Normalmente eu sorrio para as pessoas, mas realmente não espero que elas sorriam de volta.
Gosto de gente mais do que qualquer coisa nessa vida mas, às vezes, detesto povo.
Morro de curiosa, falo na cara, minto se for vital ou por diversão e raramente sou falsa.
Não gosto de gente arrogante, cínica, dissimulada e egoísta.
Reconheço mau-caratismo há um quilômetro de distância.
Bebo só se for para ficar bêbada e faço endoscopia uma vez por ano para dormir e perder a razão.
Durmo mal, muito mal e muito pouco.
Faço regimes estranhos e desisto deles tão rápido quanto meu peso aumenta. Vivo um dilema com a balança desde a
adolescência: não sei se emagreço e mando todas as regras de beleza a merda ou se fico gorda e mando todos que as seguem a merda.
Nunca pintei o cabelo… Vou ser uma velha cabeluda, bicho-grilo e grisalha.
Acho que vou fazer uma cirurgia plástica um dia…
Não uso maquiagem, nem mesmo quando preciso enganar alguém.
Tenho uma pinta preta gigantesca num dos dedos do pé que um dia serviu para que os meus pais me encontrassem entre tantos outros bebês da maternidade.
Gosto de ganhar dinheiro mais do que sinto vontade de gastá-lo…
Nunca tive emprego… Ou nenhum que me fizesse levá-lo a sério por muito tempo.
Gosto de jogos, trapaças e dinheiro fácil. Uma pena enorme eu só dar valor para dinheiro suado…
Sou uma mulher de sorte… Sorte no amor, nos jogos, nos negócios, nas amizades, na família, na vida toda. Acho impressionante.
Gosto de trabalhar horas a fio, gosto de não fazer nada.
Fui dona de um bar de reggae, fui fotógrafa, assistente de leiloeiro. Já vendi videotextos, histórias de amor, pedidos de desculpas, passes escolares, livros escolares usados, geladinhos azuis e bolinhos de chuva. Hoje eu tenho uma editora e ela ainda me faz bem.
Quero aprender a escrever, desenhar e tocar violão, mas a preguiça nunca deixa.
Invento palavras, falo palavrões com muita freqüência e eventualmente me calo e me afasto pra ficar sozinha por um tempo.
Gosto de acordar sem despertador, ficar na cama pensando bobagens e sonhar acordada um fim de semana inteiro…
Não suporto gente fútil, que nunca sabe o que fazer da vida, rebeldes sem causa, riquinhos trapaceiros, pobrezinhos reclamentos e problemáticos de plantão. Essa gente toda me cansa…
Gosto de pessoas com coragem e me apaixono muito fácil por pessoas que me fazem rir, crer e gozar. Momentos de alegria, verdade e prazer… Poucas coisas me parecem mais importantes…
Nunca achei que eu fosse casar, mas foi impossível não casar.
Gosto de dormir abraçada, tenho medo de perdê-lo…
Não gosto do frio nem do calor, gosto de brisa.
Gosto de músicas tristes, das que deixam a gente com vontade de dançar, das que fizeram parte da minha história e das que vão tocar quando eu for embora.
Não gosto de música sem letra, a não ser que seja um tango. Às vezes, é ao som de “Por una cabeza” que sinto a vida passar.
Morro de saudades… E, todo dia, ela me mata um pouquinho.
Nunca olho pra frente… Tropeço com freqüência e me esborracho de dar dó, mas levanto inteira, sempre.
Gosto de chegar em casa e gosto de não ter casa, mas duas idéias andam me perseguindo: ou construo uma fortaleza no meio do nada para viver minha solidão em paz ou compro um apartamento com sacada gigante na Baronesa de Arari só para morrer olhando para os horizontes da Paulista que o mundo todo vê.
Quero ter um jardim com vista para o céu, flores coloridas e uma espreguiçadeira… Um jardim que me faça ficar em silêncio para que eu possa ouvir meu coração.
Quero ter sobrinhos, não quero ter filhos, mas sou capaz de cuidar e amar de quaisquer crianças que por um acaso ou outro forem deixadas na minha porta, sejam elas quantas forem, sejam elas como forem, pelo tempo que for.
Queria ter cachorros e um montão de plantas, mas tenho medo de não saber cuidar de quem precisa de rotina.
Gosto de dar festas, de ver meu passado de vez em quando e de fotografar minha vida.
Já gostei de política, já levantei bandeiras, hoje não tomo mais partido…
Posso passar horas observando a multidão ou uma só pessoa.
Minha mente não pára, minha cabeça me cansa.
Tenho sempre grandes idéias e convicções, mas todas elas mudam o tempo todo…
Falo mais do que eu deveria, escrevo pra tentar compreender o que eu mesma digo e – mesmo assim – muitas vezes me arrependo.
Vivo com pressa… Acho que nasci adulta, que envelheço rápido, que vou chegar nas portas do céu e lembrar que esqueci a porta da minha casa aberta e vou ficar puta.
Digo sempre que não tempo, mas acho que ele escapa pelos vãos dos meus dedos… O tempo todo.
Dentro de mim, sempre morou uma louca inconseqüente que grita e faz estragos irreparáveis. Às vezes, sinto que seria mais fácil se ela não existisse, se fosse embora de vez e me deixasse finalmente em paz. Mas, se essa alma estranha que me habita, se ela se cala ou se desapaixona por muito tempo, sei bem que quando isso acontece o corpo que adoece vai além do meu.
Não acredite se te contarem que entrei em batalhas por grandes fortunas ou ideais de poder, mas sinta-se à vontade para contar toda história de alegria e amor que você viu, ouviu ou viveu ao meu lado.
Sonho cada vez mais com dias de sossego, um bolso mágico onde dele eu possa tirar só e tudo que preciso. Sonho cada vez mais com dia que vou saber amar direito, que não vai mais desperdiçar meu tempo.  Sonho com paixões que me divirtam e prazer que me ilumine.
Sei que vivo enfiada na ilusão tola de viver intensamente e para sempre, mas é somente por medo do sopro de voz que não me deixa esquecer que estou perto do fim.
Sei que sou uma baita de uma sortuda que sempre esteve cercada de gente que me ensina, me cuida e me ergue. Sou e nunca vou deixar de ser grata por cada minuto da existência das pessoas que a vida me deu. Mas, a cada dia que passa, me sinto mais só.



Postado por:Alê Félix
16/10/2002
8 Comentários
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Duda

setembro 18th, 2003 às 13:20

adorei seu jeito de ser e me identifiquei muito…


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Ana

janeiro 2nd, 2004 às 22:49

BAh.. muito parecida…
sério..!!!
Vou “te ler” .. com sua licensa…
=****


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Dani

abril 13th, 2004 às 16:09

impressionante, se eu fosse escrever um texto sobre mim mesma creio que não o faria tão bem quanto você o fez… A
identificação com tudo o que você escreveu foi inevitável… muito semelhantes… porém ainda insisto em ter plantas
em casa, mesmo não cuidando tão bem delas como deveria e eu gostaria que a minha casa tivesse vista para o céu, e
para o mar…


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Dan

julho 15th, 2004 às 1:00

Nossa, moça….vc realmente me impressionou. Infelizmente só agora passei a conhecer seu blog. Vi o link nos
templates do Máximus. Posso dizer francamente e sem medo q fiquei apaixonado pela sua mente. Gostaria muito de saber
como fazer para acessar esse seu chat. Não sei é verdade q vc vai dar fim a este espaço. Seria uma pena. Parabéns
por uma mente brilhante, precisamos de pessoas assim, francas e diretas. Pessoas q tem coragem de dizer o q pensam,
mesmo q seja num blog. Um grande abraço.


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Dan

julho 15th, 2004 às 1:01

Nossa, moça….vc realmente me impressionou. Infelizmente só agora passei a conhecer seu blog. Vi o link nos
templates do Máximus. Posso dizer francamente e sem medo q fiquei apaixonado pela sua mente. Gostaria muito de saber
como fazer para acessar esse seu chat. Não sei é verdade q vc vai dar fim a este espaço. Seria uma pena. Parabéns
por uma mente brilhante, precisamos de pessoas assim, francas e diretas. Pessoas q tem coragem de dizer o q pensam,
mesmo q seja num blog. Um grande abraço.


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ana carolina

agosto 7th, 2005 às 21:31

adorei vc, me identifikei muito, sinceramente ja tinha passado muitas vezes pelo seu blog, lia uma coisas e fexava,
mas hj decidi ler desde o começo, ta no meu favoritos enfim!


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João

janeiro 1st, 2006 às 14:52

É primeiro de Janeiro…
Nem sei bem como cheguei até vc…
Lembrei…
Uma música triste me troxe até aqui…
Um feliz 2006 onde quer que vc esteja…
Por instantes…
Estive com vc…
Um beijo terno.


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Papi

abril 7th, 2006 às 11:46

Vai tomar no cú. A sua felicidade e a sua facilidade em ganhar dinehiro e fazer os outros de trouxas me enche o
saco. Vai te fuder com a tua sorte.


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