletar tudo. Um ódio cheio de lucidez e
covardia mas, por enquanto, saudável.
Tenho pensado em emagrecer para sempre, mas ainda é só uma possibilidade. Não quero emagrecer só porque estou consfusa. Até porque sou honestamente
feliz com a minha aparência. É claro que passo pelas minhas crises, mas estou longe de me sentir uma mulher feia só porque extrapolei os limites do
peso ideal. Mesmo assim, senti medo um dia desses e não sou tão burra e fraca ao ponto de esperar pelo bis das leis de causa e efeito.
Ando extremamente calma e com uma vontade louca de virar a vida do avesso. Mas não como estou acostumada. Chega de traumas e histórias mal
resolvidas. Não suporto mais arrastar nomes, mágoas e pedidos de desculpa.
Tenho olhado para a frente e já havia esquecido de como eu era quando sonhava com o futuro. Tem sido assustador, porque nunca fui de fazer muitos
planos; quando vejo estou vivendo outra história e, desta vez, não sei se quero que seja assim.
Sei que meu corpo tem conspirado para que eu tome decisões e minha mente as tem adiado porque não aguenta mais esse meu jeito desordeiro de viver.
Até meu útero tem se rebelado. Anda me fazendo olhar para os bêbes com dúvidas sobre procriação e carinho excessivo, anda me assombrando com as
minhas próprias idéias e assoprando nos meus ouvidos minha idade, meu passado e o meu presente.
Não, não estou sentindo o peso dos anos e muito menos querendo ser mãe, mas estou diferente… Muito diferente e estranhamente em paz, apesar da
guerra travada dentro de mim.



Escrito pela Alê Félix
22, julho, 2003
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