Há muitos anos (nem me lembro quantos, porque eu era muito pequena) cortei o dedo brincando com uma faca de mesa.
Sangrava tanto, tanto, que eu achei de verdade que todo o meu sangue sairia do meu corpo e eu morreria no colo da
minha mãe. Não lembro de ter gritado e ficado tão desesperada como naquela ocasião. Mas o mais curioso é que eu acho
que foi a partir daquele dia, que a minha encanação com a morte começou. Passei a lidar com a minha vida como se ela
estivesse sempre prestes a acabar.
Tem dias que eu esqueço, nem penso nisso. Tem dias que eu choro de medo, tem dias que eu peço para o maridon me
abraçar e dizer palavras engraçadas mas, na maior parte do tempo, eu tento viver o mais rápido possível… às vezes,
rápido demais. Tão rápido que, muitas vezes, acho que me preocupo mais com o roteiro da viagem do que com a
paisagem.
Será que eu perdi alguma coisa?

. . .

A ironia do post acima é que eu comecei a escrevê-lo direto na ferramenta do blogger e não em um arquivo de texto
para poder salvá-lo enquanto digitava. Prá variar, o tempo foi passando, eu fui escrevendo, não salvei nada, cliquei
no “postar e publicar”, o tempo expirou e eu perdi tudo! Tratei de reescrevê-lo imediatamente, enquanto ainda estava
fresco na memória. Só então compreendi a ligação entre o que eu tinha escrito e o que havia acontecido com o post
perdido por conta da minha “pressa”. A minha pergunta foi respondida, sim estou perdendo muita coisa.



Postado por:Alê Félix
03/02/2003
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