– Te peguei!
– Tira a mão de mim!
– Você está presa.
– Eu sei. Pode deixar que eu sei o caminho da cadeia.
– Não… espera. Quis dizer que você está presa no meu coração.
Meninos apaixonados perdem a noção de ridículo. Que papo era aquele? Que o Murilo era o garoto mais mulherengo do bairro, isto eu sabia, mas daí para
se tornar o Don Juan da breguice era um pouco demais! Mais brega que isto só se eu caísse naquele papo… E foi exatamente isto que aconteceu! Fiquei
toda derretida. Convenhamos, ouvir aquilo aos treze anos de idade de um garotinho lindo de olhos azuis era pra derrubar qualquer adolescente de
primeira viagem. Perdi a voz, a respiração e desatei a gaguejar:
– Ma-ma-ma…
– Ale, quer namorar comigo? – Ele era rápido e, naquela época, se pedia em namoro.
– E-e-eu? Eu não.
Eu sei, eu sei. Eu sempre fui uma anta indecisa e confusa, mas pensam que é fácil tomar uma decisão dessas? No meu caso, era humanamente impossível.
O “não” saiu antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa. Mas, diante do olhar tristonho do Murilo, eu ganhei forças para tentar balbuciar outras
palavras:
– Calma, espera. Não é um “não”. Quer dizer, não é um “não” pra sempre. É um “não” mais ou menos. Um “não” do tipo “preciso pensar”, sabe?
– Bem que o Ivo me disse que você era meio maluquinha…
– O que?
– Maluquinha. Você é um pouco maluca, mas eu gosto de meninas malucas. Maluca no bom sentido, não maluca de lelé.
Nunca entendi o porquê, mas desde que eu me entendo por gente sinto que as pessoas se sentem atraídas por pessoas que possuem um leve grau de
desequilíbrio. Na dúvida, deixei que ele acreditasse no queria. Era melhor do que deixá-lo ciente de que minha forma confusa de expressão, não
passava de insegurança. Sorri um sorriso de reprovação e deixei que ele falasse por mim já que dos meus lábios quaisquer sons saíam picotados.
– Você quer um tempo?
– Anh?
– Um tempo pra pensar, quer?
– Que-ro! Quero sim…
– Quantos dias?
Pode parecer ridículo, mas o tempo para dar a resposta a um pedido de namoro determinava se a garota era fácil ou não. Uma bobagem que, só de
lembrar, me faz querer morrer de catapora preta.
- Dizer “sim” na hora: galinha
- No dia seguinte: garota fácil
- De dois a três dias: mulher pra casar e ter filhos
- Até cinco dias: menina difícil.
Mais do que isto, achei eu, deveriam ser dias suficientes para fazê-lo partir pra outra…
– Uma semana!
– Uma semana? Por que tanto tempo?
– Porque sim!
Olhou-me fixamente, suspirou e …
– Ok, uma semana.
Nevou dentro de mim naquele instante. Eu tinha sete dias pra pensar no que fazer. Sete dias pra aprender a beijar na boca… Mas, antes que ele
percebesse a minha aflição, encerramos o assunto e voltamos a brincar de polícia e ladrão.
Nossa eu adoro essa ‘historia”,entrei no seu site atraves do tudo para blogs comecei a ler…e agora naum paro +..Parabens!