Festa estranha, com gente pelada e uísque de cheiro bom
“Puta-que-o-pariu! Não acredito que me chamaram pra uma festa de suingueiros! Será que eu tenho cara de surubeira?”
O espelho gigante do banheiro dizia que não, mas naquele dia eu descobri que quem vê cara não vê preferências sexuais. Nada contra quem pratica
suingue, muito pelo contrário; tenho é inveja! Me falta muito peito pra chegar neste estágio de vida sexual. Eu sou muito careta! O máximo de
estripulias que eu fiz nesta área foram algumas variações do kama sutra e uma ou outra brincadeira dentro e fora da cama. Mesmo assim, sempre a dois.
Com os poucos meninos que eu tive o prazer de conhecer biblicamente, nem que eu implorasse, rolaria um terceiro elemento na jogada… uma galera,
então, nem pensar! Acho que eu sofro de um mal que transforma todas as minhas relações em certinhas, monogâmicas e fechadas. Fechadíssimas! Sou
dessas pessoas antigonas que não consegue desvincular sexo de amor, paixão, amizade, carinho… enfim todas essas bobagens que despertam a libido
feminina. Normalmente, quando esses ingredientes se tornam necessários, sexo por sexo fica bem mais difícil de rolar. Adoraria que fosse diferente,
mas o tesão vem sempre misturado.
Tudo bem que era divertido olhar gente pelada pra tudo que era lado, mas porque diabos aqueles dois não me contaram que era para eu fotografar aquela
orgia? Certamente acharam que eu não aceitaria o convite. Só podia ser isso! E é muito provável que não tivesse aceitado mesmo. Sou desconfiada
demais pra me meter por livre e espontânea vontade em uma situação que pode se tornar desconfortável.
Por um instante fiquei sem reação. Não sabia se fotografava as pessoas, se me espirulitava de lá, se procurava o casal modernoso e pedia explicações
ou se deixava meus instintos voyeurs se divertirem um pouco. Pensei bem e vi que não havia muito o que fazer. Procurá-los pra perguntar o quê?
Os caras estavam transando! Isso lá era hora de discutir as relações?
Ar fresco! Ar fresco me fará pensar melhor.
Precisava pensar melhor e isto era humanamente impossível com a quantidade de falos e vulvas espalhados pela casa. Sentei em um balanço, respirei
ares de jasmim e aceitei o copo de uísque oferecido por um garçom bonitão que havia trocado o traje formal da sua suposta profissão por uma sunguinha
branca e gravata borboleta da mesma cor.
Quer saber? Como diria Ataíde Patrese, isso tudo é no mínimo um luxo! Um luxo surreal e engraçado. Eu vou é beber! Quem sabe não relaxo, paro de
frescura e faço, em paz, as fotos que me pediram.
Dei uma golada no uísque. Uma boa golada!
– Éca! Droga de bebida ruim! Uma coisa é ficar bebadinha a outra é ter que engolir este troço. Ei, garçom! Sabe se tem espanhola? – O sujeito
soltou uma risadinha cafajeste… – Ok, ok, pode rir seu moço espertalhão, mas enquanto isso será que você poderia ver se existe neste lugar doses
alcoólicas que se pareçam com uma sobremesa?
– Vejo agora mesmo. A senhorita quer que eu leve o copo de uísque?
– Não, pode deixá-lo aqui. O cheiro é bom… Talvez ele seja como a primeira transa para a mulher: cheira bem, mas só dá prazer depois de um tempo.
– O moço riu o mesmo riso canalha – Pô, já vi que aqui é melhor eu entrar muda e sair calada… A bebida doce, por favor.
– É pra já.
No fundo, no fundo eu era uma grandessíssima hipócrita. Vivia bancando, entre amigos, a dona liberada e na hora do vamos ver, a espevitada metida a
besta, no auge da sua fase teen não estava preparada para engolir nem a porra do uísque doze anos.
Mas não era hora de fazer cu doce. Virei o copo de uma só vez, preparei o equipamento fotográfico, abri bem os olhos e mandei bala nos filmes de 400
ASA.
———————–>> Continua
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oi Alê… voltei!
Nessas horas mesmo só enchendo a lata pra conseguir encarar…. E as fotos ficaram boas? hehehehe!!!!
Bjs,
Nostra