Eu precisava escrever. Pensei em mandar flores, em comprar um presente, pensei até em mandar um destes presentes que
fazem parte do “kit falta de criatividade”, mas nada supria a minha vontade de presentear uma das amigas mais
queridas que eu tenho na vida. Optei por escrever, mesmo sabendo que a cretina raramente acessa este blog. O que é
compreensível e perdoável, já que nenhum post deste blog é novidade para ela. Depois de todos estes anos, minha
história é também um pouco da história dela e vice-versa.
Não sei se meus amigos sabem a importância que eu os atribuo, e ando encucada com isto. Às vezes, fico me
perguntando se não estou muito ausente, se tenho ligado o suficiente, se eles ainda acham que eu me importo. Não
sei. É complicado dizer que estou disponível e que eles podem contar comigo sem a minha presença diária.
Eu deveria lembrá-los disto com mais freqüência. Por mais que eu saiba dos sentimentos nutridos no decorrer dos anos
que se passaram, me sinto insegura diante dos possíveis estragos que a distância pode causar.
Há alguns meses eu disse que estava fechada para amigos novos. Amigos precisam de manutenção e eu decidi que não
queria mais nada que dependesse ou precisasse de mim em algum momento. Fiz cortes drásticos: descartei a idéia de
ter animais de estimação (mesmo sendo louca para ter um cachorro), continuo sem vontade de colocar crianças no mundo
e decidi que, das plantas que eu quis cultivar na vida, só me restariam os cactos que vivem na minha cozinha.
Manteria os amigos, de longa data, que já sabem como eu funciono e assunto encerrado.
Como eu sou boba. Quero dar uma de durona, mas é impossível. Achei que poderia dizer “não” para este meu coração que
governa minha existência. Ele está em mim, mas eu não posso controlá-lo. É ele quem decide quem entra e quem sai do
espaço que lhe pertence e não adianta meu sistema de autodefesa tentar interferir.
Por culpa deste blog, a idéia de fechar a vida para novos amigos foi para o beleléu e, de tanto escrever sobre a
vida, ando morrendo de amores e saudades dos meus velhos amigos.
Da minha querida aniversariante, principalmente. Minha amiga sagitariana tão viva no meu passado e tão presente na
minha mente. Alguém que me compreende sem eu precisar falar, que sabe se eu estou bem ou mal pelo meu alô, que briga
comigo com a mesma facilidade que me elogia, que direciona meus pensamentos quando eles estão confusos, que me manda
tomar no cu sempre que eu preciso e que faz eu engolir as minhas lágrimas quando toma minhas dores. Minha querida
amiga loira que tantas vezes enxugou meu rosto, que chorou comigo, que gargalhou comigo, que riu de mim, que riu de
si própria, que rimos dos outros e para os outros. Minha querida amiga de farra, de festas, ressacas, viagens,
galinhagens, porres e sacanagens. Cúmplice nas horas certas e erradas. Companheira nos momentos necessários e
desnecessários. Uma mulher que contribuiu para a riqueza de detalhes do meu passado com a sua alegria, coragem e
vontade de viver. Uma vaca filha da mãe que me faz chorar só de escrever esta porra de post. Alguém que me remete a
lembranças que fazem a vida valer a pena, uma menina que eu amo de paixão e morrerei de saudades enquanto eu estiver
viva, uma velha amizade que transforma este sentimento em uma dádiva de deus, seja ela de infância ou uma novidade.
Cheers. Para a velha amiga e para o amigo novo que por coincidência também faz anos hoje, mas que não gosta de
parabéns. :o)